Relacionando Bauman a Ana Bock

A teoria de Zygmunt Bauman diz respeito à fragilidade dos relacionamentos na sociedade atual. Em seu livro “Amor Líquido”, Bauman critica a “liquidez” existente no mundo. Essa liquidez se dá de forma que as pessoas não buscam mais por relacionamentos sólidos, longos e duradouros. Isso ocorre devido ao medo do sofrimento, da solidão. As pessoas buscam por satisfação instantânea e prazeres passageiros, ensinam umas as outras a como se esquivarem de qualquer tipo de compromisso, tendo-o como uma ameaça. E quando entram em um relacionamento, estão, a todo momento, preocupados em como rompê-lo sem dor, ou seja, buscam por relacionamentos leves e frouxos. Para o autor o amor, em si, é hoje tratado como uma mercadoria, algo ultrapassado. Para tal modo de viver, criou-se as redes. Nelas, há a facilidade em “conectar-se” e “desconectar-se”, assim, as conexões são estabelecidas e cortadas por escolha. São feitas sob medida para o mundo líquido e as possibilidades românticas surgem e desaparecem numa velocidade crescente e em volume cada vez maior.

Já no livro “As Psicologias”, a autora Ana Bock expõe o que são os afetos, os sentimentos e as emoções de uma maneira técnica e faz a distinção de ambos ao mesmo tempo em que reforça a importância da vida afetiva do indivíduo que resulta em parte de sua subjetividade, sendo assim, parte fundamental na compreensão na totalidade do ser.

A meu ver, estão relacionados de forma que, Bauman nos mostra o quão banalizados estão os sentimentos e afetos ensinados por Ana Bock.

A sociedade não prioriza os valores sentimentais (o que é um problema cultural visto que muitas vezes ensinamos as crianças que homem não pode chorar) visam apenas a esquiva devido ao medo de rejeição, sofrimento, solidão quando na realidade são absolutamente naturais e fazem parte do ser humano. “Não temos por que esconder nossas emoções. Elas são nossa própria vida (...)”, estamos nos encaminhando para o oposto dessa afirmação, ocultando e ignorando o que sentimos afim de fugir ou pular uma parte tão essencial para nossas vidas que é justamente o sofrimento essencial para adquirir experiências.

O papel a ser exercido pelos psicólogos e assistentes sociais é, como conhecedores desta realidade, buscar analisar o ser humano como um todo, e não somente em aspectos fragmentados, pois a vida afetiva complementa o indivíduo, é fragmento constante e fundamental, definitivo no processo de formação e, apesar de seus reais valores estarem desaparecendo, cabe a nós tentar resgatá-los e mostrar para a nossa sociedade líquida que o sólido é parte fundamental em nós.

YColuci
Enviado por YColuci em 25/11/2013
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