Maquiagem por favor

A ditadura não foi derrotada, ela apenas se disfarçou daquilo que as pessoas mais queriam: liberdade.

Hoje acredita-se que nós temos a liberdade de falar o que quisermos, comer o que quisermos, liberdade de ir e vir, de escolha, de ler o que quisermos. Mas isso tudo é uma grande ilusão.

Com a imensa liberdade conquistada, pessoas tornaram-se reféns, escravas e dependentes completas de programas sociais e do governo; estamos na ditadura econômica e intelectual, onde o ensino que o estado oferece é o pior possível para que o povo seja sempre burro, onde não conseguimos adquirir algum bem sem créditos ou endividamentos; somos reféns das informações que a mídia (concessão governamental – logo manipulável) nos passa, informações tendenciosas, falsas ou obscuras.

A repressão vem das frustrações impostas para qualquer conquista. Temos que implorar por saúde, segurança e educação de qualidade, das quais não temos nenhuma. Temos que nos matar de trabalhar para comprar algo. Alimentamos com impostos a máquina governamental legal e ilegal.

O brasileiro foi, propositalmente, mal acostumado. Sempre querendo as coisas do jeitinho fácil, sempre coniventes com situações ilegais, sempre bombardeados por mentiras e programas “degenerativo-cerebrais”. Cada vez mais dependentes do seu governo, e cada vez mais cegos pela programação televisiva.

Por isso hoje é tão dificultoso lutar contra um sistema do qual boa parte da população depende.

Brasil ainda escraviza, explora, rouba e compactua com políticas internacionais inumanas, com tanto eufemismo e perspicácia, que eventualmente caímos no erro de acreditar em sua benevolência. Tão poucas e falsas são nossas fontes de informações.

Além da repressão psicológica, econômica e intelectual, quando alguma parte da população percebe esse governo corrupto e se manifesta, vem a repressão física e midiática. Onde sobram pancadas e apenas as grandes redes de televisão “possuem alvará” para filmar tudo. A polícia, como fantoche do estado, cumpre seu papel. A mídia transforma heróis em vilões, e coloca cada vez mais aqueles que ficaram atrás das televisões, na segurança de suas casas, contra os manifestantes.

Por isso eu digo: a ditadura não acabou, ela só mudou de nome. Continuamos fazendo somente o que nosso governo permite.

Muita gente pode querer dizer, “você não sabe como era naquela época, tal hora não podia estar na rua, se fosse pego sem documento já era, existia tortura, etc.”

Inquestionavelmente existe a liberdade, mas “um sistema entrega a mão para salvar o braço”, como já ouvi em um filme que retrata ligeiramente a corrupção neste país. E a ditadura estava com seus dias contados, ou se rearticulavam para continuar no poder, ou cairiam todos. E isso é um fato verídico, pois ainda existem governantes que apoiaram o militarismo.

Sem contar que, direito de ir e vir existe até que algum criminoso (produto justamente da péssima administração deste país) cruze nosso caminho. E tortura é uma mãe perder o filho em assalto, filho perder o pai em roubo, paciente morrer na fila na espera por atendimento no hospital, estupro, violência contra criança, isso também é tortura.

Enquanto condenados, criminosos e bandidos governarem, em qualquer âmbito, o país será sempre o lixo que é hoje.