A GLOBALIZAÇÃO E EU.

Sinto-me passageiro de um trem-bala em uma viagem longínqua que, ao que me parece não tem fim ou destino. A velocidade é tanta que não percebo nada ao meu redor:

- os rios, a paisagem, as montanhas, os pássaros e até as outras pessoas.

Em um dos meus instantes de lucidez, perguntei a mim mesmo: - de onde saí e para onde vou?

- sinto que estou saindo do meu “eu”, e indo sem saber o final exato desta viagem.

Sei que de alguns anos para cá, estou acompanhando a Globalização. Porém, já posso sentir o peso e a perda de algo em mim, como conseqüência.

Vejo que a minha nacionalidade está em função das crises Financeiras intercontinentais. Assim sendo deixo de ser Brasileiro para ser GLOBALIZEIRO. Onde há crise, é a este País que pertenço.

Pago os prejuízos do mundo inteiro, principalmente a conta do G-8-9-10, sei lá. E apesar disso, não usufruo das benesses das potências mundiais, pois tenho que construir o País no qual resido fisicamente.

Fico atordoado em meio a tanta crise, pois, basta anunciar uma, e cá estou eu sem saber o que irá acontecer comigo. Tudo fica vulnerável, posso perder o emprego, ter o meu salário achatado, a minha conta bancária bloqueada, e, o pior é que a catástrofe nem precisa ser no meu país, pois com a globalização, todos, todos têm de pagar a famigerada conta.

Comparo os tempos de agora com os tempos de colonização e dos grandes impérios; só que agora, o resto do mundo é colônia do G-8.

A grande diferença dos tempos de hoje são os grandes Shopping centres, o hedonismo descontrolado, as Redes Sociais que chegam para descaracterizar o Homem. Além de fazerem a metamorfose do Homem no Homem.

Para os estudiosos do comportamento humano, temos um grande desafio pela frente, pois, do Homem de Neandertal até Steve Jobs, o ser humano tem se mostrado uma incógnita. E fica a pergunta:

- nos próximos séculos, qual será a grande cartada do mundo Capitalista?

Como nem tudo está perdido, vou esquecer um pouco a viagem e focar nas coisas simples que me darão mais alegria e prazer em fazer, além de não se tão cobrado para isso.

Desglobalizar-me-ei para voltar a ser pessoa física e não virtual.

Quero sentir dor, quero namorar fisicamente, regular o meu relógio biológico, sentir o paladar de um almoço, queimar os lábios com aquele cafezinho quente, sentar-me naquele banco da praçinha e ver que o sol ainda segue a sua mesma trajetória de outrora, e, que curiosamente, a noite começa logo após a tarde.

A lua? Ah! A Lua segue rigorosamente os seus rituais, tendo como cúmplice as Estrelas.

Como seria o Sol moderno? Ele faria horas-extras? Deixaria de aparecer algum dia, devido a reuniões com outros astros ou faria vídeo-conferência?!

E a Lua, a fim de se otimizar e atender melhor a demanda, se apresentaria em OITAVOS ao invés de QUARTOS, ou se reduziria em DUO, ficando mais tempo no AR?

- Nem quero imaginar uma coisa dessas!

Quero sentir a brisa desta noite, aproveitando enquanto estou DESCONECTADO e curtir da minha janela a vida desenrolar lá fora, pois, tão logo deixarei me levar pela maciez da minha cama e ouvirei o travesseiro sussurrar aos meus ouvidos: - Boa noite!

- E, no dia seguinte:

...

*COMPUTADOR BLOQUEADO*

“Pressione Ctrl-Alt-Del para desbloquear este computador”

...

*Senha e login inválidos*

...

**Noticia importante:

- A Reunião do G-20 ontem em Genebra, terminou sem se chegar a um consenso de quantos Milhões de U$ seriam necessários para... ... ...

Paulo Acácio
Enviado por Paulo Acácio em 11/11/2011
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