Iracema, o poema em prosa do Ceará
Iracema, de José de Alencar, foi publicado em 1865 e é considerado um dos maiores romances românticos da literatura brasileira.
Iracema é um anagrama de América, simbolizando a fusão do Velho Mundo (representado por Martim/ Europa) com o Mundo Selvagem (representado por Iracema/ Indígena), que resulta no Novo Mundo (representado por Moacir/ América).
Iracema é uma obra pertencente ao romantismo brasileiro, pois tem as seguintes características desse estilo literário: nacionalismo; idealização do índio (herói); sentimentalismo; exagero; retorno ao passado; religiosidade cristã.
A obra tem como subtítulo “Lenda do Ceará”, portanto, trata-se de uma alegoria sobre a colonização do Ceará, podendo ser compreendida como a própria colonização do Brasil. Assim, temos Moacir não apenas como o primeiro cearense, mas também como primeiro brasileiro.
O livro Iracema apresenta a história de amor da virgem dos lábios de mel, Iracema, e o primeiro colonizador português do Ceará, Martim, que é um guerreiro branco e amigo dos pitiguaras, índios do litoral.
Martim se perde na mata e é encontrado por Iracema, que o acolhe ao perceber que ele não é nenhum inimigo, assim ela o leva para sua tribo (tribo dos tabajaras), onde é tratado como hóspede. Surge então um amor repentino entre Iracema e Martim.
As tribos tabajaras e pitiguaras eram rivais: os pitiguaras eram amigos dos portugueses e os tabajaras aliados dos franceses. Os tabajaras habitavam o interior e estavam em celebração ao grande chefe Irapuã, que iria comandá-los no combate aos pitiguaras.
O romance se complica porque Martim e Irapuã estão apaixonados por Iracema, então Irapuã tenta matar Martim quando este tenta fugir da aldeia, após saber do combate que está por vir.
Iracema é filha do pajé, guardiã do segredo da jurema e não pode se casar, mas a união dela e de Martim se dá numa noite em que ela se entrega ao português. Assim, Martim decide fugir da fúria de Irapuã e dos tabajaras, mas Iracema se propõe a segui-lo ao encontro de Poti, chefe dos pitiguaras. Nessa fuga são seguidos por Irapuã e os tabajaras, resultando no confronto entre as duas tribos.
Iracema, mesmo abalada com a derrota de seu povo, decide viver com Martim na tribo dos pitiguaras, porém o tempo passa e Martim não demonstra mais tanto interesse por ela. O português sente falta dos seus, embora saiba que é conflitante, pois não pode levar Iracema junto com ele.
Martim, agora chamado pelo nome indígena Coatiabo, participa de vários combates, deixando a esposa muito sozinha. Enquanto isso ela engravida e tem sozinha o filho às margens do rio. Iracema sofre a ausência do esposo, assim definhando de tristeza. Após a morte dela, Martim, seu filho Moacir (nascido do sofrimento de Iracema), e o cão vão embora para Portugal, mas tempos depois voltam e colonizam o Ceará.