o ensino da lingua portuguesa e os PCNs
Resenha critica do texto:
O Ensino da Língua Portuguesa e os PCNs.
Janete Santos (Janete Silva dos Santos) é natural de Macapá-Ap. Licenciada plena em Letras (Ufpa), mestre em Linguística Aplicada (Unicamp), é professora de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Tocantins (UFT), com doutorado também em Linguística Aplicada (Unicamp). É membro da Acalanto (Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense), da Apes (Associação Amapaense de escritores) e associada da Rebra. Tem participação em algumas antologias nacionais (da Scortecci, da Rebra, da cbje, Del'Secchi, entre outras). Publicou em 2000 Boa Esperança (crônicas e contos) pela CBJE/RJ; em 2002, Tecendo Imagens (poemas); em 2003, Rota Macapá/Belém (crônicas e contos); em 2004, Retratos Paralelos (coletânea de poesias, em parceria com Beliza Cristina e Gislaine Chaves). Os três últimos pela Scortecci. Em dezembro de 2007 lançou, junto com Luiza Helena e Eliane Testa, Inquietações (poemas), pela Editora Kelps; em 2011 publicou Mosaicos (poesia) pela editora Livro Pronto, e (Des)Aprisionamentos, pela Scortecci (100p. )
O presente texto tem como método a observação e a discussão a respeito do ensino da língua portuguesa, as abordagens feitas pelos professores e as metodologias adotadas para este ensino. Neste texto observa-se a importância de os docentes buscarem novas formas de abordagem da língua em sala de aula, conseguir relacionar o ensino da língua com o ensino da gramatica, propiciar aos alunos uma abordagem voltada para a realidade dos educandos.
Este texto pretende que os professores façam uma releitura do ensino da língua e percebam que a língua falada é uma extensão da língua escrita, não há falares melhores ou piores, como bem defendem os linguistas eles são apenas diferentes.
Com essa nova abordagem se pretende valorizar a linguagem trazida pelos educandos que, muitas vezes, não compreendem a língua ensinada na escola e a língua que ele conhece em seu cotidiano. Tem que haver uma relação mais plausível entre o que é ensinado na escola e o que o aluno conhece como língua materna, os alunos precisam compreender que a fala não pode estar dissociada da escrita.
De acordo com Antunes (2007, p. 53) "não há dúvida de que deve ensinar a gramática normativa nas aulas de língua portuguesa, embora sabe-se perfeitamente que ela em si não ensina ninguém a falar, ler e escrever com precisão". Nesta perspectiva, o ensino da língua deve estar também associado ao ensino da gramática, pois esta é a base estrutural de toda e qualquer língua. O problema está exatamente aí, muitos professores não conseguem fazer esta relação entre o ensino da língua e a gramática, pois também não foram preparados para isto.
Atualmente, há uma grande discussão entre o letramento e a alfabetização, uma vez que a escola não consegue letrar seus alunos, pois absorve como incumbência da escola apenas a alfabetização, que no mundo contemporâneo não se faz suficiente.
Percebe-se que os alunos, conseguem observar e decifrar o mundo a sua volta de forma oral, mas tem uma grande dificuldade em transpor para a escrita o que a priori parece tão natural aos falantes da língua portuguesa. Não deveria ser observada esta dicotomia entre o falar e o escrever, todavia a escola ainda não conseguiu se livrar dos preconceitos que permeiam a variante linguística, mesmo após tantas discussões e utilização de métodos ditos revolucionários.
Para que de fato o ensino da língua seja efetivo o professor precisa deixar de lado a acomodação e o uso apenas do livro didático, buscando metodologias mais dinâmicas e com atividades interativas que relacionem o falar e o escrever.
No livro Aprender a Ler e a Escrever, as educadoras Ana Teberosky e Teresa Colomer apontam que o desenvolvimento do aluno se dá “por reconstruções de conhecimentos anteriores, que dão lugar a novos saberes”. Assim, o ensino da língua se faz a partir do conhecimento que o aluno traz consigo e não apenas com regras impostas pelo sistema de escolarização regido por regras, imposições sociais que privilegiam apenas falares de determinadas regiões ou faladas por um grupo privilegiado.
Dessa forma, o ensino da língua na escola precisa estar intimamente ligado ao quanto à criança já sabe e o que se faz essencial para a formação linguística dessa criança que não pode vê sua língua materna como uma coisa estranha a sua realidade, deve haver um contraponto entre o que a criança fala e o que ela escreve.
Essa resenha pode ser indicada para professores e/ou pessoas que busquem uma abordagem mais enfática sobre o letramento e o ensino da língua portuguesa e as abordagens atuais a respeito da língua.
REFERÊNCIAS
Extraído e adaptado de: SANTOS, Janete S. dos. Letramento, variação linguística e ensino de português. IN: Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, v.5, n. 1, p.119 – 134, jul./dez. 2004.