TROVAMAR,da GISLAINE CANALES

Gislaine Canales,trovadora de peso,envia a edição de agosto que é ilustrada,junto ao título,com a rosa,símbolo da UBT,União Brasileira dos Trovadores,criada pelo saudoso e polêmico Luis Otávio.A polêmica era,nos anos 60,porque seu título de "Príncipe dos Trovadores Brasileiros"teria sido auto-colocado.Ele era um esforçado divulgador da Trova.Viajava pelo Brasil(muitas vezes acompanhado do Aparício Fernandes e este,da bela esposa,incansáveis,pois o segundo organizava antologias gigantescas,catalogando trovadores de todos os lugares.Lia as trovas no seu programa de rádio.Estou em umas três delas:Trovavadores do Brasil e O Rei dos Reis,por exemplo.Luis Otávio,comigo,sempre foi de uma delicadeza sem par.Foi à casa de meus pais,onde convidou-me para eu,mocinha,assumir a UBT-JF.

Noutro dia,por telefone,perguntei a Hegel Pontes,premiado e inspirado trovador de JF,qual o motivo de terem colocado-me no cargo,entre tantos adultos.

Segundo ele,eu me dava com todos ,de quaisquer grupos,publicando-lhes as trovas na Gazeta Comercial.Com a audácia da juventude,enfrentei e assumi o cargo.

Num encontro onde vários trovadores foram à cidade,oriundos de outras,eu queria lhes dar essa rosa.À época,estava em voga colocar-se uma rosa de prata,sobre a mesinha da sala,por exemplo.Ora,eu,professorinha e repórter,não tinha dinheiro para comprá-las em argentum para todos aqueles trovadores esperados.

Soube de uma exímia florista e fui lá encomendar as flores,que foramfeitas com aquele material que veda as latas de leite em prateado.Ficaram perfeitas.Somente se percebia não serem de prata,ao pegá-las,pois eram,claro,bem leves...

Passei um caderno(não,não havia Iternet,gente!),para que os trovadores colocassem seu enderço e uma trova,para cadastro e atualização.

Meu colega de redação,Messias da Rocha,outro apurado trovador,era ciumentíssimo.Namorados,estávamos arrufados,pois ele tinha dificuldades de ver sua musa cercada de homens por todos os lados,aregalava os grandes olhos azuis e...Saí da mesa por instantes e ele sentou-se perto de mamãe,que me acompanhava a tudo.Q quando o tal caderno passou,escreveu:

"O nosso amor eu contemplo

dessa forma simbolista:

foi um fiel no meu templo

e no templo...um turista!

Mas falemos de Gislaine,que tão logo entrou na Escola Tropo e nos Trovadores Cibernautas,grupo coordenado pelo Nilson ,chamou-me logo a atenção,pela qualidade das trovas.Acabamos,como costuma ocorrer na Internet,amigas virtuais/reais.Acabo de ir ao seu site no CEN e gostei de conhecer seu rosto sorridente.Ela acaba de colocar no ar um livro apenas de glosas(depois falarei a respeito),sua especialidade.Isso me lembra de uns ping- pongs que eu fazia com essa turma de trovadores.Num deles,comecei a escrever "g(l)osa",no que fui seguida pelos demais,o que resultou em versos muito engraçados.

Muitos torcem o nariz para a trova,por tornar-se popular,com suas rimas cruzadas, versos septissílabos.Parce que o trovador já nasce trovando.Mas quem não nasce,pode chegara fazê-las.Apenas,tem de suar...Imaginejm colocar TUDO que é preciso dizer em quatro versos...Claro,hoje há poetrix(minipoemas de apenas trinta sílabas) e até duplix,mas sem necessidade de rimar...

Chamo às trovas,Pequenas Notáveis.Qual a luso-brasileira Carmen Miranda.

Aqui,sempre haverá um espaço para falarmos delas...

E eis o "Trovamar",com trovadores,concursos,notícias variadas,que começa com a rosa e termina com um postal do rio Guamá,em Belém do pará,(no qual se vê um pôr do sol fantástico, que me encantava quando lá morei).

Trovamar

União Brasileira de Trovadores – Balneário Camboriú-SC

Ano 1 – N. 8 – Agosto, 2005

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JG, o trovador

Tudo é trova: a flor, a onda, / a nuvem que passa ao léu... / E a lua, trova redonda, / que a noite canta no céu! – Autor?... JG de Araújo Jorge, acreano de berço, carioca de bem-querer, advogado, professor de literatura, deputado, poeta de enorme prestígio. Nos anos 1950-60 foi o escritor mais lido em todo o Brasil. Ficou famoso pelos seus belos sonetos e poemas livres, mas quem o conheceu sabe o quanto ele gostava de trovas! Tanto gostava que fez parceria com Luiz Otávio para promover, em 1960, os I Jogos Florais de Nova Friburgo, ponto de partida para toda esta maravilha que vivemos hoje. Recordemos outras trovas dele: 1. Rosas tolas, tão vaidosas, / que em belas hastes vicejam... / Vem, amor, olha estas rosas, / deixa que as rosas te vejam!... 2. Oh, minha mãe, em meus cantos, / num grato e eterno estribilho, / bendigo a Deus que, entre tantos, / me escolheu para teu filho! 3. Saudade, estranha ilusão / que a solidão recompensa; / presença no coração, / maior que a própria presença! 4. Quanta prodigalidade!... / Em poucos meses, querida, / gastamos felicidade / que dava pra toda a vida!

Homenagem

Gravei teu nome na areia

da praia, como castigo:

– Façam-lhe as ondas o mesmo

que tu fizeste comigo!

Correia Júnior

Se a tua saudade é imensa,

a minha, amor, não tem fim...

Minha alma em ti tanto pensa

que até se esquece de mim!

Hélio Nogueira

São as mulheres formosas

como os rosais nos caminhos:

de longe, mostram as rosas;

mostram, de perto, os espinhos.

Leonardo Henke

Vai passando o amor, ileso,

geração pós geração,

como um facho sempre aceso

que apenas troca de mão.

Vera Vargas

Trovamar

Editores

Gislaine Canales

A. A. de Assis

Rua 2.700, nº 71 – Bl. B Ap. 702

BALNEÁRIO CAMBORIÚ-SC

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Glosas de Gislaine Canales

MOTE

SAUDADE... FLOR SEM PERFUME!

SAUDADE... DOR ENVOLVENTE!

SAUDADE... DOCE QUEIXUME,

QUE MATA E DÁ VIDA À GENTE!

Giselda Medeiros

SAUDADE... FLOR SEM PERFUME!

Uma luzinha piscando,

parecendo um vaga-lume,

voejando ...voejando ...

Maltratando o coração,

SAUDADE... DOR ENVOLVENTE!

Tu te vales da emoção,

tornas o amor padecente!

Pareces irmã do ciúme,

que também chora baixinho,

SAUDADE... DOCE QUEIXUME,

que faz eco em meu caminho!

Eu nem sei como explicar

como és, saudade pungente,

tens um jeito de chegar

QUE MATA E DÁ VIDA À GENTE!

MOTE

AS FLORES NÃO MAIS ASSISTEM

NA PRAÇA A ETERNOS AMORES...

É QUE AMORES NÃO RESISTEM

AO VER AS PRAÇAS SEM FLORES!

Edmar Japiassú Maia

AS FLORES NÃO MAIS ASSISTEM

aos beijos dos namorados,

pois quase não mais existem

corações apaixonados!

Nem a brisa acaricia

NA PRAÇA A ETERNOS AMORES...

Chora a falta de alegria

e a ausência de sonhadores!

Porque as flores inexistem,

os amores vão-se embora...

É QUE AMORES NÃO RESISTEM

aos desencontros de agora!

Um tom cinza tinge o dia...

Nos canteiros já sem cores,

o amor vira nostalgia

AO VER AS PRAÇAS SEM FLORES!

Gazetinha

Excursão – De Porto Alegre a Belém, colhendo trovadores caminho afora. Destino: I Jogos Florais de Salinópolis. Sarah Rodrigues, organizadora da grande festa paraense, está preparando um programa que vai deixar todo mundo encantado.

Coletânea – Marisa Vieira Olivaes está organizando o quinto volume da coletânea Rio Grande Trovador, a ser lançada durante a festa dos Jogos Florais-2005 de Porto Alegre, em outubro. Participação de trovadores gaúchos e convidados.

Festas – A primavera vem aí cheia de festas de trovas. Outubro: Taubaté, Santos, Porto Alegre. Novembro: Bandeirantes, Belo Horizonte, Niterói. Dezembro: Salinópolis, Natal.

Sardenberg – O poeta Antônio Manoel Abreu Sardenberg, de São Fidélis-RJ, tem uma página de trovas em seu bonito site Alma de Poeta. Publica 12 trovas cada mês, em criativa formatação. Clique: http://www.sardenbergpoesias.com.br/principal.htm

Concursos – Termina no dia 31-08 o prazo de remessa para os XIV Jogos Florais de Santos. Tema nacional-internacional: LIBERDADE. Estadual (SP): PORTO. Máx. 3.A/C Carolina Ramos. Caixa Postal 52. SANTOS-SP– cep 11001-970.

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Também em 31-08 termina o prazo para os II Jogos Florais de Pedro Leopoldo. Temas: AFETO (L-F), APURO (H) e AVE (educativa). Máx. 3 por tema. A/C Wagner Marques Lopes – Rua João Teodoro da Silva, 1841 – PEDRO LEOPOLDO-MG – cep 33600-000.

Folclore

Dei-lhe o primeiro – corou...

Dei-lhe o segundo – sorriu...

Os outros que ela levou

foi ela que me pediu...

***

As rosas é que são belas,

os espinhos é que picam;

mas são as rosas que caem,

são os espinhos que ficam.

Trovas hispánicas

Si mi aventura soñada

se volviera realidad,

con tu caricia esperada

vendría felicidad!

Carmen Patiño – España

Es una eterna viajera

la luna que hay en mi sueño,

es la alegre pasajera

¡que no quiere tener dueño!

Golondrina – Venezuela

Me hipnotiza tu mirada,

tu fragancia me extasía

y tu cuerpo me da sed...

¡Sed...de que seas mía!

Héctor Montes – Puerto Rico

Te quiero porque te quiero

porque te quiero estoy vivo,

te quiero porque me quieres

y de este amor soy cautivo.

Juan Carlos – Argentina

Trovas llenas de alegría

tu pluma deja salir...

llenan de color el día

¡con ese dulce decir!

María Elena – México

Quisiera estar en tus brazos

para calmar tu dolor

uniendo los corazones

¡como pétalos de flor!

Yasmina – España

Trovas do Sul

A bênção, queridos pais,

que às vezes sois mães também.

Em nome de Deus cuidais

dos filhos que d’Ele vêm!

A. A. de Assis – Maringá

Quem espera sempre alcança ...

Mas eu em lutas me ponho:

sou guerreira da esperança,

vivo em busca do meu sonho ...

Adélia Maria Woelner – Curitiba

Feito de essência divina

e fluidos da eternidade,

um grande amor não termina,

mas se transforma em saudade.

Antônio Spanemberg – Cruz Alta

As faixas são proteção

ao pedestre, junto à esquina.

E não banque o sabichão,

rompendo com a disciplina!

Apollo Taborda França – Curitiba

Ah, Jesus, quanto contraste!

O caminho, a luz, a vida,

de tudo quanto ensinaste

a terra fez-se esquecida...

Arlene Lima – Maringá

Sem ter motivo aparente,

muito namoro fenece.

Promessa é coisa que a gente

sempre faz e sempre esquece!

Clênio Borges – Porto Alegre

Amanhecia lá fora

num quadro de encantamento:

o vento sorria à aurora,

que dava “bom-dia” ao vento!

Delcy Canalles – Porto Alegre

Nas doces rédeas do amor

eu vi minha alma abrigada,

e feliz, sem uma dor,

fez ali sua morada!

Dalvina Ebling – Cruz Alta

A frágil rosa em seu galho,

depois que o tempo passou,

desfolhou-se sobre o orvalho

que a madrugada deixou.

Doralice G. da Rosa – Porto Alegre

Rugas são marcas da lida

simbolizando o cansaço

das campereadas da vida

sob o calor do mormaço.

Egiselda Charão – Porto Alegre

A Terra é toda um altar,

onde Deus, dia após dia,

distribui, sem vacilar,

a comunhão da energia.

Flávio Stefani – Porto Alegre

A natureza se rende

quando a noite cai nos campos

e a usina de Deus acende

estrelas e pirilampos...

Gerson César Souza – S. Mateus

Bate a chuva na vidraça

e as gotinhas vão rolando...

Nada encerra tanta graça

como a vidraça chorando!

Hélio Azevedo Castro – Curitiba

Com lua cheia, serena,

perscrutando o firmamento,

aos poucos me integro à cena...

voando em meu pensamento!

Hely Marés – União da Vitória

Eu quero poder cantar

meus versos aos quatro cantos...

Talvez possa transformar

em risos todos os prantos!

Gislaine Canales – B. Camboriú

A morte não levará

para sempre o teu irmão.

– “Onde o teu tesouro está,

lá estará teu coração!”

Jeanette De Cnop – Maringá

Já não sei mais o que faço,

perdido na multidão,

pois a força do meu braço

não comanda mais a mão.

Josias Alcântara – Curitiba

Quem divide os próprios dias

sem desejo interesseiro,

merece sim, alegrias

e... encontra paz por inteiro!

Lourdes Porciúncula – Curitiba

Teu andar, pisando a espuma

das ondas que se quebravam

iam deixando na bruma

pegadas que me guiavam.

Lourivaldo P. Baçan – Pérola

Não me abalo e vou mais fundo,

se a treva induz-me a fracassos,

pois Deus,que é luz para o mundo,

ampara e guia os meus passos!

Marisa Olivaes – Porto Alegre

Numa trova, amoldo e sinto,

além do tema proposto,

um pensamento sucinto

formulado com bom gosto.

Miguel Russowsky

Violetas na janela,

margaridas no quintal...

Fez-se a tapera tão bela,

florindo o amor do casal.

Olga Agulhon – Maringá

Partes, hoje, porque queres,

numa frieza sem fim,

buscando em outras mulheres

o que já encontraste em mim.

Olga Ferreira – Pelotas

Se o motorista seguir

sempre o exemplo das formigas,

paz no trânsito há de vir

sem álcool, drogas nem brigas.

Roza de Oliveira – Curitiba

Quando a aurora vem raiando,

sonolenta... encabulada,

é mais um dia chegando

na garupa da alvorada!

Severino S. de Sousa – Porto Alegre

O mendigo, solitário,

perambula pela rua...

Ao redor, só o cenário

de uma imensa e fria lua.

Vanda A. da Silva – Curitiba

Meu pai é minha alegria,

razão da minha existência,

me renovo noite e dia

com a sua convivência!

Vânia Ennes – Curitiba

A trova, chispa divina,

bem igualzinha ao amor,

é sublime, é bela, fina...

nos lábios do trovador.

Wellesley Nascimento –Tamandaré

De outros parnasos

Infância é brinquedo usado

que um dia a vida resolve

tomar um pouco emprestado

e nunca mais nos devolve.

Arlindo Tadeu Hagen – J. Fora

Por mais que a verdade fira,

pouco importa a realidade,

pois se teu sim foi mentira,

eu fui feliz de verdade.

Campos Sales – São Paulo

Milagre da vida é ter

a força das madrugadas,

dia a dia renascer

pelo tom das alvoradas.

Célia Lamounier – Itapecerica

Brigamos... e mesmo tensa

renovei minha proposta...

Como dói, se a indiferença

traz em silêncio a resposta!

Clenir Neves Ribeiro – N. Friburgo

No sonho mais eloqüente

deste amor que já floresce,

sinto na alma a chama ardente

da sedução que me aquece.

Conceição Abritta – B. Horizonte

Nosso amor, jornal antigo,

fatos novos não se lê.

Nada parece comigo

e nada tem de você.

Fernando Câncio – Fortaleza

Ao criar seu falso drama,

o pessimista parece

aranha que tece a trama

e se enreda no que tece.

Héron Patrício – São Paulo

Nas asas do tempo voa

o que o tempo me tirou.

Já nem a dor me magoa

nem eu sei se ainda sou!

Jorge Alarcão Potier - Portugal

Uso o espelho como alarme

para minha segurança.

Dou-lhe a função de lembrar-me

que já não sou mais criança.

José Fabiano – B. Horizonte

“Mãe-Natureza”, eis o nome

de quem, em nome do amor,

gera o fruto e estanca a fome

do seu próprio predador!

José Ouverney – Pinda

Dei asas à fantasia...

e pequei por não saber

que o meu direito valia

bem menos que o meu dever.

Maria Nascimento – Rio

O chifre em terra rachada,

em bucolismo infernal,

é adorno que traça a estrada

da carência de água e sal.

Nilton Manoel – Ribeirão Preto

“Dá-me um tempo”, ela me disse,

ante o apelo que lhe fiz...

Agora chega a velhice,

sem tempo de ser feliz!

Rodolpho Abbud – N. Friburgo

Qual um Dom Quixote errante,

após cada despedida,

cavalgo meu Rocinante

atrás dos sonhos da vida!

Sebas Sundfeld – Tambaú

Da ternura do universo,

o poeta, na alvorada,

colhe a luz e traça o verso

que emoldura a sua amada!

Selma Spinelli – São Paulo

Tanta harmonia se vê

entre nós dois, tanta enfim,

que quando estou sem você

eu sinto falta de mim.

Sérgio Bernardo – N. Friburgo

Do sonho compartilhado,

agora somente resta

um convite, amarelado,

marcando o dia da festa.

Sergio F. da Silva – São Paulo

Levas de gente a vagar,

insensíveis, tão ingratas!

Recebem beijos do mar;

jogam-lhe vidros e latas!

Wagner Lopes – Pedro Leopoldo