PENSAR POR SI – O BLOG
Breves considerações a respeito do blog do Sr Fernando Bastos, caso emblemático da militância neo-ateísta em voga, exemplo característico da falta de estofo argumentativo evidenciada textualmente e da não menos típica cara de pau com que tenta alertar o leitor para o perigo constituído pela religião.
Logo na apresentação o Sr Fernando Bastos deixa evidente o teor de má-fé do que virá quando expõe ao leitor o que se afigura ser a justificativa ou desculpa de tanta besteira, como se de fato admitisse que a incongruência do que pretende só pode ser sustentada em nome de nobres ideais e valores universalmente aceitos : declara-se preocupado com a dor e o sofrimento humanos : segundo sua opinião ‘dogmas e rituais suplantam bom senso e razão’ : ‘triunfaram a custo de muita dor e sangue’.Desnecessário dizer que ‘bom senso e razão’ na mente confusa do articulista nada mais é que a percepção ateísta, pois a religião, claro, é um delírio de proporções incomensuráveis.Tamanha preocupação com a dor e o sofrimento humanos encontram (por motivos que ele mesmo talvez não ouse admitir) na religião seu grande algoz, a causa maior do infortúnio da raça humana.Em momento algum é mencionado o fato de que ‘muita dor e sangue’ são a conseqüência de percepções ateístas desde o Iluminismo – não mencionemos o que o comunismo, marxista ou gramsciano ou de qualquer outro tipo faz, em termos de genocídio, bem debaixo de nosso nariz enquanto acreditamos que vivemos numa democracia e temos liberdade de expressão...
Identificado o inimigo, investe sem medo contra ele a sua linha argumentativa, ou seja, os mesmos chavões do maneirismo neo-ateísta que enlouquece adolescentes revoltadinhos pelas redes sociais afora : incorre no erro típico dos detratores do cristianismo reduzindo-o a ‘superstições, preconceitos e discriminação’ : explicita o desejo de ver ‘varridos da vida humana’ tais males, segundo pensa, causados pela religião.Segundo a sua opinião foi a ‘manipulação das religiões ao longo do tempo’ a causa de tantos males e somente o conhecimento duma maioria pode mudar esse quadro terrível. Nada disso surpreende : ateísmo e totalitarismo em suas formas extremas implicam na supressão da liberdade de consciência, e isso se dá desde a forma de pensar dessa gente até a implementação de ‘políticas públicas’ convenientes ao estabelecimento dum substrato ideológico de forma gradual, não tão sutil, e sistemática.
Em seu ‘preâmbulo’ fica bem claro que não distingue preceito religioso de conduta comportamental ou usos e costumes : os seus ‘porquês’ têm o nítido (e único) objetivo de causar impacto, nada mais.
Afirma que após dez anos de estudo de história das religiões sua conclusão mais importante foi a de que ‘a Bíblia pode ser usada tanto para melhorar o ser humano quanto para trazer ódio, perseguição e dor’ : o leitor dessas asneiras só pode supor que a percepção histórica do Sr Fernando Bastos é meio anêmica, para dizer o mínimo, pois não separa fenômenos políticos, religiosos e culturais, tampouco foca no objeto em questão com ‘o olhar da época’, o que seria um pré-requisito para a compreensão dum modo de vida que lhe cause estranheza.Seu texto é uma vergonhosa aposta na estupidez do leitor.
Certa histeria salta aos olhos aqui e ali quando deixa claro que está empenhado na ‘desintegração de crenças perigosas’, baseadas na Bíblia, segundo afirma : perigosas para quem e porque ?Em POR QUE SOMOS RELIGIOSOS? fica evidente que ignora por completo o fato de que não há processo civilizatório sem religião e em DEUS EXISTE? deixa claro que a sua percepção de Deus não suplanta a caricatura com ares de Papai Noel ou qualquer outra percepção simbólica elaborada na sua infância estúpida.Aborda o tema com a típica ignorância de quem não percebe que existência de Deus não é objeto de investigação científica mas metafísica e filosófica.
Por tudo isso (e até mais) a leitura de PENSAR POR SI é justificada pela busca de exemplos do auto-engano mais arrogante que se possa encontrar no que diz respeito aos temas sobre os quais o iludido arrisca pontificar pelo prisma de seu enviesado cartesianismo de mesa de bar.