Mariposa traicionera

Meu trem partindo na estação,

você a me olhar partir seu coração.

Como se fosse fácil estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Passado e presente.

Meu futuro, amor.

Eu lembrando suas promessas importantes.

Fumaça vai, fumaça vem.

Um ai meu miudinho, bem, suspiro sonoro.

Eu mandando-me esquecer-te.

Fumaça vai, fumaça, vento.

Havia perdido meus olhos nos seus,

agora perdi você de vista.

Ainda resiste pela janela um maravilhoso fim de tarde.

As vacas estão sempre tristes, mas os passáros são alegres.

Noite bendita, me traga suas estrelas, bela dor. Lua morna.

Sucumbindo ao assombro noturno, Orfeu, sorriu.

Antes que seja dia, darei ao meu espírito um cálice de cale-se.

Resigno a esperança, me toma um ódio admirador.

Destilado, cacos e corte, sangue deste lado.

Vem manhã beijando o sol, o sol beijando eu.

Garganta seca. Cabeça tonta. Pálido.

Meu riso pisoteado, sem lágrimas, indiferente.

Um socorro já não cabe, vem vindo dia claro.

Eu puro. Estou escuro.

Já vem manhã montada na sela da luz.

Maria, Maria, na tua boca fria teu hálito é quente.

Poesia nos teus braços é mato.

A canção que eu fiz, agora vaga, amarga, desprezível.

Cuidei que tivesses chances de arruinar-me, tu não titubeaste.

Fiquei com cara de paisagem.

Respeite meu bigode, gaja dos infernos!

Não me mande mais os postais perfumados e envenenados de sempre.

Comidinhas, mentirinhas, risadinhas, par de olhos verde-maldição.

Vou mandar derrubar a árvore em que escrevi nossos nomes.

Mamãe tinha razão, tu te aparentas as cobras, meu bem de longe.

"...que tengas suerte en tu vida, ay, ay, ay, ay..."

Drachir
Enviado por Drachir em 20/07/2012
Reeditado em 11/08/2013
Código do texto: T3788387
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