Os animais gigantescos de Poul Anderson

OS ANIMAIS GIGANTESCOS DE POUL ANDERSON
Miguel Carqueija

Foi em 1961, aos 12 ou 13 anos, que li pela primeira vez um conto de Poul Anderson, “Punhalada nas costas”, que saiu em um número da revista policial Meia-Noite, ou na X-9, ambas eram publicadas pela Rio Gráfica. Mas eu era muito novo e ainda não me preocupava muito com autores. E a revista em questão nem sei como apareceu lá em casa. O conto por sinal era ótimo e com um detetive nipo-americano.
Em 1964, na revista Meia-Noite (que eu passei a ler assiduamente) saiu outro conto de Anderson, já não policial mas de ficção científica, “Os gigantescos animais”. Era tão entusiasmante que me interessei em ler mais do mesmo autor, que descobri ser um dos grandes da FC.
“Os gigantescos animais” é um conto longo e aliciante, passado há cem milhões de anos atrás. Gira em torno de certo Herries, oficial comandante de uma expedição temporal norte-americana que retira petróleo do passado e o remete para o século 20. Contudo está insatisfeito porque o governo não envia canhões atômicos e o risco com os dinossauros é muito grande.
“Estava chovendo novamente e o ar cheirava mal devido ao pântano. Herries podia ver apenas os enormes guindastes a dois quilômetros e ouvir o barulho de seus motores. Mas adiante, um brontossauro gritou.”
Certo Symonds, chefe burocrático da missão, na verdade é um monitor do governo, que sabe o que se esconde por trás de tudo. No século 20 a situação política é instável, com uma guerra prolongada no Oriente Médio e ameaça de guerra atômica. Era o tempo da guerra fria entre EUA e União Soviética.
As instalações tinham de ser protegidas continuamente dos ataques de répteis e isso vai deixando Herries cada vez mais revoltado com o que lhe parece ser descaso das autoridades.
“Os carnívoros menores, do tamanho de um homem, eram culpados da maior parte das perdas. Sua vida como réptil era muito difusa. Mesmo mortalmente feridos por um disparo de carabina de matar elefante ou pelos fragmentos de uma granada, poderiam mostrar-se enfurecidos durante horas.”
Quando Greenstein, um rapaz simpático que Herries apreciava, e que tinha uma namorada no futuro, morre em consequência do ataque de um tiranossauro, Herries perde a paciência e resolve descobrir a verdade a qualquer custo. O que estavam escondendo e por que os 500 homens enviados ao Jurássico não podiam receber armas mais pesadas?
Um conto fascinante e verdadeiramente exemplar. Posteriormente, em 1965, foi republicado acompanhando o romance “Ciclo: Zero”, de Peter Randa, nº 2da Coleção Galáxia (de bolso) da mesma editora.

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2019.



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