Sidarta Gautama, segundo o Wikipédia
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Sidarta Gautama, popularmente dito e escrito simplesmente Buda, foi um príncipe da região nordeste da Ásia Meridional que tornou-se professor espiritual e fundou o budismo. Na maioria das tradições budistas, ele é considerado como o "Supremo Buda" (Sammāsambuddha) de nossa era, Buda significando "o desperto". A época de seu nascimento e de sua morte são incertos: a maioria dos primeiros historiadores do século XX datava seu tempo de vida como sendo de por volta de 563 a.C. a 483 a.C.; mais recentemente, contudo, num simpósio especializado nesta questão,[3] a maioria dos estudiosos apresentaram opiniões definitivas de datas dentro do intervalo de 20 anos antes ou depois de 400 a.C. para a morte do Buda, com outros apoiando datas mais tardias ou mais recentes.[4]
Gautama, também conhecido como Śākyamuni ou Shakyamuni ("sábio dos Shakyas"), é a figura chave do budismo: os budistas creem que os acontecimentos de sua vida, bem como seus discursos, e aconselhamentos monásticos foram preservados depois de sua morte e repassados para outros povos pelos seus seguidores. Uma variedade de ensinamentos atribuídos a Gautama foram repassados através da tradição oral e, então, escritos cerca de 400 anos depois. Os primeiros estudiosos ocidentais tendiam a aceitar a biografia do Buda apresentada pelas escrituras budistas como verdadeira, mas, hoje em dia, "os acadêmicos são cada vez mais relutantes em clamar como aptos os fatos históricos dos ensinamentos e da vida do Buda."[5]
[.] Biografias tradicionais
As fontes primárias de informações sobre a vida de Siddhartha Gautama são os textos budistas. Estes são compostos por uma grande variação de biografias tradicionais, a qual estão incluidos, o Buddhacarita, Lalitavistara Sūtra, Mahāvastu, e o Nidānakathā.[6].Destes o Buddhacarita é a biografia completa mais antiga, um poema épico escrito pelo poeta Aśvaghoṣa, e que data por volta do começo do séc II a.C.[7].O Lalitavistara Sūtra é a segunda biografia mais antiga, e a biografia Mahāyāna/Sarvāstivāda data do séc III d.C.[8].O Mahāvastu extraído do Mahāsāṃghika Lokottaravāda é outra grande fonte de biografia, composto e incrementado desde o séc IV a.C..[9].Por último, o Nidānakathā da escola Teravada do Sri Lanka, composto no séc V a.C por Buddhaghoṣa.[10].
Das fontes canônicas, o Jātaka, Mahāpadāna Sutta (DN 14), e o Ac
chariyaabbhuta Sutta (MN 123) incluem registros seletivos que apesar de serem antigos, não são biografias completas. Os contos de Jātaka, registra as vidas prévias de Gautama como um bodhisattva, e a primeira dessas coleções podem ser datadas junto com os textos mais antigos do budismo.[11]. O Mahāpadāna Sutta e o Acchariyaabbhuta Sutta contam eventos miraculosos que ocorreram durante o nascimento de Gautama, como a descida do bodhisattva de Tuṣita dos céus para o útero de sua mãe. Os antigos indianos geralmente não se preocupavam com cronologias, se focando mais nos aspectos filósoficos. Os textos budistas refletem esta tendência, oferecendo uma concepção mais clara sobre o que Gautama poderia ter ensinado do quê as datas dos eventos em sua vida. Estes textos contém descrições da cultura e do modo de vida da Índia Antiga, corroborados pelas escrituras Jainistas e fazendo do tempo de Buda o período mais antigo na Índia Antiga do qual significantes registros existiram.[12].
Concepção e nascimento
Nascimento de Buda em Lumbini, retratada na parede de um templo no Laos
Siddhartha nasceu em Lumbini[ e foi criado no pequeno reino ou principado de Kapilavastu, sendo que ambos estão no atual Nepal.[14] Na época do nascimento de Buda, a área estava na fronteira ou além da civilização védica, a cultura dominante no norte da Índia naquele tempo. É mesmo possível que a sua língua materna não fosse uma língua indo-ariana.[15] Os textos antigos sugerem que Gautama não estava familiarizado com os ensinamentos religiosos dominantes do seu tempo até que partisse em sua busca religiosa, que foi motivada por uma preocupação existencial com a condição humana.[16] Naquele tempo, uma multidão de pequenas cidades-estado existiam na Índia Antiga, chamadas Janapadas. Repúblicas e chefias com poder político difuso e limitado estratificação social não eram raros e eram chamados de gana-sangas.[17] A comunidade de Buda não parece ter tido um sistema de castas. Não era uma monarquia e parece ter sido estruturado ou como uma oligarquia ou como uma forma de república.[18] A forma mais igualitária de governo das gana-sangas, como uma alternativa política aos reinos fortemente hierarquizados, pode ter influenciado o desenvolvimento de shramanas (monges errantes) jainistas e sanghas budistas onde as monarquias tendiam para o bramanismo védico.
Segundo a biografia tradicional, o pai de Buda foi o rei Suddhodana, líder do clã Shakya, cuja capital era Kapilavastu, e que foi posteriormente anexado pelo crescente reino de Kosala durante a vida de Buda. Gautama era o nome de família. Sua mãe, rainha Maha Maya (Māyādevī) e esposa de Suddhodana, era uma princesa Koliyan. Como era a tradição shakya, quando sua mãe, a rainha Maya, ficou grávida, ela deixou Kapilvastu e foi para o reino de seu pai para dar à luz. No entanto, ela deu à luz no caminho, em Lumbini, em um jardim debaixo de uma árvore de shorea robusta. Na noite que Sidarta foi concebido, segundo biografias tradicionais, a rainha Maya sonhou que um elefante branco, com seis presas brancas entrou em seu lado direito,[20] e dez meses mais tarde Siddhartha nasceu. Siddhartha (Pāli: Siddhattha), quer dizer "aquele que atinge seus objetivos", outro registro relatado nas biografias tradicionais é a de que, durante as celebrações de seu nascimento, o eremita Asita retornando de uma viagem às montanhas anunciou que a criança iria se tornar ou um grande rei chakravartin ou um homem santo.[21].
O dia do nascimento de Buda é celebrado mundialmente, principalmente nos países de tradição Teravada, e conhecido como Vesak..
Juventude e casamento
Siddhartha foi educado pela irmã mais nova de sua mãe, Maha Pajapati.[23].Por tradição, ele deveria ter sido destinado por nascimento para a vida de um príncipe, e tinha três palácios (por ocupação sazonal) construídos para ele. O seu pai, Śuddhodana, desejando para o seu filho o destino de ser um grande rei e preocupado com extravio do filho desse caminho, segundo relatos biográficos, tentou proteger o filho dos ensinamentos religiosos e do conhecimento do sofrimento humano.
Quando chegou a idade de 16 anos, seu pai arranjou-lhe um casamento com uma prima da mesma idade chamada Yasodhara (Pāli: Yasodhara). Segundo o relato tradicional, ela deu à luz um filho, chamado Rahula. Siddhartha teria passado então 29 anos de sua vida como um príncipe em Kapilavastu. Embora seu pai garantisse que Siddhartha fosse fornecido com tudo o que ele poderia querer ou precisar, escrituras budistas dizem que o futuro Buda sentiu que a riqueza material não era o objetivo final da vida
Partida e vida ascética
Com a idade de 29 anos, de acordo com as biografias populares, Siddhartha saiu de seu palácio para encarar suas inquietações. Apesar dos esforços de seu pai para escondê-lo dos doentes, moribundos e do sofrimento presentes no mundo, Siddhartha teria visto um homem velho. Quando seu cocheiro Chandaka[25] explicou para ele que todas as pessoas envelheciam, o príncipe partiu para viagens para mais além do palácio. Nesses encontros, avistou um homem doente, um corpo em decomposição e um asceta. Estas visões o deprimiram e marcaram profundamente, o que lhe deu motivos para o esforço de tentar superar a doença, velhice e a morte através do ascetismo.[26].
Acompanhado por Chandaka e por seu cavalo Kanthaka, Gautama deixou seu palácio para a vida de um mendicante. Diz-se que os "cascos do cavalo eram abafados pelos deuses" para impedir que os guardas soubessem de sua partida. Gautama inicialmente foi para Rajagaha e começou sua vida ascética pedindo esmolas na rua. Tendo sido reconhecido pelos homens do rei Bimbisara, Bimbisara ofereceu-lhe o trono após a audição da busca de Sidarta. Siddhartha rejeitou a oferta, mas prometeu visitar o seu reino de Magadha primeiro, depois de alcançar a iluminação.
Ele deixou Rajagaha e praticou sob dois professores eremitas. Depois de dominar os ensinamentos de Alara Kalama (Skr. Arada Kalama), ele foi convidado por Kalama para sucedê-lo. No entanto, Gautama se sentia insatisfeito com a prática e mudou-se para se tornar um estudante de Udaka Ramaputta (Skr. Udraka Rāmaputra). Com ele, ele alcançou altos níveis de consciência meditativa e foi novamente convidado a suceder a seu professor. Mas, mais uma vez, ele não estava satisfeito e mudou-se novamente.[29].
Siddhartha e um grupo de cinco companheiros, liderados por Kaundinya, tomaram austeridades ainda maiores nas práticas iogues. Eles tentaram encontrar a iluminação através da privação de bens materiais, incluindo a alimentação, praticando a automortificação. Depois de quase passar fome até a morte, restringindo a sua ingestão de alimentos para cerca de uma folha por dia, ele caiu em um rio durante o banho e quase se afogou. Siddhartha começou a reconsiderar seu caminho. Então, lembrou-se de um momento na infância em que tinha estado a observar seu pai a arar o campo. Ele atingiu um estado concentrado e focado, feliz e abençoado, o Jhana.
AIluminação
De acordo com os textos mais antigos,[30] após ter alcançado o estado medidativo de jhana, Gautama estava no caminho certo para a iluminação. Mas o seu ascetismo extremo não funcionou e Gautama descobriu o que os Budistas chamaram de o Caminho do Meio, o caminho para a moderação, afastado dos extremismos da autoindulgência e da automortificação. Em um famoso incidente, depois ter ficado extremamente fraco devido à fome, é dito que ele aceitou leite e pudim de arroz de uma garota chamada Sujata. Tal era a aparência pálida de Sidarta, que Sujata teria acreditado, erroneamente, que ele seria um espírito que lhe realizaria um desejo.
Seguindo este incidente, Gautama sentou-se sob uma árvore (segundo a tradição budista, a árvore era uma Ficus religiosa), conhecida agora como a Árvore de Bodhi, em Bodh Gaya e jurou nunca mais se levantar enquanto não tivesse encontrado a verdade Kaundinya e outros quatro companheiros, acreditando que ele tinha abandonado a sua busca e se tornado um indisciplinado, o deixaram para trás. Após 49 dias de meditação e com a idade de 35 anos, é dito que Gautama alcançou a iluminação espiritual. Segundo algumas tradições, isto ocorreu em aproximadamente quinze meses lunares, enquanto que, de acordo com outras tradições, o fato ocorreu em doze meses. Desde este tempo, Gautama ficou conhecido por seus seguidores como o Buda ou "O Iluminado". Ele é frequentemente referido dentro do budismo como o Shakyamuni Buda, ou "O Iluminado da tribo dos Shakya".
De acordo com o budismo, durante a sua iluminação, Sidarta compreendeu as causas do sofrimento e os caminhos necessários para eliminá-lo. Estas descobertas tornaram-se conhecidas como as Quatro Nobres Verdades, que são o coração dos ensinamentos budistas. Com a realização dessas verdades, um estado de suprema liberação, ou nirvana, é acreditado ser possível ao alcance de qualquer ser. O Buda descreve o nirvana como um estado perfeito de paz mental livre de toda ignorância, inveja, orgulho, ódio e outros estados aflitivos. Nirvana é também conhecido como o fim do ciclo samsárico, em que nenhuma identidade pessoal ou limites da mente permanecem.
Segundo a história do Āyācana Sutta (Samyutta Nikaya VI.1) - uma escritura, escrita em páli - e outros canônes, imediatamente após a sua iluminação, o Buda debateu se deveria ou não ensinar o darma aos outros. Ele estava preocupado que os humanos, tão fortemente influenciados pela ignorância, inveja e ódio, poderiam nunca reconhecer o caminho, que é profundo e difícil de ser compreendido. No entanto, segundo o mito, Brahmā Sahampati teria lhe convencido a ensinar a doutrina, argumentando que pelo menos alguns iriam entendê-lo. O Buda, após isso, concordou em ensinar o darma.
Pregação
Após ter criado sua doutrina, Sidarta percorreu o país pelos 45 anos seguintes, difundindo-a].
Morte
Sidarta morreu aos oitenta anos de idade, na cidade de Kushinagar, no atual estado de Uttar Pradesh, na Índia. Seu corpo foi cremado por seus amigos, sob a orientação de Ananda, seu discípulo favorito. As cinzas foram repartidas entre vários governantes, para serem veneradas como relíquias sagradas[34].
Logo que nasceu, Siddhartha foi levado a um templo onde os sacerdotes identificaram em seu corpo, os 32 grandes sinais e, os 80 pequenos sinais que, o predestinavam a ser um grande homem. Um sábio de então profetizou que Siddharta seria um poderoso imperador e um asceta* que libertaria a humanidade de todos os sofrimentos. Suddhodana impressionado com a profecia criou o filho em área confinada do Palácio, de maneira que Siddhartha ficasse alheio às misérias do Mundo.
Aos 16 anos casou-se com uma prima, Yassodhara. Dez anos mais tarde nasceu Rahula, seu único filho.
Por volta de seus 30 anos, Siddhartha saiu pela primeira vez do Palácio para dar 4 célebres passeios consecutivos, atravessando a cidade em direção ao parque de diversões. No primeiro passeio encontrou um mendigo, no segundo um cadáver e no terceiro um velho trêmulo. Deste modo conheceu simultaneamente a dor, a morte, e o tempo que tudo consome. Sofreu um grande abalo ao constatar que o homem está invariavelmente sujeito a todas essas misérias, porém, no 4º passeio ele avistou um monge: mendicante, esquelético, mas com um sorriso de vencedor. Foi na serenidade desse monge que Siddhartha percebeu que existia uma saída que conduzia ao despertar. Decidiu partir em busca da verdade e do despertar.
Tornou-se discípulo dos ascetas Alaha Kalama e Uddaka, exercitando-se nas diversas práticas da Yoga. Entregou-se a penitências e jejuns mortificadores. A lenda conta que, nessa época, ele alimentava-se com apenas um grão de arroz por dia.
Depois de muito sofrimento, ele compreendeu que o enfraquecimento do corpo e do espírito não o conduzia ao despertar. Resolveu então renunciar ao ascetismo e voltou a se alimentar de maneira equilibrada.
Aos 35 anos, sentado sob uma figueira - a árvore da sabedoria - e, após ter "vencido" Mara, o demônio das ilusões, caiu em profunda meditação, foi o momento em que ocorreu a iluminação.
Pela primeira vez reconheceu no mal a causa de todos os sofrimentos e, vislumbrou os meios pelos quais poderia triunfar sobre ele.
Desse momento em diante, o príncipe Siddhartha Gautama, passou a ser um Buda, pois a denominação "Buda", é dada a um desperto, um iluminado.
Logo após proferir, em Benares, seu primeiro sermão, conhecido como "O Caminho do Meio", seguiu para Uruvela onde viveu algum tempo na escola dos "Brâmanes Adoradores do Fogo". Lá Siddhartha realizou dois milagres memoráveis: venceu e domou a serpente furiosa que vivia no Templo do Fogo e, reacendeu o "Fogo dos Brâmanes", utilizando-se apenas das suas faculdades sobrenaturais. Em conseqüência destes milagres, o mestre dessa escola, juntamente com seus 500 discípulos, decidiram caminhar ao lado de Buda.
Os 40 anos que se seguem à Iluminação, são marcados pelo incansável apostolado de Buda e, pelas intermináveis peregrinações de seus discípulos, que logo foram se espalhando por toda a Índia.
Buda faleceu aos 80 anos, em Kusinara, no bosque de Mallas. Seu corpo foi cremado sete dias após sua morte, suas cinzas divididas em 10 partes e dadas aos Rajás, em cujas terras ele vivera e morrera.
"Todas as coisas compostas estão sujeitas à corrupção. Lutai pelo vosso ideal com sobriedade." Estas foram as últimas palavras pronunciadas por aquele que encontrara a verdade e que, depois de tantas existências de meditação e devoção, conseguira atingir o último degrau na escala da perfeição, o fim da individualidade, a absorção do espírito pelo Universo, o Nirvana*.
GLOSSÁRIO:
*Ascetas - monges que acreditavam que penitenciar o corpo levava ao enriquecimento do espírito.
*Nirvana - No budismo, acredita-se que o espírito é imortal e que, depois de várias reencarnações nas quais se adquire conhecimento, finalmente o espírito se liberta da existência física e atinge a quietude perpétua.