COMENTÁRIO PARA O CONTO "LOUCURA CELESTIAL" DE RAY SILVEIRA

Comentário para o conto “Loucura Celestial” de

Ray Silveira.

Há poucos dias, surpreendi-me com um convite de Ray Silveira para fazer um comentário sobre um texto de seu novo livro, publicado recentemente. Confesso que tenho imenso prazer em atender o honrado convite do conterrâneo amigo, ex-aluno e grande escritor, cujo talento cultural se manifestou nos primeiros anos de sua vida escolar, através de redações criativas, ricas de conteúdo, motivados pelo alto QI que possui e pela leitura constante de grandes autores brasileiros e europeus. Espero estar à altura de tão delicada incumbência.

O conto “Loucura Celestial” retrata, de forma real, uma faceta do que acontece atualmente em nossa sociedade, que é a monstruosa pedofilia.

No texto em questão, há uma absurda divergência etária entre os protagonistas: Um quarentão, seduzido por uma adolescente. “A inocência e a concupiscência.” Embora cônscio do erro, pois “queria desistir,” foi vencido pela tentação de “um semblante de mulher num rosto de criança.” A velha desculpa de que a carne é fraca. Nas entrelinhas, através do drama de consciência que antecede à decisão, o autor deixa transparecer que, nesse tipo de crime, o maior de idade não é nenhum anjinho e muito poderia ser evitado se fossem retiradas as crianças da rua, onde ficam desprotegidas, entregues a todos os males, a pessoas sem escrúpulos. Tornam-se adultas precocemente e aprendem tudo sem orientação educacional, tanto dos pais como da escola, porque sua escola é a própria rua.

Nada justifica, porém o ato em si. Trata-se de um crime hediondo que precisa SER PUNIDO. Apenas conclui-se que seria um a menos, se o sistema de proteção ao menor abandonado agisse, de forma mais eficiente, dentro da seriedade do seu nobre trabalho. O conto do Ray, escrito para adultos, numa linguagem irretocável, vem como um grito de alerta aos pais, educadores e poderes públicos, no sentido de olhar mais para nossas crianças carentes de afeto e proteção.

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Maria de Jesus A. Carvalho.

“O conto não se mede pela história contada, mas pelos significados que dela se pode tirar”...

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 07/10/2015
Código do texto: T5407627
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