Esses feriados sem sal

Estou aqui, no 01 do 01, no dia em que o ano começa de novo, trazendo tudo que possa nos reservar, e triste vejo que esses feriados já não me tem a mesma graça, talvez seja simplesmente o tempo passando, não sei... Lembro de um tempo, que talvez não tenha tanto tempo, mas pra mim parece em outra vida, que o fim de ano me consumia todas as expectativas... Dia das crianças, meu aniversario em Novembro, o Natal, o Ano novo...

Ahh... O fim de ano... Passava as férias na casa da minha avó, comida caseira, meus tios, presentes, a familia reunida, quanto tempo... escrever isso me parece fazer lembrar dos cheiros do assoalho de madeira, das ruas empoeiradas, das risadas, do Panetone molhado no café, coisa de louco? Talvez...! Mas como eu era feliz.. E mais ainda por ter a linda ilusão de que isso não acabaria nunca...... Meu pai não tinha carro, me levava pra casa da minha vó na garupa da bicicleta... Meu Deus, como aquilo era bom, como era bom passar aqueles dias aproveitando cada minuto, como era bom a sensação de ver uma família por inteiro...

Talvez o tempo tenha mesmo que passar, não sei a qual lugar pertenço mais, não sei se talvez esse seja o preço de crescer? Como já disse H Gessinger “O preço que se paga as vezes é alto demais...”

Sinto nessa época, onde tenho dificuldade em escolher o que vou fazer, o quanto é bom, saber, por simplesmente não ter motivos para escolher outras coisas, e isso, só se sente, quando as que temos já bastam... Não sinto mais isso... E apesar de desejar de todo meu coração os votos que as festas de fim de ano, nos levam a desejar, as pessoas que nos são queridas, eu cheguei hoje, a conclusão de que esses feriados sem sal já não tem a mesma graça...

Talvez um dia, eu tenha uma família, e tente passar um pouco do que vivi para meus filhos, talvez... O ópio que embriaga os dias até pouco tempo me davam a impressão de que eu tinha muito tempo, hoje ele me da a sensação de que esse tempo é tirado rápido demais...

Talvez eu esteja sendo só nostálgico demais, chato até, mas como me fazem falta até coisas que me aborreciam, as novenas de Natal na casa da minha avó, as festinhas que fazíamos no encerramento delas, as missas de fim de ano, minha vó querendo que eu ajudasse a arrumar a casa...

Acho que nesse momento eu trocaria uns dois anos de vida, talvez até mais, para reviver um dia desses... só um desses dias, qualquer um deles...

Quase como sempre, percebo o valor das coisas quando tenho a certeza absoluta que elas nunca mais serão como antes... Que Deus me ajude a não ser mais assim...

“Dos nossos planos é que tenho mais saudades, quando olhávamos juntos, na mesma direção...”

“Talvez um dia, essa tempestade, faça algum sentido...”

(Normalmente termino meus textos com um trecho de musica, mas hoje em especial usei dois)