COMENTÁRIO DE ALDO FERNANDES SOBRE O TEXTO: http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4690657

há 2 horas ·

Aldo Fernandes Ficou excelente o seu texto Claudeko Ferreira, como todos os outros que tenho acesso. Há no início da crônica algo que não concordo, embora respeite a sua opinião. Não existe o sexo como lazer porque há muitos gays e lésbicas. O sexo é algo que é dito, controlado, policiado, disciplinado e por isso, governado,mas o sexo não é reprimido ( como acreditou Freud), ele é redito de outras maneiras. Também não acho que "se impedirem um casal gay de adotar uma criança serão taxados de discriminadores". O que penso é a perigosa via de negar direitos a todos e todas em detrimento de condição sexual. Também acho muito perversa a ideia de fomentar nas crianças esses dizeres do que é ser homem e mulher em sociedade. Claro, sei que quando nos posicionamos discursivamente no mundo nos colocamos a partir de nossas crenças e dos vários ditos que nos constituem. Não é a minha intenção julgar isso agora. Contudo, em relação ao seu texto há pontos muito pertinentes para arrolar aqui.Acho que as mídias potencializam uma hiperssexualização nesse tempo atual. O que analiso a partir disso é que há uma imposição social simbólica, claro, da eterna juventude. Percebo ainda uma 'pedofilização' nas interações sociais. Todas essas práticas são reguladas a meu ver pelo discurso, pois de acordo com alguns teóricos, o discurso é modo de ação, é uma forma de ação no mundo social do qual interagimos em práticas sociais. Bom, um exemplo a que muitos não percebem nessa pedofilização inocente é o discurso da higiene na depilação pubiana. Quem construiu essa verdade? Alguma instituição de poder que pode dizer isso. O que pretendo dizer com isso é que há pessoas que gostam de se depilar, outras não ( vide o caso da atriz Cláudia Ohana e Nada Costa ). Nesse sentido, essa depilação traz implícita uma pele lisinha, algo 'pedodesejado' que remete ao pueril. Outra coisa negativa com a exposição das crianças é que estas sempre foram negligenciadas, quando na Idade Média nem existiam discursivamente. Eram re-tratadas como adultos em miniaturas e participavam das práticas sexuais nos quartos dos adultos , já que o conceito de família nuclear é recente. Assim, nessa contemporaneidade quem está sendo potencializada em sua sexualidade não são somente as as crianças que tornam-se corpo-objeto-produto, coisificado e reificado, mas os adultos também. Tudo isso serve somente como manobra que visa o lucro das grandes potências capitalistas. Existe ainda outra coisa interessante para se pensar em relação a pedofilia e esses "deuses do lazer". Essa dita "patologia" não existia há alguns séculos e porque não anos, quando o discurso não havia criado esse dizer patológico. O que quero mencionar com isso é que, em outros tempos se casavam crianças com pessoas mais velhas e essa prática social não era tido como pedofilia. Não menciono aqui o endosso da pedofilia, mas preciso ter um olhar mais crítico em relação ao mundo que me insiro. Assim, a partir do que leio em alguns teóricos da sexualidade ( já que é o meu objeto de estudo é professor-sexualidade-discurso), essas marcas discursivas se reiteram e se moldam em diferentes contextos, sendo policiados ou aceitos em dada sociedade. Hoje falamos dos sexos desviantes, amanhã desviantes serão outros maneiras de ser na sociedade. Enfim, agradeço pela oportunidade em problematizar comigo o seu texto. Abraços.