AMOR À VIDA II

AMOR À VIDA II

AMOR À VIDA fechou as portas com chave de ouro.
Geralmente as novelas terminam um pouco estouvadas, na intenção de dar um resultado apressado para questões abordadas passo a passo no decorrer dos capítulos; o que tira um pouco o brilho do trabalho.

Walcyr Carrasco foi cuidadoso em dar um desfecho equilibrado para cada situação. Mas o que mais me despertou a atenção e me causou admiração foi o perfil do vilão.

Como eu já disse, nunca tinha visto um vilão mais engraçado, que me divertisse tanto, com tiradas sarcásticas, mas tão inteligentes que só poderiam ter saído de uma mente brilhante como a do autor da novela.

O personagem Felix lembrou-me muito o grande costureiro brasileiro, Clodovil Hernandes, que tinha um humor refinado e sempre uma frase pronta na ponta da língua, cujo sarcasmo fosse talvez em defesa do preconceito ferino que sofreu no decorrer de sua vida. Nem nos seus últimos momentos de vida foi respeitado. Mesmo já muito enfraquecido, ao deixar o hospital, não faltou quem o apedrejasse.

Eu admirava Clodovil primeiramente pelo seu talento; depois, pela inteligência, elegância, seu poder de superação e seu imenso carinho pela mãe. Tirando as maldades, o Felix me fez recordá-lo e ter saudades.

O sarcasmo e a ironia; as respostas ligeiras, o raciocínio veloz, o porte elegante de Felix... Tudo isso Mateus Solano representou perfeitamente bem; relembrando-me o grande costureiro brasileiro.

Igualmente aplaudi a decisão de Carrasco em transformar o vilão (centro das atenções da novela) numa pessoa de bem, que aprendeu e se regenerou através do sofrimento e do amor; amor que recebeu das pessoas de quem ele menos esperava. Quanto ao Mateus Solano, simplesmente se superou na arte de representar. E, se eu já apreciava o trabalho dele, agora muito mais...

Carrasco mostrou que os gays são pessoas comuns, iguais a todas as outras. Têm seus sonhos, sentimentos, um caráter nobre e talento para o trabalho. São capazes de serem excelentes profissionais e de ter gestos de solidariedade; como demonstrou a personagem de Nico, também muito bem representado.

Suzana Vieira cujo trabalho acompanho e admiro, desde “O anjo mau”, foi brilhante. Interpretou com grandeza a dor de muitas mulheres traídas ou abandonadas, só porque a idade chegou e a beleza, por mais cuidados que se tenha, escapa...

Antonio Fagundes também se superou. De todos os trabalhos que fez este foi o mais exuberante, representando o pai preconceituoso que não vacila em magoar o filho gay; e o homem ingênuo e maduro, que se torna uma presa fácil de uma jovem linda, caindo facilmente em terríveis armadilhas. A personagem Aline foi perfeita para demonstrar como isso acontece!

Essa novela mostrou também que ninguém pratica o mal impunemente. Tudo que se faz de errado tem uma consequência ruim. Que ninguém é suficientemente perfeito para julgar o outro. Que haverá sempre uma chance de sair do mal caminho e trilhar o caminho bem e do amor; o único que nos conduz à felicidade.
A última cena da novela foi linda! A reconciliação de pai e filho, dando-se as mãos e vislumbrando um novo horizonte.
Antonio Fagundes e Mateus Solano... Parece que foi Deus que os uniu para fazer esse emocionante trabalho.
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 01/02/2014
Reeditado em 24/05/2014
Código do texto: T4673969
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