Sob o signo da cearensidade: uma análise do ethos discursivo...
A presente pesquisa aborda o estudo da obra literária na perspectiva da Análise Critica do Discurso, embasada pela fundamentação teórica de Dominique Maingueneau. O interessante nesse trabalho é o tratamento dado a obra literária a partir do contexto de produção e circulação dela. Além disso, abre espaço para que o estudo literário identifique ethé que representam uma caracterização do homem do sertão cearense os quais refletem relações assimétricas de poder. Diante disso, ethé validados pela pesquisa foram os da resignação e da religiosidade. A obra literária tem sido tratada, por algumas concepções teóricas, a partir de sua estrutura, autores, estilos e características de escolas literárias a qual está filiada. Maingueneau (2006) critica esse tipo de análise e trata da emergência de uma teoria para a análise literária que procure dar conta das condições de produção, recepção e discursos. Ele afirma que a obra se enuncia através de uma situação que não é um quadro preestabelecido e fixo: ela pressupõe uma cena de fala determinada que precise validar por meio de seu próprio enunciado. Nessa perspectiva, ele trata das cenas da enunciação (englobante, genérica, cenografia) e do ethos na perspectiva de tom, caráter e corporalidade, como elementos que validam esse enunciado. Essa pesquisa, ancorada nessa perspectiva teórica, procura analisar o ethos discursivo do homem do sertão do Ceará nas produções literárias: O sertanejo, de José de Alencar e Cordéis e outros poemas, de Patativa do Assaré. Os resultados desse trabalho apontam como ethé validados pelas cenografias do sertão: o ethos da religiosidade, da resignação e da resistência em O sertanejo, e o da religiosidade e resignação em Cordéis e outros poemas, prevalecendo nas duas obram um discurso que caracteriza uma predominância do ethos da religiosidade sobre os demais.
Dissertação (2010) disponível em: http://www.uece.br/posla/