SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO 4
Resenha Crítica
SOUZA, I. de l. Serviço e educação: uma questão em debate. Revista Interface, Natal/RN, v. 2, n. 1, jan/jun 2005.
Iris de Lima Souza, ao escrever seu artigo, inicialmente, mostra de forma geral o campo de trabalho do Assistente Social caracterizando-o como abrangente e dotado de interdisciplinaridade, o que segundo ela, auxilia no trabalho desse profissional. Porém, não levando em consideração a vastidão desse campo profissional, em qualquer área que o Assistente Social atuar, seu trabalho terá sempre o mesmo fim: sanar os problemas e questões sociais em relação a ela.
A partir dessas considerações gerais a autora especifica-as em relações ao campo de trabalho, focando na área educacional, em que mostra que este não foi indiferente aos teóricos e profissionais da Assistência Sociais. Assim, para mais bem predicar essa afirmação, a autora vê a necessidade de fazer uma retrospectiva, ou um estudo arqueológico, a respeito do trabalho e das contribuições da Assistência Social na educação, o qual se relata dos anos trinta até os momentos atuais.
Nota-se, então, que em cada uma dessas épocas citadas pela autora, ela mostra intervenções necessárias do Assistente Social na área da educação. Tais intervenções se convergem mais especificamente para um ponto comum que é promover uma melhoria nos processos educacionais, em que sempre houve inúmeros problemas e sempre haverá. Assim, o trabalho do profissional de Assistência Social na escola é: promover união entre família, sociedade e escola; atuar junto aos profissionais de educação; fazer com que o educando torne-se crítico do mundo, tendo a capacidade de enxergar além de sua própria realidade; procurar sanar as mazelas existentes no âmbito familiar que estejam atrapalhando aos alunos na escolarização, quais sejam de relacionamento, falta de alimentos etc. Todavia, esse serviço nem sempre foram de obrigação da Assistência Social. Como afirma a autora, inicialmente, tais problemas educacionais era legado às famílias, porém, tão logo as pesquisas científicas mostram complexidade na educação, houve a necessidade de uma mão-de-obra mais especializada e mais preparada.
Embora o trabalho do Assistente Social em cada época possa ser convergido em pontos específicos, como foi feito acima, nelas pode-se notar diferenças quanto à ordem política. Por exemplo, por causa da visão política populista essa profissão era vista mais como assistencialista; em outro momento em que o capitalismo se sobrepôs, o Assistente Social assumiu o papel de preparar os educandos para atuar no universo individualista do capital; todavia, atualmente, com o advento da democracia, essa profissão tornou-se coerente com esse regime, buscando o diálogo, a interação e a participação entre os atores da educação, o que se considera um avanço se comparado aos outros regimes políticos.
Nota-se, portanto, que ao fazer este estudo arqueológico a respeito do serviço da Assistência social no âmbito escolar, a autora vem, de forma satisfatória, mostrar a importância do profissional de Assistência Social nessa área especificamente, mas deixando implícita também as outras áreas. Além disso, mostra também que as discussões novas sempre serão levantadas frente aos problemas encontrados na atuação profissional, frente às novas ideologias políticas etc. Em relação às ideologias, a democracia, destacada exaustivamente pela autora, trouxe um sentido e uma coerência ao trabalho do Assistente Social que é promover, no âmbito educacional, o diálogo entre escola/família/sociedade. Esse já constitui um grande passo para a formação do cidadão consciente e livre para fazer suas escolhas. Porém, o interessante é que a Souza (2005) vai muito além, mostrando que em meio a essa dialogicidade é necessário observar o comportamento dos alunos fora de sala, a situação de seus famílias etc. O trabalho do Assistente Social na escola sem dúvidas contribui para a inserção do aluno na sociedade e diminui essa tarefa que atualmente o professor precisa desempenhar.
MENEZES, L. F. 2014