O IMPERIALISMO DO SÉCULO XIX NO ENSINO MÉDIO: A ÍNDIA SOB OLHAR ORIENTALISTA E EUROCÊNTRICO

GOMES, Roger Marcelo Martins. O Imperialismo do Século XIX no Ensino Médio: a Índia sob olhar orientalista e eurocêntrico. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011. 13 págs.

Roger M. M. Gomes, é professor Titular de História Contemporânea, História da Ásia e História da Educação da Universidade Sagrado Coração (USC). Professor Mestre pela Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).

O artigo intitulado: O Imperialismo do Século XIX no Ensino Médio: a Índia sob olhar orientalista e eurocêntrico, revela de forma enfática o modo de se abordar no ensino médio questões a respeito do Imperialismo e consequente exploração, desenvolvida pelas nações europeias e norte-americana sobre as diversas nações orientais, principalmente a Índia, sob uma versão ocidental, desconsiderando vários aspectos de ordens socioculturais presentes nas diversas dinâmicas que se sucederam a partir do Século XIX e jugando estes mesmos aspectos a partir de uma ótica ocidental, o que o autor chama de orientalismo. Ressaltando-se ainda mais a cultura europeia e dando preponderância a esta frente as demais o que denomina-se de eurocentrismo. Também é feito um paralelo entre três diferentes sistemas de apostilas (Anglo Sistema de Ensino, Objetivo Sistema de Métodos de aprendizagem, Sistema de Ensino Poliedro) que abordam o tema Imperialismo, e são utilizadas para o ensino do componente curricular de História no Brasil, em relação a didática utilizada pelo sistema educativo indiano em lidar com o mesmo tema.

No primeiro subtítulo ‘Orientalismo e Imperialismo’, o autor apresenta conceitos sobre ambos os temas, com enfoque nas definições e mostrando as suas características, utilizando para isto a ideia de alguns autores como E. W. Said (2007), H.H. Bruit (1994) e através deste Lênin (1916), E.J. Hobsbawn (1998), Mesgravis (1994), Panikkar (1977), todos estes autores juntamente com o já referido material apostilado serviram como referências para o texto de Gomes. Insere neste mesmo tópico a visão sobre Neocolonialismo e Imperialismo, onde segundo o autor ambos tratam do mesmo tema. Se inicia neste ponto uma análise crítica sobre como é realizado a abordagem sobre o oriente nos diversos meios de comunicação e no sistema escolar.

O segundo subtítulo ‘A conquista da Índia’, Roger M. M. Gomes inicia com uma análise de maior profundidade, para isto atendo-se de forma bem mais restrita ao campo Indiano. Buscando mostrar como o contexto sociocultural, religioso, econômico e político nutriram em alguns estudiosos ingleses uma visão distorcida sobre uma cultura indiana “inferior” ou “bárbara”, e a já tão conhecida na época, cultura inglesa “superior” e “civilizada”, que legitimava uma dominação por parte desta segunda sobre a primeira, em uma espécie de darwinismo socioeconômico e cultural que tentava destruir e dominar a Índia em todos os aspectos, destruindo “os males” desta civilização. Ao mesmo tempo o autor coloca o início da organização de uma resistência por parte da sociedade indiana com movimentos armados que culminam na Guerra dos Sipaios em 1858, e movimentos de linha mais diplomática e/ou pacifista como o Congresso Nacional Indiano em 1885, e o movimento épico liderado por Mohandas Karamchand Gandhi que consegue disseminar a ideia de independência na sociedade hindu. Desta forma ele enfatiza a necessidade de uma visão mais coerente e honesta com as diversas sociedades orientais e as dinâmicas que se sucederam neste período.

O terceiro e último subtítulo, ‘O Imperialismo e Neocolonialismo no ensino médio’, Gomes apresenta as formas de abordagem destes temas no sistema de ensino brasileiro em nível médio, onde é apresentado como positivo e natural a dominação das diversas nações asiáticas e africanas pelas potências dominantes da época, limitando as diversas discussões em torno das potências dominadoras, deixando a margem as colônias. Este fato segundo o autor contribui para uma visão de inferioridade das culturas orientais e africanas, e o consequente aumento do eurocentrismo e menosprezo das demais culturas.

Faz-se necessário a leitura e divulgação do presente artigo no mundo acadêmico, para reflexão do modo como é regido o estudo sobre o Imperialismo desenvolvido pelas potencias dominantes daquela época (Século XIX) e toda a importância sociocultural que está ligada a esse tema de vital importância, não só para a educação como um todo, mas para a formação intelectual do indivíduo, de sua capacidade crítica, de sua consciência e de sua cultura.

Ildebrand Gutemberg
Enviado por Ildebrand Gutemberg em 11/02/2014
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