TENHO CIÚMES DE VOCÊ
nair lúcia de britto 
Quantas vezes nos supreendemos com um ciúme repentino, desses
que dói no fundo da alma e que nos descontrola. É difícil admitir até para
nós mesmos que estamos com ciúmes, quanto mais para a pessoa
amada. O que fazer? Será que esse sentimento é normal?

Esta reportagem entrevistou a psicóloga Yolanda Minguez De Juan
para 
tirar todas as dúvidas em relação ao ciúme. Logo de início ela informou
que o ciúme faz parte da natureza humana. É um sentimento bastante
complexo, é verdade, mas perfeitamente normal. Não nascemos
ciumentos, mas ao longo da nossa formação psíquica esse sentimento
vai se desenvolvendo.

O ciúme apresenta-se sempre como uma resposta perante a uma
situação que, perceptivelmente, represente a perda de  alguém que nos
é precioso ou que possa prejudicar a qualidade dessa relação de amor.
Pode se desenvolver a partir de um medo real ou imaginário, devido à
falta de confiança no outro ou em si mesmo. Se for exagerado pode ter
sido desencadeado por uma questão patológica.

O grau de intensidade do ciúme  é variável. O ciúme considerado
saudável apimenta e até fortalece a relação. Nesse caso, a pessoa
esquece com facilidade um episódio, de pouca importância,  que
tenha provocado ciúmes. Não fica ruminando o acontecimento durante
uma semana inteira e o motivo do ciúme é sempre um fato real; jamais imaginário. Quando o grau de ciúmes estrapola, a situação fica mais complicada. 
O per
fil do ciumento é o de uma pessoa de baixa auto-estima. A pessoa
a quem ama costuma ser a fonte de sua força, seu escudo e seu troféu.
O medo de perdê-la deixa-o frágil e inseguro. As características mais
comuns que envolvem o ciúme são sentimentos de perda e de
abandono. Receio de perder a admiração e o cuidado do parceiro (a)
de deixar de ser único e especial para os outros.  As relações que
motivam o ciúme se dá sempre em inter-relações (intrínsecas)relacionadas ao parceiro, familiares ou amigos. Em geral o ciúme aparece quando uma terceira pessoa interfere numa relação a dois. Pode ser também um grupo, um animal de estimação, um curso ou a carreira do parceiro.

A ausência de auto-estima faz com que o ciumento se sinta impotente ecom medo de perder a confiança em si mesmo. Teme a derrota  de, derepente, ser substituído por algo ou alguém que lhe roube a atenção do
ser amado. A pessoa não se reconhece nesta situação e às vezes lutaobssessivamente contra essa auto-imagem.

C
IÚME PATOLÓGICO
Os sinais de um ciúme patológico manifestam-se quando o ciumento(a)desconfia de que está sendo traído(a) sem nenhum motivo concreto. E acha que já não é mais tão importante para o parceiro(a) o quanto gostaria de ser.  

 Então a pessoa passa a deixar seus próprios interessesde lado para supervisionar a vida do outro. Telefona-lhe inúmeras vezes
por dia e se, por acaso não o encontra, fica se torturando com a
possibilidade de uma traição. Ora o ciumento fica triste, ora com raiva.


Os sentimentos negativos somam-se. Nada o tranquiliza ou o convence
de que seus ciúmes não tem razão de ser.
Outro exemplo comum de ciúme patológico, que acarreta sérios
de sentendimentos entre o casal,  é aquele que certas esposas têm em
relação à mãe dele; ou, desta, em relação à nora. Ciúmes que não tem
nenhum fundamento porque são dois tipos de amor diferentes e que
podem coexistir, perfeitamente. Há várias psicopatologias que tem como comorbidades o ciúme, tais como o Delírio de Ciúme, Transtorno de Personalidade Borderlaine,Transtorno Bipolar, entre o,tras. Podendo ser desencadeadas igualmente por doenças de origem psíquica, neurológica ou orgânica. Pessoas que sofrem de Transtorno Obsessivo Compulsivo podem serciumentas, mas isto não ocorre  necessariamente ao mesmo tempo.   

 TRATAMENTO
“Primeiramente o paciente precisa se conscientizar dos prejuízos queseus ciúmes estão causando à sua qualidade de vida e a de outras pessoas envolvidas”, diz a psicóloga. “O nível de intensidade, da frequência (desencadeantes) desses sentimentos irão determinar o tratamento psicoterápico. “ 

“Numa entrevista inicial, o psicólogo faz um levantamento do histórico
de vida do paciente  para que o profissional habilitado estabeleça
a diferenciação entre o ciúme saudável e o patológico.
Isto é fundamental  para o tramento ou a cura.” , Yolanda enfatisa.
Nos casos mais leves, o ideal é fazer com que os parceiros conversemhonestamente e exponham os motivos do seu descontentamento. É importante um falar e o outro escutar, alternadamente. Conduzi-los a
uma reflexão sobre o que sentem um pelo outro e se questionarem
sobre o que pode ser feito para melhorar a relação. Depois, juntos, chegarem a uma conclusão. 

ORIGEM DO CIÚMES 
“Segundo a linha da Psicanálise Tradicional (Freudiana) a origem dociúme pode estar relacionada com o chamado Complexo de Édipo, não resolvido”, Yolanda explica. “No Complexo de Édipo (relação triangular primária), a criança, entre os quatro e os seis anos de idade, tende a se identificar com o progenitor do mesmo sexo e simultaneamente tem ciúme dele pela atração que exerce sobre o outro membro do casal.” Na vida adulta, essas frustrações podem reaparecer sob forma de possessividade em relação ao parceiro ou mesmo uma paranóia (ciúme patológico). Neste tipo de paranóia a pessoa está convencida, semnenhum motivo evidente (fidedigno ou real), da infidelidade do parceiro;  passa a procurar “evidências” da traição. Evidências, entre aspas, porque para o ciumento podem parecer verdadeiras; mas no ciúme patológico tais evidências raramente são reais. A linha divisória, entre a fantasia e a realidade, a crença e a certeza frequentemente torna-se 
vaga e imprecisa.

No ciúme patológico as dúvidas podem se transformar  em idéias supervalorizadas ou delirantes. A partir daí a pessoa se vê compelida a verificar compulsivamente  sobre suas dúvidas. Procura saber onde o parceiro está, com quem está; abre correspondências, ouve telefonemas; examina bolsos, carteiras, recibos, roupas íntimas etc.
Exige do companheiro uma confissão, e até contrata detetives.
Enfim,  está sempre em busca de algo que esclareça suas dúvidas; a fim de encontrar alívio para os seus conflitos.
Mas nada satisfaz o ciumento ou o  tranquiliza.

CURA E RECONCILIAÇÃO DO CASAL
Algumas teorias consideram que casos mais graves podem ser curados
através da psicoterapia que passa por um esforço de auto-estima e da valorização da auto-imagem. Porém outras teorias criticam a visão psicanalítica tradicional, como por exemplo a esquizo-análise. 
Muitos casais têm brigas intensas por causa de ciúmes e acabam se
separando.  Daí  porque,  para salvar um casamento, vale à pena procurar
a ajuda de um bom psicógolo. 
Assessorados  pelo terapeuta, uma boa  conversa entre parceiros poderá resolver o problema e conduzi-los à reconciliação
Psicóloga entrevistada:
YOLANDA MINGUEZ JUAN
Consultório: CLÍNICA ESPAÇO SAÚDE ALPHA
Calçada das Margaridas, 336 – 1. andarBarueri/SP
Telefone: (11) 4191-5122:
Celular: (11) 989666655E-mail: yolanda.minguez@me.com  
 
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 13/06/2014
Reeditado em 22/03/2015
Código do texto: T4843474
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