AMOR À VIDA
nair lúcia de britto
Walcyr Carrasco, autor de temas leves como “Alma Gêmea”, surpreendeu os telespectadores com a criação de uma novela bastante apimentada na qual boa parte dos personagens têm uma conduta que fere a dignidade humana e, portanto, nada exemplar.
Na trama, envolvente e bem traçada, um casal apaixonado não respeita nem o hospital, como local de trabalho; uma virgem que quer porque quer perder a virgindade, com quem não importa; um hippie que teima em viver na vadiagem; uma secretária que seduz o chefe por interesses pessoais; uma mãe que empurra a filha para um casamento de interesse; uma filha que se deixa dominar pelos falsos argumentos da mãe, em relação à felicidade; um marido que não valoriza a esposa e um pai homofóbico é o personagem mais triste da história.
Paralelamente Walcyr coloca outras situações de ordem social que envolve os homossexuais; os personagens de comportamento mais correto, no desenrolar da novela; com exceção do vilão terrível, mas também o vilão mais engraçado.
Uma observação relevante e plausível: não há cenas de violência absurda no trabalho do Walcyr (um apelo destrutivo, mas muito utilizado, ultimamente). As cenas de sexo também são discretas, requintadas e de curta duração. Diferente do que acontece em outros trabalhos, que se dizem artísticos, mas mais parecem filmes pornôs.
Segundo pesquisa, “muitos internautas acusam a Globo de tentar destruir a “família tradicional brasileira ao tentar colocar na mente das pessoas que é normal a nova configuração familiar”.
Aqui, eu defendo a Globo e Walcyr Carrasco porque estou certa de que o dramaturgo não quer convencer ninguém de nada. Apenas está mostrando a dura realidade do que está acontecendo dos tempos atuais.
A meu ver, o autor só induz o telespectador a uma reflexão sobre as atitudes indignas de pessoas que não medem seus atos para obter sucesso material.
A homofobia não tem fundamento moral, nem religioso. É um desrespeito ao livre arbítrio do outro, porque ele é diferente. Um pai homofóbico, me desculpem, não merece o nome de pai. Porque a preocupação do que “o que os outros vão dizer” é mais importante do que o amor e o dever que um pai deve ao filho. Um filho não é uma mercadoria que tem que obedecer regras de perfeição. É um ser humano, cuja natureza tem que ser respeitada.
A falta de conhecimento de pessoas, órfãs de Escola e aprendizado, é compreensível; mas a ignorância na política e na religião é inadmissível!
Os psicólogos e psiquiatras, que estudaram para valer, para terem o conhecimento que têm, estão cansados de explicar que o homossexualismo não é doença e nem perversão. É uma característica física, cuja escolha coube unicamente à natureza genética que, como qualquer outra natureza, foi criada por Deus.
É desumana essa perseguição da sociedade. É essa maldade que merece repúdio. Quantas pessoas que se gabam de ser heterossexuais são pervertidas e se escondem atrás de uma máscara de moralidade.
Outra questão importante é sobre a espiritualidade. Walcyr lembra que o amor, quando é puro, nos acompanha até a eternidade.
Parece ficção, mas é realidade.
Nota da comentarista: Parabéns ao elenco de AMOR À VIDA, pela brilhante interpretação;
ao Walcyr Carrasco, pela originalidade do trabalho: à Globo e a todos os meios de comunicação, que estão combatendo o preconceito, que causa tanto sofrimento, e incentivando a paz e a
igualdade social.