LIMIT volume 5: a tragédia ainda espreita

LIMIT volume 5: a tragédia ainda espreita
Miguel Carqueija

Resenha do volume 5 do mangá “Limit”, de Keiko Suenobu. Editora JBC, São Paulo-SP, 2015. Editora kodansha, Tóquio, Japão, 2011.Tradução de Fernando Sato Mucioli.


Com certeza o título deste mangá é perfeito. A autora explora com muita inteligência os limites humanos em situação extrema de abandono na natureza, penúria, choque de personalidades e morte, onde afloram partes boas ou ruins das pessoas, antes adormecidas. Sobretudo é patente a melhora da personagem Misuki Konno, que tendo sofrido o “bullying” na escola optou por seguir a onda e até praticou ela própria o “bullying” contra Arisa Morishige, a menina traumatizada pelos maltratos do pai (contra ela e sua mãe) e que ainda por cima era o bode expiatório da turma. Entretanto agora Konno está profundamente arrependida dos erros que cometeu. Surge porém um novo e gravíssimo problema. Hinata, o garoto que se juntou depois ao grupo de sobreviventes, por uma série de indícios é descoberto pela Konno como a pessoa que realmente estava com a foice. Tomado de pânico Hinata tenta estrangular Konno e ameaça as três sobreviventes, chegando a ferir Kamiya com a foice — pois mesmo tendo morto Usui acidentalmente, já que a mesma portava a foice e estava insana, ele agora não quer ser identificado como assassino e pensa em fazer uma total “queima de arquivo”.

Eu percebi algo. Talvez o Hinata esteja mentindo para a gente.”
(Misuki Konno)

“Você definitivamente não vai conseguir fazer isso. Eu não vou permitir.”
(Chieko Kamiya)


A sequência mais dramática é quando Hinata, tendo escondido a verdade sobre Usui — ele não queria matá-la mas ela o atacara com a foice e, na luta, acabara caindo sobre ela — achou-se obrigado a inventar mentiras para esconder a primeira e ao colocar indícios incriminatórios contra Haru provocou indiretamente a sua morte, pois Haru, em pânico, até acreditando ser assassina, cai de um penhasco. Com a verdade descoberta Hinata, tomado de pânico homicida, acaba ameaçando as três garotas restantes com a foice, e Morishige chega a avistar por trás dele a ominosa silhueta do demônio (tentador).
Porém a loucura assassina de Hinata cede lugar à apatia e ele procura mostrar que não matou Usui, apenas temeu ser acusado de sua morte.
É realmente angustiante este quinto e penúltimo volume, onde o clima é de história policial.

Rio de Janeiro, 6 de abril de 2019.