O ofício do historiador

O ofício do historiador:

Da busca pela fonte ao diálogo

A História, por muitos anos aqui no Brasil, teve sua área de atuação limitada à sala de aula, o que, de fato, não é pouco. Mas, não se trata de uma crítica à maestria de formar consciência de classe e preparar cidadãos para o mundo.

A ideia é mostrar que a História abrange muito mais do que “dar aulas”. Vai além, inclusive, de curadoria de exposições em museus. Há muito a ser pesquisado, (re)escrito discutido, e, porque não, descoberto. Ao contrário do que se pensa no senso comum, a tecnologia não vem para destruir a História, nem teria como, uma vez que ela é produto da necessidade humana de melhorar as condições para sua própria sobrevivência. Já a História acompanha essas transformações, interpretando a intervenção tecnológica como um processo de ruptura (isto é, de fato algo novo) mas que dá continuidade à sobrevivência humana, diferente de um processo de extinção, por exemplo.

Todo e qualquer passo dado pelo homem, desde a invenção de um novo objeto para a higiene pessoal à expansão de uma micro para uma macro empresa, é objeto de estudo para a História. O objeto de estudo é o próprio homem no tempo, sendo este apenas um delimitador lógico para compreender estas transformações.

Assim sendo, percebe-se uma expansão de campo de atuação para o historiador, ao mesmo tempo em que é quase nula a possibilidade de haver uma “convergência” dessas possibilidades de atuação na prática.

O diálogo com a fonte, primária (contemporânea ao fato) ou não, é um importante passo para dar credibilidade à pesquisa histórica. Não se pode limitar esse processo, quanto mais houver esse diálogo, com leituras, anotações e quanto mais fontes houver, melhor para a pesquisa. No entanto, antes de defini-las é necessário escolher o tema (objeto de pesquisa) e definir a problemática (a pergunta a ser respondida) e os objetivos ( geral: base para responder à problemática e os específicos: que definem os parâmetros temáticos) além da metodologia (o caminho a seguir para responder à problemática).

Portanto, é amplo o campo de atuação que impossibilita a restrição de possibilidades afim de esgotar a História. Sem mencionar que, de tempos em tempos, a necessidade de reescrevê-la, seja pela reformulação de hipóteses, seja pela necessidade de aprofundar a pesquisa, não se fala em uma história definitiva. Inclusive, a própria designação “história”, é produto de uma supremacia cultural, que discutirei em um momento oportuno.

Marcel Franco Lopes

Historiador (UTP)