CONDUTOPATIA, UM GRAVE PROBLEMA DE ORDEM SOCIAL
 
nair lúcia de britto

O termo “Condutopatia” foi criado pelo psquiatra forense Guido Arturo Palomba, referência na Psquiatria Forence; e que há mais de quarenta anos se dedica a definir os perfis psicológicos de criminosos.
 
A diferença que existe entre o psicopata e o condutopata é que o psicopata não tem a mínima empatia com as outras pessoas. Enquanto que o condutopata vive no meio social, ama e é amado, estuda e leva uma vida normal. Paralelamente, ceifa a vida do seu próximo; explica o psiquiatra. E considere-se como “próximo” os pais, os filhos, parentes, amigos e demais pessoas com quem ele convive.
 
Apesar de ter um comportamento aparentemente normal, o condutopata tende a matar; na maioria das vezes aqueles que estão próximos: vizinhos, colegas de trabalho, crimes que lhes dá uma sensação de poder perante os demais.
 
As características marcantes são o egoísmo, ausência de remorso e de compaixão. Tem necessidade de satisfazer seus interesses pessoais e falha em relação aos valores éticos e morais.
 
O condutopata não é uma pessoa normal, mas também não é um doente mental. Ele fica na zona fronteiriça entre a normalidade e a doença mental; o que não é visto a olho nu. A pessoa já nasce com esse distúrbio mental e cresce com traços físicos específicos e com tendência a cometer crime hediondo.
 
É um tanto complicado reconhecê-lo como tal, porque ele age como qualquer outra pessoa. Entretanto tem manifestações patológicas na sua conduta. Não é altruísta e bastante desiquilibrado emocionalmente, porque tem distúrbios na afetividade, no querer; e não tem domínio sobre a própria vontade. São as deformidades internas que o levam a ter um comportamento alterado.
É uma espécie de curto-circuito que ocorre na sua cabeça onde existe um estreitamento da consciência e que o leva à uma agressão que pode ser fatal. Os estímulos que o levam a agredir pode ser um simples mal-estar interior; um barulho que o incomoda; ou, quando estiver com sono, existir algo que o impeça de dormir. Enfim, ele não premedita um crime; se houver premeditação de um crime trata-se de outra patologia.
 
 
A classe social a qual pertence pode ser um fator desencadeante, mas não preponderante. A doença já está na sua constituição orgânica desde o nascimento. Pode ter um fator hereditário ou outros fatores como falta de oxigenação cerebral durante o parto; meningite, se a mãe teve rubeula durante a gestação ou, ainda, em razão de um trauma.
 
A doença pode manifestar-se também em filhos de alcoólatras, epléticos ou esquizofrênicos. Podem ocorrer deformidades físicas mensuráveis; isto é, assimetria craniana (o cérebro tem tamanhos diferentes de cada lado); formação anormal da orelha; céu da boca alto, escavado; e as mãos terem os dedos em formato de baioneta. Mas não serão as características físicas que irão revelar a condutopatia e a possibilidade de se tornar um criminoso.
 
Para se chegar a essa conclusão é preciso ir encaixando, aos poucos, as peças de um quebra-cabeça. Não são elementos isolados e as características começam a surgir no final da adolescência.  Seus crimes não podem ser julgados da mesma forma que os de um criminoso comum. Este comete um crime por um determinado motivo. Já os condutopatas agem sem motivos aparentes. Há sempre algo de inusitado e incompreensível na sua conduta. Em casos extremos ele pode matar até uma pessoa da própria família. Em casos mais leves, são apenas ociosos, toxicômanos ou portadores de outros vícios.
 
Existe uma diferença entre o psicótico, o condutopata e o neurótico. O psicótico sofre de problemas mentais e o neurótico sofre com sua angústia e é um inconformado. Já o condutopata não sofre com nada; ele faz os outros sofrerem.
Como outras patologias decorrentes de sua constituição orgânica, a condutopatia não tem cura.
 
Vale lembrar as recomendações da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. Para contemporizar a psicopatia é preciso proporcionar aos portadores dessa patologia um ambiente saudável, bons exemplos e Educação de qualidade. Não só a família mas também a Arte pode ajudar. “Essas pessoas não podem ser aprisionadas junto a criminosos comuns. São doentes e não têm culpa disso.”
 
 Vale lembrar inclusive que os estrupadores também são psicopatas que atacam mulheres indefesas, independentemente de qualquer estímulo. 
 
São necessárias medidas urgentes para proteger, de uma vez por todas, mulheres e crianças de tamanha barbárie; além do contínuo empenho da Medicina para descobrir a cura. 
Enquanto a condutopatia for incurável, é também de competência exclusiva da Medicina decidir o que fazer, através de uma Junta Médica, para se achar uma solução definitiva que proteja a sociedade. Posteriormente, orientar a Justiça sobre como proceder sobre esses casos.   

O psiquiatra Guido Arturo Palomba é paulista e autor do primeiro tratado de Psiquiatria Forense Civil e Penal. 
Fonte de Pesquisa: Folha de Pernambuco, Revista Época, site
: www.psicologandonet.blogspot.com.br
 
   
 
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 29/05/2016
Reeditado em 01/06/2016
Código do texto: T5650891
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