Pessoas jovens e adultas como sujeitos de aprendizagem
O texto nos traz informações sobre pessoas, jovens e adultas, acerca de suas trajetórias no campo da educação, que, sendo assim, buscam os estudos tardiamente. Uma das alternativas para isso, foi trazer discursos dos próprios alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) contando os motivos pelos quais não conseguiram dar continuidade aos estudos, sendo alguns deles: mudanças para acompanhar os pais, trabalho, problemas de saúde, registro tardio e falta de incentivo da própria família.
Outro ponto interessante levantado no texto é a dificuldade de uma pessoa que foi escolarizada entender como as pessoas que não tiveram acesso à escola, ou por lá ficaram pouco tempo, realizam suas atividades diárias, como organizar as finanças da família, assinar documentos, usar medicamentos, para não esquecer compromissos, entre outros. Para isso, são apresentados alguns discursos de estudantes da EJA.
As autoras mencionam também uma das características das pessoas analfabetas como não-criança, as pessoas jovens e adultas, mesmo que pouco ou não escolarizadas, não vivenciam suas experiências assim como uma criança, inclusive trazem para a escola experiências e saberes do cotidiano, formando um grupo com perfil heterogêneo formado por indígenas, mulheres, negros, trabalhadores, camponeses, entre outros. Penso que um professor da EJA tenha muito o que explorar das experiências trazidas por estes alunos para enriquecer suas aulas e auxiliar na assimilação dos conteúdos por estes estudantes.
Mais um trecho do texto que gostaria de mencionar é que nem todos os analfabetos estão em situação de pobreza, porém a condição de analfabeto ou pouco escolarizado afeta a possibilidade dessas pessoas de terem seus direitos sociais garantidos, terem melhores salários ou não serem explorados no trabalho.
A seguir é levantado resultados de pesquisas sobre o número de analfabetos no Brasil, no período de 2001 a 2012, também separados por região. O que fica claro que a taxa de analfabetismo na região Nordeste se destaca perante as demais. Já as taxas das regiões Sul e Sudeste são muito baixas quando comparadas com a nacional. Além das regiões, as autoras levam em consideração as regiões rural e urbana, pois o campo apresenta taxa maior que a urbana, também as taxas de analfabetismo entre brancos e negros, entre ricos e pobres e entre as faixas etárias. Esta última mostra uma redução, já que as condições de acesso à educação mudaram significativamente.
Uma observação relevante que já foi levanta em aula com relação ao público que frequenta a EJA. Vemos, ultimamente, um movimento de alunos retidos anteriormente ou que interromperam por curto período seus estudos, frequentarem as turmas de EJA, mesmo que sua idade não seja muito distante dos estudantes nas salas ditas regulares (18 ou 19 anos de idade). Será uma forma de conclusão mais acelerada do Ensino Médio a fim de se inserir ou até permanecer no mercado de trabalho?
Bibliografia
BICCAS, M.; VOVIO, C. L. Pessoas jovens e adultas como sujeitos de aprendizagem. IN: Módulo 7: Educação de Jovens e Adultos. São Paulo, UNIFESP, 2016, p. 41-52 (Tema 3).