RESENHA CRÍTICA EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E REDES: UMA NOVA ABORDAGEM

VALE*, Gláucia Vasconcelos; WILKINSON**, John; AMÂNCIO***, Robson. Empreendedorismo, Inovação e Redes: Uma nova Abordagem. RAE-eletrônica, v. 7 n. 1, Art. 7, jan./jun. 2008. *Doutora em Administração pela Universidade Federal de Lavras Interesses de pesquisa nas áreas de empreendedorismo, redes organizacionais, competitividade, estratégia e desenvolvimento.**Doutor em Sociologia pela Universidade de Liverpool e Pós Doutorado em Sociologia Econômica pela Universidade de Paris XIII. Interesses de pesquisa na área de sociologia econômica.***Doutor em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Interesses de pesquisa nas áreas de gestão social e ambiental e economia do meio ambiente.

Aleksandro Benício da Silva Lambert

Rosilene Feiteiro de Melo

Em primeiro plano, ao analisar o empreendedorismo na criação de rede e no olhar literário dos autores do artigo, percebe-se uma escola clássica com um dos principais conceitos de empreendedor, é o agente capaz que criar redes entre aqueles que o rodeia. Capaz de criar conexões que geram valor para todos que participam da transação. É uma pessoa que cria vínculos no seu âmbito de vivencia, fazendo acordos entre eles. Nesse modelo o empreendedor é visto como o agente que faz a conexão entre os meios, trazendo o equilíbrio para o sistema que o rodeia, unindo recursos que ate então estavam espalhados.

Em segunda análise, com o passar dos anos esse mesmo personagem ficou caracterizado por quebrar barreiras que até então ninguém tinha desbravado, ganhando mais uma característica como a de Visão. Visão essa considerada uma vantagem competitiva, pois o primeiro a ter uma ideia e colocá-la em pratica pode se beneficiar dos recursos disponíveis antes dos demais.

Assim, a visão está diretamente relacionada à inovação e o empreendedor é por natureza um agente de mudança, segundo o autor Schumpeter (2005) existem cinco diferentes tipos de inovação: i) introdução de novos produtos no mercado ou de produtos já existentes, mas melhorados; ii) novos métodos de produção; iii) abertura de novos mercados; iv) utilização de novas fontes de matérias-primas; e v) surgimento de novas formas de organização de uma indústria.

Mediante isso, com a inovação vem o novo modelo de empreendedor com uma faceta voltada aos métodos econômicos e que nesse momento o agente anda de mãos dadas com o sistema capitalista. O capitalismo alimenta a procura de novos empreendedores, dando recompensas para aqueles que alcançam o sucesso e servindo de exemplos para os novos.

Neste contexto, na atualidade o perfil de empreendedor é a pessoa com novos modelos de negócios ou melhoramento de negócios atuais, ele vem com uma pegada tecnológica com ferramentas que antes não havia disponibilidade. Trazendo para o mercado novos produtos e aplicativos para comodidade do dia a dia.

Neste caso, ao analisar o histórico sobre o empreendedorismo percebe-se que o empreendedor era classificado como a pessoa com a habilidade de se conectar com outras pessoas. E uma das características do capitalismo da época era a necessidade de colaboração entre os agentes.

Até o século passado o empreendedor era conhecido como o sujeito apto a conectar pessoas e ferramentas que ante então estavam separados. Representa vários grupos de pessoas e com isso unem-se a um propósito em comum. Na época como foi citado por Barth (1996), o empreendedor era conhecido como a pessoa que ia a territórios desconhecidos, criando novos laços, rompendo barreiras para gerar negócios.

Outro dado interessante foi o de compreender que o empreendedor não fazia negócios somente na sua empresa e que ele não precisa necessariamente da empresa para fazer contratos. E isso ficou claro na concepção de Coase, o empreendedor existia para criar a conexão entre o meio que atua, seja dentro ou fora da empresa, utilizando os recursos que tem disponível para isso, ele é o agente de intermediação para que o negócio ocorra.

Já para Leibenstein (1968) o empreendedor é a pessoa que tem a habilidade de buscar oportunidade a onde ainda não há concorrência. Para aproveitar a demanda que já existe e que não é saciada. Com isso desfruta de ser o primeiro a chegar com o negocio e aproveitar dessa vantagem conquistada. O escritor Burt concorda com Leibenstein no fato do empreendedor ser o primeiro a buscar uma oportunidade e um novo território, e dar uma maior explicação quanto a vantagem competitiva que esse tem sobre os demais, para ele o primeiro a chegar cria uma ligação com os povos que ali reside que os demais concorrentes terá que lutar ainda mais para conquistar para assim ter um retorno no negócio. O empreendedor é a pessoa com a habilidade de agregar valor a um produto existente como, por exemplo, existem varias pessoas que vem laranja para seus consumidores fazem o suco de laranja em casa, o empreendedor percebe isso e vende o suco pronto ao invés de disputar o espaço das vendas da laranja.

Há também a concepção do empreendedor como o agente de transformação e inovação, que nos dias atuais tem ganhando vasto espaço com o crescimento econômico. Para pensadores como o Schumpeter, o empreendedor é responsável pelas mudanças que há no mercado, sempre buscando novas oportunidades no mercado com uma nova face, gerando o crescimento econômico atrás do novo.

O empreendedor tem papel principal para manter o capitalismo funcionando, com isso ele busca novas tendências. Para Metcalfe, o empreendedor e o capitalismo estão em constante desequilíbrio e é justamente isso que faz a inovação acontecer, surgi assim novos conceitos, paradigmas, e uma nova forma de viver. Como foi dito em uma frase por ele “como o sistema não pode, jamais, estar em equilíbrio, pois o conhecimento não pode nunca estar em equilíbrio.” Considerando essa questão a mente do empreendedor é uma constante inquietude, e essa que gera toda a inovação, o empreendedor usa da visão para analisar em sua imaginação objetos e idéias que podem ajudar no cotidiano da sociedade.

Em linhas gerais, como analisado, a primeira proposta do empreendedor como o agente de conexão, onde liga varia pessoas ao mesmo projeto, foi muito apreciado nos séculos passados, sendo visto como a pessoa com carisma e liderança, e essa liderança fez com que muitas pessoas se voltassem ao empreendedor para estudo. E com isso gerou pergunta: como uma pessoa pode cativar tantos no mesmo objetivo? Percebe se que todo empreendedor é uma fonte de motivação, o simples fato de a equipe ter por perto o líder, já faz com que tenham um desempenho superior.

A sinergia passada pelo empreendedor foi um dos grandes responsáveis por essa característica da conexão. Fazer com que pessoas de gêneros diferentes, raças distintas, religiões diversas se juntem para lutarem lado a lado em prol de algo maior, utilizando ferramentas que ate então eram passadas despercebidas em setores que ninguém dava atenção. Esse líder é a pessoa responsável muitas vezes por desabrochar capacidades incríveis em seus colaboradores, capacidades essas que já estavam à amostra e que ninguém antes tinham as utilizadas de forma correta.

Gerando equilíbrio e harmonia como em uma orquestra a qual cada instrumento tem seu papel e timbre, e que juntos formam uma sinfonia harmoniosa. Nesse modelo tem a ênfase na falta de competitividade entre as empresas, pois ainda havia muito espaço entre eles para crescerem em aproveitarem o comercio. A preocupação estava em saber utilizar da forma mais eficaz todas as vantagens disponibilizadas pelo Capitalismo que ainda estava em processo de aprimoramento com as revoluções industriais da época. Comparado a uma guerra com conquista de território onde o primeiro a chegar tinha sua vantagem garantida aos demais concorrentes.

No segundo exemplo analisado no texto, o empreendedor está ligado a figura do gênio inventor, a pessoa que ver alem de seu tempo, usando uma imaginação para criar a ideia e a racionalidade para pô-la em pratica. Nesse caso ele vai muito alem de apenas conectar, ele cria, ele gera novos conceitos e metodologias que ate então ninguém era capaz de enxergar, uma pessoa visionaria.

A visão pode ser citada como principal capacidade para esse modelo. Responsável por uma grande parte dos avanços da sociedade. Ao parar para refletir sobre o impacto da inovação percebe que a geração Z tem uma vida futurística comparado a meio século atrás, o mundo cresceu em conhecimentos e isso tem seu reconhecimentos a pessoa do empreendedor que fez tudo isso existir, tirou do sonho e transformou em realidade.

A prova dessa inovação é a sociedade atual, rodeado de aplicativos para criar amizades, para compras, para transporte, será raro encontrar alguém levando uma carta escrita a mãos para os correios, basta pegar o celular e usar o whatsapp para entrar em contato com outra pessoa que pode está do outro lado do globo, a tecnologia tem avançado constantemente, e principalmente com a ajuda dos empreendedores presentes em empresas.

E essas hoje investem grandes capitais em invenções que trarão novos significados para o futuro, essas empresas não querem mais funcionários, elas querem empreendedores que reinventem o modo de viver da sociedade, que os produtos gerem valor para aqueles que o usem, criarem novos hábitos aos seus usuários.

E por fim a união entre esses dois pensamentos trazer o empreendedor que em suas capacidades de conectar e motivar pessoas com o empreendedor capaz de criar novas idéias, produtos e conceitos. Ter um ser completo onde ele terá mais habilidades com as pessoas e ainda gerará mudanças de paradigmas.

O empreendedor que busca na historia todos os conceitos que o designam e os colocam em pratica tem uma vantagem competitiva no mercado atual, pois estará à frente com a sinergia das pessoas o ajudando para alcançar seus objetivos e alem do mais tendo a visão e criatividades para ver além do tangível. Quanto mais atributos o empreendedor tiver em seu leque maior será sua facilidade para se posicionar no mercado.

REFERÊNCIAS

BARTH, F. Themes in economic anthropology, Londres: Tavistock, p 149-174, 1996

BURT, R. Structural holes versus network closure as social capital.. In: LIN, N. COOK, K. E.; BURT, R. S. (Ed.). Social capital: Theory and research. New York: Aldine de Gruyter, 2001.

LEIBENSTEIN, H. Entrepreneur and development. The American Economic Review, v. 58, n 2, p. 72-84, 1968.

METCALFE, J. S. The entrepreneur and the style of modern economics. In Seminário Brazil On Development. 2003, Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.

SCHUMPETER, J. A. Development. Journal of Economic Literature. v. 43, n. 1, p.108-120, 2005.

Roselameira e Aleksandro Benício da Silva Lambert
Enviado por Roselameira em 21/04/2020
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