EU SOU POETA

"(...) quem sabe a vida é não sonhar... eu só peço a Deus, um pouco de malandragem, pois sou criança e não conheço a verdade, eu sou poeta e não aprendi a amar."

Cazuza e Frejat já eram adultos quando fizeram essa composição e mostra que ser criança, enquanto adulto, significa não ter maldade. E em vários momentos é assim que ainda sinto-me, uma criança. Assusto, choro, tenho medo, brinco, sorrio, peço colo. E para alguns adultos crescidos, viver e sonhar são verbos incompatíveis, que não conseguem caminhar juntos. Ou sonhamos ou vivemos. E a grande maioria acredita nessa inverdade e escolhe apenas viver. E não vive, passa a sobreviver. Sem sonhos, sem a verdade da vida, sem aprender a amar.

Somos todos poetas de nós mesmos. Escrevemos nossa trajetória, em versos ou não, mas escrevemos. Nem sempre com um lápis e papel, mas deixamos registros nas marcas que fazemos nos outros. Em alguns deixamos cicatrizes mas em uns poucos podemos nos esforçar para deixarmos belas tatuagens, gravações bonitas e agradáveis que seguirão para toda a vida. O problema, enfim, é sempre o mesmo: somos poetas e não aprendemos a amar...