PARAGOMINAS
Há muito tempo estava me sentindo um pouco sufocada, irritava-me facilmente, estava cansada de sempre ver os mesmos rostos com as mesmas conversas que não levavam a nada. Viver em uma casa de segunda a sexta, que mais parece o BBB de tão vigiada, aguentar abuso de dois alunos, que sinceramente eu não sei mais o que fazer para controlá-los e voltar para casa no final de semana e só ouvir brigas, isso quando eu não estava brigando, hoje entendo porque, normalmente, os professores são tão estressados.
PIRA PAZ!!!!!!!!!
Por isso, estava querendo um “time” longe. Não me compreendam mal, gosto muito da minha família, dos professores e das pessoas da comunidade, mas eu realmente precisava de um tempo longe até mesmo para não descontar neles o meu estresse e por incrível que pareça a distância sempre acaba apenas reforçando o amor que sinto por eles.
Sendo assim, na terça-feira desta semana, eu decidi sair da cidade fui a Paragominas sozinha, no ônibus estava doida para sentar ao lado de um rapaz e acho que ele percebeu pois não sossegou até sentar ao meu lado, eu gostei da forma dele falar um “português” bastante correto, mas não demorou muito para eu descobrir que se tratava de um evangélico fanático e tudo que eu perguntava sobre a visão dos evangélicos em relação a alguns assuntos sobre religião ele já estava com uma resposta na “ponta da língua” cujas quais fizeram-me perceber que ninguém o demoveria de suas crenças e para evitar discussões exaustivas que não levariam a nada, procurei apenas concordar, ou simplesmente mudava de assunto. Mas que o danado era bonitinho isso ele era.
Acho muito bom conversar em ônibus porque é um momento que o ser humano para realmente para ouvir o outro sem pressa. Já tive conversas excelentes em ônibus e espero ainda ter muitas.
Ao entrar em outro ônibus me deparo com uma pessoa desagradável da minha antiga turma, só disse um “oi” e fui sentar bem longe dela.
Ao chegar a Paragominas nada de especial aconteceu, apenas fui conhecer os pontos turísticos da cidade e depois fiquei conversando com um senhor na praça central. Estranhei também o pouco movimento na cidade, mas depois descobri que a crise também havia afetado a região.
Espantei-me com o senso de cidadania na cidade, quando as pessoas passavam pelas ruas os veículos paravam para dar passagem, tudo muito organizado. Se fosse na capital se não passassem por cima, gritariam: “sai da frente transparente”.
Paragominas é uma cidade boa para se viver, não é à toa que recebera o título de “cidade modelo”. Mas voltei para casa logo no outro dia pois já estava com saudades.