A Revolução dos vinténs. Não, o despertar da “Revolução”

Porque é da natureza humana se deixar influenciar. Não que eu vá, longe de mim, dizer que os movimentos atuais não têm vigor e potência para mudar este país, contudo, talvez, não seja este o momento apropriado para tal feito. Ora, notem a realidade do Brasil, há anos somos assim, e só agora, em meio a COPA, “O Gigante Acordou”? Oh, por favor, não é bem por aí, aliás, definitivamente não é por aí.

Notem, por favor, ao seu redor a repercussão de seus atos, a quem vós vindes atingindo. Olhem, com atenção, quem constitui este Brasil. Não é, parando uma cidade, impedindo os trabalhadores exaustos de irem a suas casas, que os senhores serão capazes de mudar este país. Revoluções ocorrem, em geral, não através da faceta mundana feita pelas multidões.

Peço mais uma vez que olhem ao seu redor, olhem para as escolas, olhem para as cidades, analisem e reflitam sobre sua estrutura e infraestrutura. Vejam como a segurança é decadente, notem a violência e o péssimo treinamento dos “guerreiros da nação”, vulgo os policiais – aliás, os marginais legalizados –, é particularmente interessante ver tudo isto.

Mas claro: vocês pretendem sanar a isto também! Ou não, meus senhores. Compreendo que parece ser interessante, e deve mesmo, abrir imensamente vossas bocas, com os seios estufados e dizer, alguns gritarem, que estavam “escrevendo a história”, que “fizeram parte da ‘revolução’”, de fato, deve ser ótimo para o ego, para a sociedade, e para os amigos, dizer algo assim. Mostrar o quão grande é o espírito revolucionário individual, e o quão preocupado com a nação estava. Mas lhe pergunto: Até então, o que você fez por esta nação?

Não que eu possa vos julgar, mas a vossa consciência, por necessidade, deveria.

É muito prático, lindo e maravilhoso começar uma “revolução” quando algum grupo resolve fazê-la e, sabe se lá Deus por que, consegue “fazê-la”. Mas e você? Porque não iniciou sua própria revolução? Como até então ajudou a sua nação? Como você, durante os anos em que o gigante não havia despertado, contribuiu para as melhorias deste país?

Foi você, após aprender os conteúdos escolares básicos, quem explicou aqueles que não sabiam? Que se locomoveu até escolas e favelas, as quais não tem acesso à educação básica de qualidade e compartilhou o que aprendera? Fora o senhor que saiu da frente do facebook para fazer trabalho comunitário? Foram os senhores quem ergueram em prol da doação de sangue? Quantos órgãos você doou? A quantas pessoas ajudou? Por quantas vezes revolucionou a sua realidade? E quantas outras se preocupou com o bem estar das pessoas ao seu redor?

Quantas vezes agiram como verdadeiros cidadãos? Por vezes vocês deixaram de agir com o clássico “jeitinho brasileiro”, ao invés de tomar um posicionamento moral e correto? Quantas outras, por favor, pensaram conscientemente antes de votar? Foram vocês que se prontificaram em fazer deste país o que é hoje e, por favor, não jogue esta culpa em alguém diferente de si mesmos, afinal este país não é feito apenas de políticos corruptos, este país não é feito apenas de presidentes que “não fazem o seu trabalho” e muito menos de cidadãos honroso e éticos que sempre se preocuparam com esta nação.

Sinceramente? É muito fácil erguer-se para uma causa “pronta”, chama-la de sua, ir às ruas, gritar, andar e, por fim, comemorar uma “vitória” – que mais me soa uma derrota. Mas é muito difícil mudar. E mudar a sua realidade, as das pessoas ao seu redor, mudar as coisas, as coisas importantes para você. E principalmente, é muito, muito difícil mudar a si mesmo. Antes mesmo de “mudar o país” deveríamos olhar para nós mesmo e nos mudarmos, porque mudar um país, talvez, por incrível que pareça, pode não ser tão difícil assim. Mas mudar quem somos e as nossas realidades, para só então mudar um país, está aí uma coisa difícil de se ver.

Será mesmo que o gigante acordou?

Tenho cá as minhas dúvidas.

Victor Said ss
Enviado por Victor Said ss em 20/06/2013
Reeditado em 27/06/2013
Código do texto: T4350455
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