FORMAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL DO BRASIL ©

A presente reflexão objetiva ampliar o conhecimento quanto à formação política e social do Brasil, por se fazer necessário hoje em dia o envolvimento em problemas como o preço dos combustíveis, ou da mensalidade escolar, por exemplo, só pra ficar por aqui.

Faz um paralelo entre a cultura dos povos que formaram nossa civilização e a influencia que têm nas relações e na estrutura de poder dentro das empresas hoje, destacando seus pontos positivos e negativos.

Realizada com base principal no texto: “A casa grande e a empresa” e no longa-metragem: “Quanto vale ou é por quilo”, como também através do levantamento, leitura, analise e compreensão da bibliografia citada e de pesquisa em sites.

É mister uma compreensão dos fatos que nos cercam, ampliando o poder de intervenção, tornando-o muito mais qualificado nas decisões políticas que dizem respeito poder, hierarquia ou outros normas que venham afetar direta ou indiretamente a vida do cidadão individualmente ou socialmente.

Objetivando o desenvolvimento de uma reflexão sobre o tema apresento minhas considerações sobre a estrutura de classes e o relacionamento entre elas.

As relações de trabalho na sociedade brasileira atual trazem um pouco da exploração da mais valia que existia no século XVII. A forma como eram tratados os escravos e as finalidades a que serviam no passado, enraizaram profundamente na consciência da sociedade brasileira transformando a natureza humana moldando valores de uma forma tal que ainda hoje há marginais que sofrem humilhação e desgraça dessa situação, tornando-se cada vez mais animais, sem uma perspectiva sequer de saída desse estado que se encontram.

A origem e formação da nossa sociedade foram espelhadas na sociedade européia reservando as distinções. Esta fundamentada na dominação dos escravos pelos senhores em conluio da igreja, berço dos poderosos. Essa semelhança segundo Neves é um pouco pela aptidão que possuíam os colonizadores, ou as tradições nas colonizações, refletindo no “ócio e na a vida reclusa encontrada no Brasil pelas senhoras européias que faziam delas mulheres extremamente amarguradas” (Neves. 2002).

“Os filhos dos senhores foram crianças mimadas, educadas para serem herdeiras do poder. Já os filhos dos escravos, desde cedo aprenderam a servir e a serem castigados” (Neves. 2002).

Pra que a liberdade? Quando se esta presa nas dificuldades, nas angustias, na falta de perspectiva. As pessoas da classe inferior dentro da estrutura de poder instituído vislumbram um futuro improvável, porém a certeza desse destino esta em suas mãos, quando decidem que produto ou serviço irão utilizar, ou qual governante querem no comando, exercendo assim o direito a cidadania plena, sem tornarem-se objeto de manipulação das instituições de caridade, onde sugere que o lucro é mais importante que a solidariedade, conforme mostrado no filme Quanto Vale ou é Por Quilo, de Sergio Bianchi, 2005, rescindindo assim a barreira da marginalidade do analfabetismo e da sobrevivência, fazendo com que a inclusão social de verdade aconteça, ai poderão orgulhar-se de ser uma nação miscigenada, uníssona e jubilosa.

A realidade atual não difere do passado, conquistaram a liberdade, contudo ainda vivem sem dignidade, sem realização, sem oportunidades, sem perspectiva e o pior de tudo isso é que muitos acham que são livres e fazem o que querem, no entanto seguem o mesmo padrão de consumo estabelecido pelos enganadores de plantão que visam prioritariamente o interesse pelo lucro. "O que vale é ter liberdade para consumir, essa é a verdadeira funcionalidade da democracia". Proferida pelo ator Lázaro Ramos, em "Quanto vale ou é por quilo?", filme de Sérgio Bianchi.

Os dominadores sempre andaram na contramão da história, haja vista que até onde se conhece de alguma forma sempre tiveram dominadores e dominados, e nossa civilização vive em uma condição de aceitação passiva do continuísmo dessa dominação através dos dominadores estabelecidos no “poder” e dos dominados, utilizados como “massa” de manobra para manter os privilégios temos que viver nossa cidadania na sua plenitude.

Mesmo sendo a minoria absoluta que assim pensam, visto que são até então a incapacidade de perceber o seu poder para decidir qualquer coisa dentro ou até se duvidar fora do nosso país, já que tomaram a “liberdade”, mas ainda vivem a democracia de forma incipiente. Chegou à hora de experimentar a soberania popular como dispõe a Carta Magna “todo poder emana do povo e para o povo volta”. (CF.1988).

A cultura autoritária, patriarcal e dominadora, é considerada como um ponto negativo nessa relação, bem como a estrutura do poder, a divisão hierárquica e social e suas variantes, a ociosidade e a exploração, essas desigualdades cultural e social se refletem na política e econômica, reduzindo o direito de cidadania.

"A divisão social revelada por Gilberto Freyre em Casa-Grande & Senzala é reproduzida na divisão hierárquica das empresas presentes no Brasil por uma questão cultural" (NEVES, 2002).

“Uma rede de concepções, normas e valores que são tomados por certos e que permanecem submersos à vida organizacional”, como diriam os pesquisadores Janice Beyer e Harrison Trice. Sobre “cultura organizacional”, a dupla afirma que “para criar e manter a cultura, essas concepções, normas e valores devem ser afirmados e comunicados aos membros da organização de uma forma tangível”. Isso de daria por meios dos ritos, rituais, mitos, estórias, gestos e artefatos (NEVES. 2002).

O individuo vive hoje alienado com seu individualismo, sua insensatez seu egoísmo numa vida quase virtual. “Virtual é um local que imaginamos algo que não podemos pegar tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse... que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos! Não se importando se farão parte ativa ou passiva da história ou estória, o que importa é sobreviver (VMAR. 2007).

Quando se fala em desigualdades sociais e pobreza no Brasil, não se trata de centenas de pessoas, mas em milhões que vivem na pobreza absoluta. Vivemos em uma sociedade que apresenta dois extremos dentro das relações empresariais: um é o capital com produção de novas tecnologias para o mercado gerando cada vez mais prosperidade para os empresários e o outro é o trabalho assalariado que permanece na pobreza quase que absoluta, na luta pela sobrevivência, e essas pessoas sobrevivem apenas com 1/4 de salário mínimo no máximo!

Observou-se que mais de 50% da população ativa brasileira ganha até dois salários mínimos. Índices apontados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística). Visando chamar a atenção sobre os indivíduos miseráveis no Brasil. Mas não existem somente pobres no Brasil, pois cerca de 4% da população é muito rica. O que prova a concentração maciça da renda nas mãos de poucas pessoas.

A manutenção desse estado de miséria e pobreza quase que absoluta que vivem os herdeiros dos excluídos, hoje tratados como animais e vivendo à margem da civilização, é importante para os que querem manter-se no poder, os herdeiros dos afortunados senhores feudais, com uma visão puramente economicista conforme retratado no longa, Quanto vale ou e por quilo? Mostra também o sentimento de culpa de algumas pessoas sendo “extraído” pelo deleite da caridade aos miseráveis, enquanto que outras usam as “vitimas” como mercadoria, fazendo de tudo para manter o seu “bem de capital”, ambas não se preocupam com a origem, nem têm a intenção de acabar com os problemas sociais.

Hoje, o que se preza nas empresas são as alianças políticas, mas, sem confundir com bajulação.¹ Liderança, talento, capacidade técnica e gerencial ajudam.² Em qualquer lugar que pretenda chegar terá que lidar com a política, Goste-se ou não é bastante simples, a ação política entra em cena no instante que se constrói os laços sociais, que não são apenas racionais, afirma o Professor Renato Jasão. Ela esta presente em todas as relações interpessoais e intergrupais dentro da empresa têm seu lado nobre e não é sinônimo de mau-caratismo, na divisão hierárquica, na estrutura de poder, na estrutura do espaço, portanto, é o divisor e o agregador.

¹ Tiago Lethbridge, Política e politicagem nas empresas. Revista Exame. Ed.853:39. n.20. 12. 10. 2005. Editora Abril. São Paulo, 2005.

² Marcus Torres, Política e politicagem nas empresas. Revista Exame. Ed.853:39. n.20. 12. 10. 2005. Editora Abril. São Paulo, 2005.

Cultivar e oferecer o sentimento de solidariedade e não de caridade, estabelecer relações solidas com base em valores morais, possuir uma concepção ética, são sem dúvida alguma, um grande passo à frente nesse caminho.

Por um lado as pessoas evidenciam uma passividade que é caracterizada como forma de não enxergar o conflito que está posto no cotidiano brasileiro. É preferível conceber que o choque ainda não começou à “promoção” do conflito, por outro lado há um grupo de empresários preocupados com as questões sociais e ambientais, estamos vivendo numa democracia antropofágica. O que essa realidade de disparidades sem o embate ou o constrangimento pode trazer? E para onde vai levar? Essas indagações são colocadas de propósito para reflexão de cada um. O que não se deve nunca é deixar de sonhar, sonho que se sonha junto é realidade.³

Há uma semelhança entre a divisão social e hierárquica e a estrutura de poder no Brasil hoje em dia e a divisão e estrutura que foi criada entre senhores e escravos na casa grande e senzala, como descreve o escritor Gilberto Freire em sua obra Casa-Grande & Senzala, permaneceram viva ao longo dos séculos na consciência de cada um dos grupos sociais estabelecidos, convivendo em equilíbrio entre si, mesmo havendo alguns momentos de conflito, o que não leva a mudanças radicais de comportamento ético e moral no sentido de liberdade absoluta, não essa pseudo liberdade que vivemos, com dominadores e dominados, opressores e oprimidos, capital e trabalho, patrões e empregados, ricos e pobres, muitos vivendo na ilusão de que temos uma sociedade justa, e que a capacidade individual de cada um será o diferencial proposto para criar a qualidade de vida necessária, entretanto, às condições e oportunidades não são justas nem congruentes.

A sociedade atualmente cultiva o que de pior se pode extrair da antropologia atávica: autoritarismo; concentração de renda; desigualdade; domínio; egoísmo; empreguismo; exclusão; exploração; inferioridade; marginalidade; pobreza; revanchismo; solidão; dentre outras, a aceitação da condição de inferioridade tem origem na dominação estabelecida entre os povos que formaram a sociedade brasileira. resultando nas diferenças e desigualdades vividas atualmente, como é mostrado por Sérgio Bianchi no seu filme, mas, o mais importante de tudo isso é que mesmo com toda opressão do poder e as humilhações que sofreram as classes inferiores na hierarquia de poder constituído, ainda permaneceu viva na consciência de alguns o desejo de liberdade e a vontade de lutar por seus direitos à cidadania, e esse reflexo nós estamos vendo hoje nas pessoas que tentam, mesmo que tardiamente, melhorar a ética e a moral dentro e fora das empresas.

Numa visão simplesmente antagônica pode-se notar que tudo na vida tem dois lados ou mais de um ponto de vista, nesse sentido, se vive em um momento circunstancialmente maravilhoso da era humana, a situação atual é imprevisível e prazerosa, pois além da mudança do milênio, vista por muitos como algo especial, virá pela frente uma mudança de consciência, sejam pelo próprio desenvolvimento cultural, político ou social do indivíduo, ou forçada pelas catastróficas previsões que o futuro próximo desvenda, e por sermos os principais atores desse processo de mudanças que ocorrerão nos tornamos ainda mais responsáveis por essa transformação de princípios, valores e ideais, tendendo a busca de uma natureza humana mais saudável, justa e solidaria.

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