Psicologia Histórico-Cultural e desenvolvimento da atenção voluntária: Novo entendimento para TDH.
De acordo com Leite & Tuleski (2011) este artigo discorre sobre o desenvolvimento da atenção voluntária de acordo com a Psicologia Histórico-Cultural, tendo como objetivo, possibilitar uma nova compreensão do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Esta nova compreensão vai bater de frente com as concepções hegemônicas a respeito da temática, entendido como decorrente de desajustes no organismo do sujeito. Ao decorrer do texto as autoras concluem que; “a perspectiva teórica utilizada possibilita não apenas um novo olhar para os problemas de desatenção e comportamentos hiperativos, mas também novo planejamento de práticas capazes de promover o desenvolvimento da atenção”.
O artigo completo, desde resumo a considerações finais encontram-se nas seguintes paginas desta revista, de 111/119. O artigo está dividido em 03 capítulos, estando eles na seguinte ordem: 1° Do “reflexo de orientação” à atenção voluntária: o caminho de humanização proposto pela Psicologia Histórico-Cultural; 2° O processo de desenvolvimento da atenção: do interpsicológico para o intrapsicológico; 3° Das possibilidades educativas que se abrem na contramão da concepção hegemônica.
As autoras tiveram como foco principal fazer uma reflexão sobre o fato de como atualmente é tratado o Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). De acordo com o que foi lido, Atualmente, a forma mais comum e aceita para esse tipo de tratamento esta relacionada à ideia de que indivíduos com TDAH têm problemas na transmissão e recaptação de neurotransmissores como a norepinefrina e a dopamina. As explicações mais comuns para esse padrão persistente de desatenção é compreendido como sendo um desajuste no organismo do indivíduo. Ou seja, um problema de etiologia genética. Porém as autoras ressaltam que: “É importante destacar que a origem genética do problema não está completamente confirmada, no entanto, pesquisas nesta direção servem para reforçar a opinião de que o ambiente não contribui para o desenvolvimento do problema”. E destacam ainda que o me¬tilfenidato, mais conhecido como anfetamina, e que pode ser considerada a mais utilizada nesse tipo de tratamento, pode desencadear efeitos colaterais que vão desde os mais leves, como perda de apetite, náuseas, cefaleia, perda do sono, tristeza e irritabilidade, até os mais graves/severos, como convulsões, alucinações, tiques, problemas no crescimento e, em alguns casos, pode causar dependência.
Para ressaltar o acima citado sentiu-se a necessidade de se utilizar de uma citação de Diniz (2009);
A Ritalina, nome comercial do metilfenidato, foi lançada em 1956. O efeito paradoxal do remédio é que, embora seja um estimulante, em doses muito precisas ele acaba por acalmar seus usuários, ao torná-los mais concentrados – daí seu uso em crianças hiperativas. O mecanismo de ação da Ritalina ainda não foi completamente desvendado. Só neste ano, estima-se que será vendido no Brasil 1 milhão de caixas de Ritalina, fabricado pelo laboratório Novartis. A principal razão desse aumento é o fato de que o diagnóstico do distúrbio se tornou mais comum e indiscriminado (DINIZ, 2009).
As autoras citam Vigotski psicólogo soviético que, juntamente com A. R. Luria (1902-1977) e A. N. Leontiev (1903-1979), que desenvolveram a teoria da Psicologia Histórico¬-Cultural. Utilizam tais autores para poder desenvolver uma reflexão sobre a relação entre o inato e o aprendido, sobre o individual e o social e principalmente ressaltar que nós seres humanos somos desenvolvidos não apenas com os nossos comportamentos instintivos, mais sim que a cultura de cada povo ou nação, também esta relacionado a este desenvolvimento. As autoras se utilizam ainda de exemplos sobre atenção involuntária e voluntária, para ressaltar a relação e dependência de uma com relação à outra.
O texto nada mais enfatiza do que a necessidade de compreendermos que pode sim existir casos de que o paciente necessite de medicamento, mais que isso não deve ser uma exigência ou uma única forma de tratamento. Afinal se sabe do alto índice de banalização e rotulação que existe com relação a essa temática, no próprio texto consta que muitos casos são diagnosticados com apenas uma sessão (entrevista) ou na maioria das vezes simplesmente medicam, ai a criança fica mais “calma”, e logo se conclui que sim, ela era hiperativa.
E por crer que nós façamos parte de uma sociedade que consequentemente também é responsável pelo nosso modo de agir (se comportar) é que se acredita que ela também possa ser a causa deste déficit, e que não seja possível se diagnosticar uma patologia como essa sem antes compreender o contexto social no qual essa criança vive. Principalmente quando falamos em trabalho dentro da escola, a psicologia escolar ou educacional, considera apenas diagnósticos que tenham sido feitos para compreender as seguintes vertentes: Escola, Família e aluno. Após essas investigação se acredita ter um bom embasamento para se chegar a um diagnóstico favorável.
Por fim, recomendo a obra para nossos profissionais que estejam ligados direta ou indiretamente a esse tipo de demanda e principalmente aos profissionais da educação para que eles possam estar atualizados e atentos a essa realidade que se faz presente no âmbito escolar.
Patrícia de Queiroz, Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Anhanguera – Leme.
FONTE: DINIZ, M., Os equívocos da infância medicalizada, Col. LEPSI IP/FE-USP 2009, disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000032008000100056&script=sci_arttext Acesso em: 29/10/2012
LEITE, H. A., & TULESKI, S. C. (JAN-JUN de 2011). Psicologia Histórico-Cultural e desenvolvimento da atenção voluntária: Novo entendimento para TDH. Acesso em 29 de 10 de 2012, disponível em Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional: C:\Users\Patty\AppData\Local\Temp\TDAH TExto.pdf