Um primor do quadrinho japonês
Os fãs de mangás (quadrinhos japoneses) não se decepcionarão ao ler Mai, a garota sensitiva, de autoria de Kazuya Kudo e Ryoichi Ikegami, criado nos anos 90 e lançado no Brasil pela Abril Jovem em oito volumes. O desenho em preto e branco é belíssimo, combinando perfeitamente com a trama misteriosa e envolvente que nos prende da primeira à última página.
Mai Kuju, jovem japonesa de 14 anos, vive em Tóquio com seu pai viúvo, Shuichi, levando uma vida como a de tantas garotas da sua idade, dividida entre a escola, amigas e conversas sobre rapazes. Porém, Mai é detentora de um poder psicocinético, o qual ela própria não leva muito a sério, usando para fazer pequenos truques como paralisar uma bola durante um jogo de beisebol. O que Mai não sabe é que sua vida feliz e despreocupada logo sofrerá uma reviravolta. Uma organização secreta, A Aliança da Sabedoria, está em busca de adolescentes com poderes psíquicos, realizando testes em escala mundial para encontrar jovens cujos poderes sirvam a seus propósitos e, entre os jovens que alcançaram a pontuação mais alta, Mai está incluída, tornando-se um alvo.
Numa tarde, saindo da escola com duas amigas, Mai está feliz porque seu pai voltará naquele mesmo dia de uma viagem de negócios e percebe que está sendo seguida. Ela consegue despistá-los e, à noite, quando seu pai volta da viagem, conta sobre um teste de inteligência em que quase obteve pontuação máxima e os homens que a seguiram. Mai não percebe, mas seu pai fica preocupado e, no dia seguinte, ao deixá-la na escola, vê que alguns homens os vigiam de longe, o que o faz perceber o perigo que segue sua filha.
Depois, segue-se uma tensa jornada de fuga e perseguição, na qual Mai se vê forçada a lutar por sua vida e amadurecer quando seu pai revela que estão atrás dela devido ao seu poder. A jornada de pai e filha os leva à cidade de Togakushi, onde Mai descobre que herdou seu extraordinário poder de sua mãe, Maki, e que todas as mulheres de sua família estão destinadas a possuí-lo e usá-lo para manter a paz em Togakushi.
Assim, a jornada inicial de Mai se transforma numa jornada de autoconhecimento e de aquisição de consciência acerca da responsabilidade que envolve o seu poder. Ao se ver caçada pela Aliança da Sabedoria, Mai começa a perceber a complexidade da vida e a entender que seu poder poderá fazer inocentes sofrerem se for usado para maus propósitos. Entendendo que herdou um poder antigo, Mai também aprende que tem o dever de honrar as mulheres de sua família e o sacrifício de todos que tentarem protegê-la.
Mai, a garota sensitiva, é um mergulho fascinante numa trama de luta entre o bem e o mal, inocência e perversidade, honra e dever que certamente capturará os fãs das histórias em quadrinhos japoneses.