O CRISTO DE GRÜNEWALD 
UMA RESENHA SOBRE ARTE PLÁSTICA


 Imagem -Artes Plásticas-expressionismo 
*Mathis[Mathias] Grünewald - Nasceu em Würzburg em um ano incerto e falecido em Frankfurt em 1527, começou a construir e a pintar o altar de Isenheim em 1512.
É uma obra imensa, com oito metros de altura e é um políptico, ou seja um painel desdobrável, como um gigantesco livro, com muitas partes. Ali estão as imagens da flagelação ao calvário de Cristo.
Alguém que realize a sua primeira viagem a Colmar (pequena cidade a nordeste da França) recebe um choque talvez para toda a vida e terá a certeza de ter visto a obra suprema da pintura universal. E pensará: - "Além...mais além... Não se pode ir"; e “Não há lacuna no mundo, reservada à arte, que possa acomodar algo nem ao menos de longe semelhante.”

Não estou falando do deslumbramento da beleza estética, mas da pureza do Belo desmembrado do mundo dos fatos seculares. Estou falando do choque cênico que transcende a procura de alguém que vai buscar meramente uma imagem realista.
Quem olha para o Cristo de Grünewald pessoalmente, posto de frente à obra de arte, jamais terá apagada da retida aquela visão.

Ninguém nunca poderá competir, senão com a imaginação, com as cores profundas e intensas: amarelos que cintilam, os azuis celestiais, aqueles rosas que parecem exalar perfume idêntico à sua cor , as cores negras lamuriosas, de uma tristeza cortante. Com esses “Cristos crucificados ou ressuscitados”, com esse hino de acordes agudos e pungentes que desterram a condição miserável do homem. Essa estranhíssima conformidade de sentimentos de extremada piedade mística: o levará às lágrimas, - se não o fizer externamente , internamente o fará.

Cristos revestidos de voluta magia, com vertiginosa explosão da imaginação criadora; com essa tranquila coragem em alcançar as fronteiras do inexprimível. Sem contudo não haver presente a beleza, na integral acepção do Belo: “O belo, porém, tem algo mais que todas as outras formas inteligíveis; - é a única que pode ser vista também pelos olhos físicos, além de o ser pelos olhos da alma.” Sobretudo da alma!

Quem observar o alcance atingido - além do realismo cru – um realismo em plano superior, constantemente em expansão, verá na obra de Grünewald, apesar da atrocidade das expressões e um “horror” da máscara facial; uma compungente beleza na santidade que esvai do observador para a imagem e da imagem para o observador. É esvair-se para ser preenchido. Desviamos o olhar, como se fossemos tomados de culpa. Certo horror de cumplicidade numa culpa milenar. Nenhuma outra obra, creio, teria esta força. Talvez pela beleza estética nos cativasse nos enternecesse. Mas não nos arrostaria a um arrepio de cumplicidade no sentido da culpa milenar; nesse assassinato, após tortura e martírio infindável.
Ao reverso toda nossa alma se penitencia, em genuflexão em suas profundezas, e nos afastamos sentindo infinita leveza por nos ter ocorrido a piedosa constrição.

E saímos sabendo que não é um cultuar, pois que somos amantes da arte e ali estamos como observador. Mas o mérito, o pano de fundo está por trás da ilusão tridimensional que o artista, sobre um suporte plano, usou de todo seu talento. Talvez nem ele sabendo, atingiu a sublimação do impacto que causa tal efeito.

Sumariando sobre todo o referido acima: Jesus Cristo, não teria visto beleza estética em Lázaro que já estava se decompondo, quando Ele o ressuscitou! Mas sem duvida, tanto Cristo viu a maior beleza no amigo voltando à vida, bem como todos os familiares de Lázaro. Por certo houve choros de alegria incontida. Quem não acharia lindo ter de volta um ser amado, que nos deixou? Mas, por acaso é linda a morte, ou é lindo o corpo imóvel do morto, quando mais começando a se decompor?

É nesse sentido que elaboro esta resenha. Há uma citação corriqueira que a direi, e explicarei: “Quem ama o feio, bonito lhe parece”! Quero dizer com isso que, Cristo na Cruz do Calvário, não está belo nem lindo fisicamente, pelas torturas e os sofrimentos que lhes foram impingidos. Mas o que dEle transcende à nossa alma e entendimento, é, a suprema Beleza, é o Belo em forma Divinal. É o traspasse de toda a entrega, imolação e amor aos seus semelhantes (filhos do homem) doando-se extremadamente pela humanidade.
Desta forma, podemos ver a obra de Grünewald, “seus Cristos” (obras de arte) não são “belos” nem “prazerosos” de serem vistos com olhos puramente estéticos e materiais. Mas, à medida que somos tomados pela compulsão da alma (falamos de nós; cristãos de fé) somos arrebatados a dizer:
“O que os homens fizeram contigo Mestre! Perdão, Perdão!”


*Mathis (Mathias) Grunewald - Artista Plástico, pintor e desenhista, era alemão, nascido em Würzburg (Wurtzburgo). Foi precursor do Expressionismo. Como foi o precursor não tinha conhecimento disso (da denominação) era seu estilo de pintar. Seus seguidores é que passaram a formar a Escola Expressionista. Também era seguidor dos ensinamentos (doutrina) de Frei Martinho Lutero, que separou-se da Igreja de Roma e pelo Movimento Reformador, instituiu o Luteranismo, origem do Protestantismo e demais igrejas reformadas.
** Sugiro busca no Site: Os Cristos de Günewald , ou Mathias Grünewald pela:(wikipédia - Inglês, possível a tradução, mas perde-se muito o sentido dos termos e períodos).





 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 05/02/2014
Reeditado em 31/05/2014
Código do texto: T4678746
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