PSG X REAL (não apenas um jogo de futebol, não apenas um nome)
Ontem, seis de março, eu vi em um jogo de futebol com todas as letras, lances, imagens e nuances a bela diferença entre uma poesia e um poema.
O poema me parece um campo totalmente aberto, sem cercas, sem limites, completamente solto e tendo todas as palavras mortais e imortais à disposição, ‘belo’ como dizem os italianos mas sem sonoridade como diria o sonetista, pois não há a obrigatoriedade da métrica, da rima, da melodia. No poema não há a necessidade do ‘casamento lírico’ entre palavras, e por isso cabe uma diversidade de sons e cores como se viu ontem no Parque dos Príncipes, estádio do 'Paris Saint-Germain Football Club': um palco colorido, diversificado, um poema por parte de uma torcida e de um time, mas do outro lado uma poesia, um eficiente soneto.
O ‘esquema tático’ de um soneto seria quatro quatro três, três, quatorze versos, no futebol só são permitidos onze. Mas, por vários momentos eu vi no jogo mais de onze jogadores do Real Madrid. Além dos jogadores tinha um treinador que parecia trocar passes com seus comandados, tinha também uma camisa forte que impunha respeito e um time; eram na verdade quatorze versos. Não se via apenas um jogador, se via um time que ‘soneteava’ pelo gramado. Foi um verdadeiro decassílabo, tão harmonioso em suas linhas que seu goleiro foi pouco exigido. Enquanto de um lado tentavam usar todos os tipos de criatividade individual sem se preocupar em contar sílabas métricas, do outro lado imperava a elegância, a rima, o refinado, a melodia: uma canção chamada ‘Real Madrid Club de Fútbol’.
Ontem foi comprovado mais uma vez que um time de futebol não se faz apenas com um jogador, mas com um time; como a rima precisa de pelo menos duas palavras, como o soneto precisa no mínimo de dez sílabas poéticas, como a poesia precisa de pelo menos um outro olhar para se tornar bela.
Assim também se fazem times de futebol, com poemas e poesias.