Quando a Globo prefere um juiz a um professor

Desacredite no país em que a maior emissora de TV diz que um juiz promove igualdade em vez de um professor...

Que pisão na bola em o "Outro Lado do Paraíso", novela da Globo. A personagem quilombola "Raquel", interpretada por Erika Januza, diz para a mãe que sonha em ser professora. Daí a mãe dela diz que é uma linda profissão, mas rebate a filha: "Eu quero você estudando as leis, uma doutora e advogada, ou melhor, juíza". Isso com a alegação de que só assim ela poderia defender a "igualdade do povo negro", já que sofreu racismo da patroa branca.

Se desde o início da trama a "Raquel" seria magistrada, qual o motivo da licenciatura ser depreciada em prol do Direito? O fato é que, na ficção ou vida real brasileira, a educação nunca é prioridade, mesmo sendo a única fórmula de promover igualdades e transformações na humanidade.

Nós, enquanto negros, índios e demais desprivilegiados, com certeza, teríamos mais vozes sociais se o DIREITO à EDUCAÇÃO não nos fosse tolhido, usurpado, cerceado, desapropriado e aculturado. Infelizmente, tal reprodução discursiva só alimenta a incerteza de um futuro, mesmo que muito distante, com mais respeito às diferenças e menos argumentos infantis de "mimimis" ou "vitimismos".