O outro lado da copa
Foram divulgadas as cidades onde ocorrerão os jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Será a segunda vez que o nosso país será sede de uma copa, a primeira foi em 1950, perdida para nosso vizinho Uruguai.
A divulgação foi muito comemorada pelas cidades que foram escolhidas, entre dezessete que haviam sido visitadas, vistoriadas e catalogadas pelo pessoal da FIFA. Nada de novo com relação às selecionadas. Acertei todas elas, levando em conta à lógica e o que se conhece de cada uma delas considerando a região, o aspecto econômico, físico, o desenvolvimento, as belezas naturais, a questão educacional e o potencial de recursos. No sul as escolhidas foram Porto Alegre e Curitiba, (acredito que Florianópolis foi prejudicada pelo problema viário e pela situação referente ao tamanho e capacidade do aeroporto, apesar da beleza do litoral). Rio , São Paulo e Brasília são as obrigatórias,sem necessitar de qualquer justificativa. No norte, Manaus, situada no pulmão do planeta e que concentra os olhares do mundo, obviamente não poderia estar à margem. No nordeste, Fortaleza, Natal, Recife e Salvador por serem as capitais do nordeste mais desenvolvidas, pela proximidade com os outros continentes, pela beleza natural, pelo poder político lá concentrado, pela situação aérea relativamente bem desenvolvida pelo intenso fluxo turístico. As outras duas, Belo Horizonte, pela força política, esportiva, cultural além daquelas razões já citadas anteriormente e Cuiabá para ficarem contempladas todas as regiões, pois Brasília entra em outro critério.
Fiquei muito entusiasmada com o fato, imaginando todas as vantagens que poderão advir para estas cidades escolhidas. Todo anfitrião gosta de fazer bem as honras da casa, assim, muitos milhões serão investidos em obras para melhoria e construção de estádios (que no futuro poderão ser utilizados em projetos sociais e educacionais para inclusão de crianças e adolescentes provindos de áreas de risco ou situação de exclusão) assim como ocorre no Estádio do River Plate, em Buenos Aires, onde embaixo das arquibancadas funcionava escola, área para dança, basquete e outras práticas quando lá estive. As rodovias terão grande investimento, assim como merecerão atenção aeroportos, rodoviárias e trens urbanos.
Haverá, sem dúvida, investimento privado e público em grande escala (espero que bem gerenciados e com muita transparência). Os reflexos serão sentidos na área comercial, industrial, turística, econômica, de comunicação (que foi de grande peso na escolha do Brasil para sediar a copa, pelo excelente nível tecnológico), educacional e cultural e de gerenciamento de recursos humanos.
As instituições públicas deverão ter melhorias em seus efetivos quer no que tange a treinamento e qualificação profissional como em equipamentos.
Assim como ocorreu uma onda verde-amarela por ocasião da última Copa do Mundo, isto deverá se multiplicar pelo fato de ser desenvolvido em nosso território.
É interesse nosso, como brasileiros, que a imagem a ser mostrada no exterior seja a melhor possível, (sem esconder as misérias debaixo do tapete), de modo que deve haver políticas voltadas para situação daqueles que vivem à margem de qualquer desenvolvimento. Os olhos do mundo estarão atentos ao que aqui ocorrerá, oportunidade importante para mostrar a diversidade que faz deste país um continente, não só no aspecto físico, mas cultural e étnico, de modo a apagar a imagem de violência que se propaga para o mundo.
É hora de convocar as grandes empresas, que aqui operam e obtém grandes lucros para auxiliarem nesta empreitada.
Um outro aspecto é que as cidades do entorno das capitais também se beneficiarão do fluxo turístico, mas para que isso ocorra será necessário um trabalho que deverá ser planejado desde agora, de modo a atrair os turistas que chegarem às capitais. Com todo potencial e vocação turística, com a propaganda intensa não será difícil imaginar o quanto a serra gaúcha atrairá de visitantes. E nós da metade sul vamos deixar que todos os benefícios ou vantagens sejam absorvidos só por aquela região?
Nossa região deve ter como objetivo receber um maior número de turistas, quem sabe atraídos por projetos como o da costa doce que envolve vários municípios, pela divulgação das peculiaridades de cada uma das cidades, em especial Pelotas, e que isto possa ser mostrado por meios de comunicação do mundo inteiro que estarão presentes no evento. É necessário divulgar a beleza da região, o povo receptivo para que a imagem extremamente violenta que é propagada ao mundo seja mudada e que não encontremos mais ninguém que ainda pense que o Brasil é só Rio de Janeiro, escola de samba e o restante selva ou o que é pior, que a capital do país seja Buenos Aires como até alguns anos atrás.
Crônica escrita e publicada quando da divulgação do Brasil como país sede da Copa.