RESENHA "IRMÃOS KARAMAZOV", DOSTOIÉVSKI

O romance "Irmãos Karamazov" - ou "Bratya Karamazovi ", no seu idioma original - , foi escrito em 1880, sendo o último de Fiódor Dostoievski. A edição resenhada é de 2012, conta com ilustrações do artista plástico Ulysses Bôscolo e foi supostamente traduzida diretamente do russo pelo professor Paulo Bezerra. O exemplar é da Editora 34 e têm 999 páginas divididas em 2 volumes.

A trama sobre a família Karamazov tem como personagens centrais os três irmãos, Dmitri (Mítia), Ivan (Vanya) e Aleksei (Aliócha) e, num primeiro momento, o patriarca Fiódor Karamazov. Também agregam relevância à história o criado Smerdiakóv e as jovens Catierina Ivanovna (Cátia) e Agrafiena Aleksandrovna (Grúchenka). Existem, ainda, diversos personagens secundários, com aparições pontuais na narrativa.

Em linhas gerais, Fiódor Karamazov, pai dos três, possui uma fortuna, mas não um herdeiro certo. O gênio do patriarca logo o denota como um notável beberrão, galhofeiro e mulherengo. Seus filhos vêm de mães diferentes e têm personalidades radicalmente distintas: Mítia, o mais velho, é impulsivo e imprudente; Ivan, no meio, é culto e arrogante; o caçula Aliócha é sensível e humilde. No decorrer da trama, os irmãos se conhecem e seus caminhos ficarão inapelavelmente entrelaçados.

São inúmeras as reviravoltas em "Irmãos Karamazov". Há mortes, traições, inveja e um julgamento que alguns leitores podem considerar viciado. Dostoiévski dizia: "para escrever bem, é preciso sofrer", e como sempre foi de praxe em suas obras, o sacrifício humano não pôde faltar neste romance.

Considerando-se as simpatias e dissonâncias familiares e o apelo dos Karamazov diante de seus pares, podemos perceber o carregado viés de crítica às hipocrisias sociais da Rússia czarista e, de certa forma, da humanidade. Não se pode ignorar o fato de o autor da obra ter sido um jornalista que, na época, conviveu com algumas polêmicas associadas a seu nome. A narrativa, as características dos personagens e o deslinde dos relacionamentos, em suma, são um retrato da visão do seu romancista acerca das contradições humanas e de como se cai de um pedestal direto para a lama, não importando o quão alto esteja.

"Irmãos Karamazov" foi escrito por Dostoiévski, e esta pleonástica frase deve ser entendida como um convite à sua leitura. Não se permita o caro leitor intimidar-se diante das quase mil páginas do romance. A cada folhear, ele nos puxa cada vez mais para seu interior; dele, jamais se pode sair sem o desfecho da densa trama karamazoviana.

Andre Mengo
Enviado por Andre Mengo em 04/08/2018
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