CREPÚSCULO DE UMA RAÇA
CREPÚSCULO DE UMA RAÇA
autor: José Rodrigues Filho
Os homens eram hábeis caçadores e pescadores; como armas utilizavam o arco, a flecha, a lança e o tacape. As mulheres eram responsáveis pelos trabalhos domésticos e a criação dos filhos na primeira idade.
Estavam divididos em nações ou tribos; falavam vários tipos de língua ou dialetos e, vez por outra, faziam a guerra entre nações.
Algumas tribos eram nômades, mas, em geral, localizavam-se em regiões definidas.
Havia, entre todos os povos, um sentimento nobre de honra e respeito aos acordos celebrados, até mesmo, com aqueles considerados inimigos.
O meio ambiente que os rodeava era constituído por diferentes “habitats”, havendo aqueles que viviam na costa atlântica –motivados pela presença do oceano, com suas praias e belezas naturais, além do variado alimento marinho, outras vezes, por contingências ancestrais;- aqueles que se localizavam em regiões da mata equatorial; outros no cerrado; os que viviam nas regiões secas do Nordeste; enfim, com algum nomadismo, esses povos conseguiam sobreviver, de maneira magnífica, às poucas intempéries que se abatiam sobre o vasto continente que lhes servia de ecossistema natural.
Havia respeito até pelos animais, pois somente era abatido, um deles, se houvesse necessidade de sua carne e/ou pele para consumo imediato ou de estoque por curto período.
As árvores somente eram abatidas para utilização nas Tabas ou Aldeias e para proporcionar-lhes luz e calor em suas alegres fogueiras.
Havia um inter-relacionamento, tão perfeito, entre a natureza e esses seres humanos que talvez fosse necessário atingirmos o século C, (cem) para que os primeiros indícios de poluição atingissem a região em referência, despertando-os para os graves problemas que, hoje, enfrentamos no século XX.
Utilizavam apenas o indispensável; não promoviam desperdícios ou extravagâncias; não tinham o vício do consumismo nem da ostentação; eram apenas vaidosos com a aparência física e apreciavam o colorido das penas de algumas aves características enfeitando-lhes a cabeça e outras partes do corpo.
Sabiam amar a natureza e suas mulheres; estavam predestinados a povoar sua terra, por muitos e muitos séculos, gozando as incomensuráveis nuances que a natureza oferece ao ser humano capaz de captar-lhe os maravilhosos desígnios.
Tudo perdido! Tinha início o começo do fim: transcorria o ano de 1500 D.C. dia 22 de abril, do mesmo ano, quando aportava no Paraíso natural os navios da esquadra portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral (versão oficial). Abria-se então o processo degenerativo que deu origem a lenta agonia dos povos indígenas, caracterizando o Crepúsculo de uma Raça.
TRANSCRITO DO JORNAL “KOMUNIKANDO” REGIÃO DE FEIRA DE SANTANA-BA.