PADRE ESQUECIDO PELO TEMPO

Ao ver a foto da Igreja de São José, feita pelo nosso amigo Valter Moura, postada nas redes sociais; não me contive em perguntar se lá ainda está o túmulo do Padre Chiquinho, falecido na década de 70.

O amigo me confirma que sim, mas que, com as mudanças, até o cordão de isolamento da lápide foi retirado.

O piso fica então livre aos transeuntes fiéis, e a ele me dirigi para salientar o seguinte:

Valtinho Moura é assim que lentamente se apaga uma memória…

Na verdade já está 90% apagada... pouca gente se lembra do padre Aranha... Chiquin... o Padre Francisco Van Kemenade que construiu muita coisa, menos o nome sólido para ficar guardado nas lembranças dos fiéis da Matriz de São José…

Este saudoso, no dia da sua passagem para a eternidade, foi motivo de uma grande procissão que conduziu seu corpo pelas ruas da cidade. O comércio cerrou as portas em respeito ao cortejo e o luto se estendeu por 7 dias. Foi inclusive, motivo de reunião dos Edís que quisera naquela sessão homenagear aquele, que deveria ter sido reconhecido em vida, pelo menos com o título de cidadão honorário conselheiropenense…

Decidiu a Câmara Municipal, que diante da morte do Vigário querido nessa municipalidade, a partir dessa data, teria o seu nome dado in memória à praça da matriz de São José, que por um pouco de tempo foi chamada de Praça Padre Franciscus Van Kemenade (Padre Chiquinho). E como é de costume geral, poucos dias depois já nem se falava mais no falecimento do padre, muito menos no nome dado à praça central da cidade.

A vida na cidade segue seu cotidiano e no mesmo passo o esquecimento que é substituído pelos afazeres do dia seguinte. A cidade esqueceu ou não fez questão de reverenciar o nome daquele que como outros tantos, escrevem sua história com trabalho…

A retirada da corrente que protegia o túmulo, onde nada mais existe que um cadáver em transformação para o pó; mostra que quem não conhece, possa desrespeitar pisando sobre a lápide sem cerimônia.

Os filhos dessa terra, que veem da nova geração, sequer sabem que Chiquinho deixou seu legado nas muitas edificações do lugar. Merecia bem mais que uma simples sepultura à direita do altar-mor da Igreja da Matriz de São José, que por sinal mudou de posição, sem preservar o ambiente inicial do sepulcro.

Morreu um dia o Padre, e lentamente apaga a memória desse estrangeiro que adotou Conselheiro Pena-MG como seu recanto pátrio e ali deu a vida, sendo sepultado para o descanso eterno e desprezo coletivo do Memorial e da sua memória.

As gerações mudam e os feitos se apagam com o tempo. Não há hipocrisia nisso, pois estamos lidando com o ser humano. Isso é mais que natural, porém inconcebível!

Estou deveras pasmo com tamanha falta de consideração e desdém.

André Almeida
Enviado por André Almeida em 23/01/2020
Reeditado em 26/01/2020
Código do texto: T6848594
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