12 Questões tipo C sobre João Cabral de Melo Neto e Jorge Amado
Licença ai professor
Pra eu responder com rima
Segundo o próprio autor
Sobre a sua obra-prima
É um auto de natal
De caráter regional
Uma fuga ao perverso clima
Não era de vinte e dois
Mas João foi um modernista
Duas décadas depois
Trás um viés comunista
Só não sabia acredite
Que antecipou o mangue beat
Em batida futurista
A obra de João Cabral
É encantadora e fascina
É um registro magistral
Do sertanejo e sua sina
Valoriza o dom da vida
Que merece ser vivida
Seja doce ou severina
Gostei da metalinguagem
E do alguidar criativo
Também das questões de Amado
Sou teu aluno cativo
Já gostava de te ler
E agora devo dizer
Tenho muito mais motivo
(STELO QUEIROGA)
* Obrigado pela epígrafe, poeta do Repente!
QUESTÃO 01
Morte e vida Severina é a obra mais conhecida de João Cabral de Melo Neto e a responsável por sua relativa popularidade. Trata-se de
1. (C) (E) um poema épico cujo herói aventura-se, na cidade grande, enfrentando diversos inimigos.
2. (C) (E) uma crônica cuja personagem-narrador, Severina, conta seus relacionamentos amorosos e trágicos.
3. (C) (E) um conto cuja personagem principal, Severina, está no leito de um hospital entre a vida e a morte.
4. (C) (E) um romance cujo protagonista acompanhado de sua família retira-se do interior do nordeste para o litoral
5. (C) (E) um auto de Natal cujo personagem-narrador foge da seca e da miséria do sertão nordestino e parte em busca de trabalho na capital, Recife.
TEXTO I
Só os roçados da morte
compensam aqui cultivar,
e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar;
não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar;
as estiagens e as pragas
fazem-nos mais prosperar;
e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar
pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida Severina.)
QUESTÃO 02
No texto I, é possível identificar elementos literários
1. (C) (E) vanguardistas, pois o tratamento dispensado à linguagem é absolutamente original.
2. (C) (E) regionalistas, uma vez que há elementos do sertão brasileiro.
3. (C) (E) existencialistas, pois há a preocupação em revelar a sensação de vazio do homem do sertão.
4. (C) (E) naturalistas, porque se identificam, em Severino, as características típicas do herói do século XIX.
5. (C) (E) surrealistas, já que existe uma apelação ao onírico e ao fantástico.
QUESTÃO 03
TEXTO II
A poesia de João Cabral pode parecer difícil porque não dialoga só com o leitor comum, mas também com realizadores de poesia. A principal temática de Cabral é a reflexão do fazer poético. [...]. Opondo-se a um curso sentimental, retórico, ornamental da poética nacional, ele construiu uma poesia antilírica, anticonfessional, presa ao real e dirigida ao intelecto. [...] (Cristina Fonseca, Bravo! nov. 1997)
Com base no texto II e nos pressupostos teóricos da Literatura brasileira, João Cabral de Melo Neto pertence
1. (C) (E) à geração modernista de 1930.
2. (C) (E) à geração vanguardista de 1922.
3. (C) (E) à geração pré-modernista.
4. (C) (E) à geração modernista de 1945.
5. (C) (E) à literatura parnasiana.
QUESTÃO 04
TEXTO III
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
(João Cabral de Melo Neto, “Catar feijão” em Poesias Completas, pg. 21-22)
No poema acima, o autor disserta sobre
1. (C) (E) o processo de criação poética.
2. (C) (E) a pedra como obstáculo à vida.
3. (C) (E) o ato de escrever.
4. (C) (E) critério de seleção.
5. (C) (E) o cuidado no preparo dos alimentos.
QUESTÃO 05
Predomina, no texto III, a Linguagem em sua função
1. (C) (E) emotiva.
2. (C) (E) referencial.
3. (C) (E) metalinguística.
4. (C) (E) apelativa.
5. (C) (E) subjetiva.
QUESTÃO 06
No texto III, no segundo verso: “joga-se os grãos na água do alguidar” a construção sintática em destaque justifica-se por ser
1. (C) (E) uma licença poética.
2. (C) (E) uma inadequação à modalidade culta da língua.
3. (C) (E) o poema gênero discursivo livre de regras gramaticais.
4. (C) (E) irrelevante à construção poética como um todo.
5. (C) (E) um artifício literário para chamar a atenção do leitor.
QUESTÃO 07
TEXTO IV
Severino retirante,
deixa agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, “Morte e vida severina” em Poesias completas, p. 236-241)
O texto VI, apresenta, em sua leitura, um ritmo musical semelhante ao (à)
1. (C) (E) samba.
2. (C) (E) rock.
3. (C) (E) repente.
4. (C) (E) rap.
5. (C) (E) bossa nova
QUESTÃO 08
No texto IV, de acordo com a resposta do carpina ao retirante, viver vale a pena
1. (C) (E) porque é uma vida severina.
2. (C) (E) quando for uma vida severina.
3. (C) (E) para ser uma vida severina.
4. (C) (E) ainda que seja uma vida severina.
5. (C) (E) conforme uma vida severina.
QUESTÃO 09
Com base no texto IV, a explanação do carpina ao Severino se fundamenta, principalmente, na ideia de que
1. (C) (E) a cidade grande oferece mais empregos ao retirante do que o sertão nordestino.
2. (C) (E) a pesca de caranguejos no mangue é mais lucrativa do que o trabalho na roça.
3. (C) (E) o retirante encontrará emprego na fábrica que, teimosamente, se fabrica.
4. (C) (E) a explosão de vidas severinas cria comunidades solidárias que facilitam a convivência cotidiana.
5. (C) (E) a própria vida, mesmo que dura e sofrida, justifica o ato de se viver.
QUESTÃO 10
Tieta do Agreste, livro publicado em 1977, situa-se no grupo das criações literárias de Jorge Amado que o crítico Alfredo Bosi chamou de “crônicas amaneiradas de costumes provincianos”. Tal obra pode ser considerada
1. (C) (E) um romance urbano policial.
2. (C) (E) um romance regional sobre disputas fundiárias.
3. (C) (E) um romance psicológico de cismas existenciais.
4. (C) (E) um romance regional de fácil adaptação à telenovela.
5. (C) (E) um romance urbano de apelo explícito à sexualidade.
QUESTÃO 11
“A Morte e a morte de Quincas Berro d’ Água”, publicado em 1959, é uma das obras mais conhecidas de Jorge Amado. Trata-se de
1. (C) (E) um romance regional que aborda questões sociais e amorosas.
2. (C) (E) um romance existencialista cuja narrativa se desenvolve em fluxo de consciência.
3. (C) (E) um romance modernista adaptado ao cinema como documentário.
4. (C) (E) um romance histórico cujo título faz referência à seca no Sertão nordestino.
5. (C) (E) um romance realista-fantástico no qual o protagonista morre duas vezes: uma real e outra fantástica.
QUESTÃO 12
Em “A Morte e a morte de Quincas Berro d’Água”, o protagonista Joaquim Soares da Cunha
1. (C) (E) passa por duas Experiências de Quase Morte.
2. (C) (E) aproveita sua falsa morte para abandonar a esposa e o emprego público.
3. (C) (E) ressuscita dos mortos para aterrorizar a cidade de Salvador.
4. (C) (E) mesmo morto faz um passeio com seus companheiros de boemia
5. (C) (E) incorpora o espírito de seu falecido irmão Quincas Berro d’Água.
GABARITO
1 - E
2 - B
3 - D
4 - A
5 - C
6 - B
7 - C
8 - D
9 - E
10 - D
11 - E
12 - D