"Y: o último homem", com roteiro de Brian K. Vaughan e artes de Pia Guerra, José Marzan Jr. e Goran Sudžuka: uma discurssão sobre o papel da mulher num futuro distópico onde homens não existem
"Y - O Último Homem", ficção científica distópica, escrita por Brian K. Vaughan e ilustrada por Pia Guerra, vencedora de três prêmios Eisner. Na história, uma praga de origem desconhecida mata, em questão de segundos, todos os seres vivos com o cromossomo Y. Todos os homens do planeta morrem, assim como todo macho de toda espécie. Espermatozoides congelados em clínicas de fertilidade são destruídos e, mulheres grávidas de meninos, no mundo inteiro, sofrem um aborto instantâneo. Cabe agora às mulheres conduzir um mundo mergulhado no caos. Porém, dois machos sobrevivem: um jovem americano chamado Yorick e seu macaco de estimação, Ampersand. A presidente interina dos EUA, ao saber disso, determina que ambos sejam levados até o laboratório da maior geneticista do planeta, para investigar como eles sobreviveram e, utilizando técnicas de clonagem, salvar a humanidade. Para protege-los, ela designa uma agente, de apelido 355. No caminho, cheio de cadáveres e com estradas intransitáveis, eles lidarão com todo tipo de ameaças. Entretanto, Yorick, mais do que salvar a humanidade, está mais preocupado em encontrar a namorada, que está do outro lado do mundo, num intercâmbio na Austrália, e com quem não conseguiu falar desde a praga.
"Y - O Último Homem", ao término da leitura do todos os volumes, é uma obra faz refletir sobre o quanto de espaço às mulheres já conquistaram no mundo, deixando claro que um longo caminho ainda é necessário para uma real igualdade de gênero. Na maioria das áreas-chave do mundo, as mulheres ainda precisam lutar por seu espaço. Afinal, na história, a morte dos mais de 2,9 bilhões de homens (38% da população mundial) significou à interrupção quase total das indústrias, das comunicações, da geração de energia, da pecuária e da agricultura, visto que homens dominam essas áreas. 495 dos 500 CEOs mais importantes do mundo morreram, assim como 99% dos proprietários de terra. Só nos EUA, mais de 95% de todos os pilotos comerciais, motoristas de caminhão e capitães de navio morreram. Internacionalmente, 99% de todos os mecânicos, eletricistas e pedreiros se foram, assim como 49% da mão de obra agrícola. 85% dos representantes de governo (e a maior parte dos políticos) estão agora mortos… e também 100% dos sacerdotes católicos, imãs muçulmanos e rabinos judeus ortodoxos. A atividade econômica entra em colapso, visto que a maioria dos trabalhadores em bolsas de valores e bancos são homens. Com isso, o dinheiro deixa de circular em quase todo o mundo. A violência toma conta das ruas visto que a maioria dos policiais, seguranças, bombeiros, vigias e militares está morta, aliada à escassez de alimentos, produtos de higiene pessoal e recursos em geral. Até mesmo a maioria da população carcerária morre. Contudo, uma coisa boa: as guerras religiosas são interrompidas.
Inadequada para menores de 18 anos, a obra foi lançada originalmente em 60 revistas. Aqui no Brasil, foi lançada anos atrás pela Panini, em 10 volumes encadernados. Atualmente, a editora está relançando em 5 grandes volumes. Ao longo da obra, outros temas importantes são abordados como o preconceito, a homossexualidade (feminina, principalmente), o fanatismo em todas as formas e a ética médica. Há também uma forte crítica ao feminismo radical. O final da história é forte, mas magnífico. Recomendo muito!
(GUERRA, Pia; MARZAN, José, Jr.; VAUGHAN, Brian K.: arte de Pia Guerra; arte-final de José Marzan Jr.; cores de Zylonol Studio; letras de Daniel de Rosa; roteiro de Brian K. Vaughan; tradução de Érico Assis. Y: o último homem # 1-10. Barueri: Panini (DC Comics/Vertigo Comics), 2012, 170 páginas em média)
P.S.: Resenha escrita em 2016.