A OBRA DE ARTE NA ERA DE SUA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA.
RESENHA CRITICA DO TEXTO: A OBRA DE ARTE NA ERA DE SUA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA.
Walter Benjamin, este texto discute as novas potencialidades artísticas, essencialmente numa dimensão política, decorrente de reprodutibilidade técnica. Com as mudanças que se observa no âmbito da arte e da cultura, hoje são conseqüências do modo de produção capitalista.
As conseqüências dessas mudanças é colocar de lado conceitos tradicionais como criatividade e gênio, validade eterna e estilo, forma e conteúdo. O que se segue são novos conceitos na teoria da arte.
REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA
A reprodução sempre existiu. Seja por discípulos, por mestres ou por terceiros. Quem reproduzia tinha que ter o mesmo talento do artista original, que era uma reprodução manual.
A reprodução técnica é um processo novo que se desenvolveu ao longo da historia. Com o aparecimento da xilogravura, que na idade média consegue a estampa na chapa de cobre e a água forte, da litografia, em que a arte vai para o mercado, com a arte começando a se situar no nível da imprensa. Já com o aparecimento da fotografia a mão é liberada da responsabilidade artística, com a arte se situando no mesmo nível da palavra oral, devido ao seu tempo de reprodução. Avançando para os progressos das técnicas de reprodução no cinema.
AUTENTICIDADE
Mesmo a reprodução mais perfeita não possui o, aqui e agora da obra de arte, sua existência única que contem em si a historia da obra. Isso é a autenticidade que classifica o objeto como aquele objeto. Sendo assim a autenticidade escapa da reprodutibilidade.
No conceito de aura, sua autoridade, seu peso tradicional, o abalo da tradição estão relacionados diretamente aos movimentos de massa: liquidação do valor tradicional de cultura com grandes clássicos do cinema e a atualização do objeto reproduzido.
DESTRUIÇÃO DA AUREA
A percepção se modifica junto com seu modo de existência. A percepção não é apenas condicionada naturalmente mas também historicamente.
Em suma a aura é uma figura singular composta de elementos especiais e temporais. É a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ele esteja.
Em que o declínio da aura é fazer as coisas ficarem mais próximas e a necessidade de possuir o objeto. E a imagem é a unidade e durabilidade e a reprodução é a transitoriedade e repetibilidade, que é oferecido pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas.
RITUAL E POLÍTICA
As sociedades primitivas é uma arte diretamente ligada ao culto, mágico e religioso. Em que a arte nunca se destacava de sua função ritual, mesmo que seja simplesmente o culto ao belo. Surgidas na renascença.
A fotografia levou a arte a pressentir uma crise. Resultando dela a teologia negativa da arte, sob a forma de uma arte pura, rejeitando toda a função social, assim como qualquer determinação objetiva. Com isso abre caminho para reprodução que pela primeira vez faz com que arte desloque-se completamente do ritual. A obra de arte reproduzida é cada vez mais uma obra criada para ser reproduzida. A função social da arte desloca-se do ritual para a política.
No cinema a reprodução não é uma condição externa para uma reprodução maciça. Ela é obrigatória porque a produção de um filme é paga pelo o que se ganha com a sua reprodução. Um consumidor pode pagar um quadro, mas não pode pagar um filme.
O cinema falado, inicialmente foi um retrocesso por impor uma barreira lingüística, mais logo foi superado pela sincronização, foi estimulado pela industria por ser uma chave para controlar a crise do cinema. O publico voltou a ir as salas e criou um vinculo entre a industria elétrica e a cinematográfica.
VALOR DE CULTO E VALOR DE EXPOSIÇÃO
O valor de culto e o valor de exposição são dois pólos a partir dos quais é possível reconstituir a historia da arte. Anteriormente importava que as obras existissem e não que fossem vistas, como as estátuas divinas e esculturas em catedrais da idade média.
À medida que ela se emancipa do ritual, abrem-se as possibilidades dela ser exposta. Chegando ao limite do outro extremo em que importa mais que ela seja vista do que ela exista como obra de arte, no cinema, youtube.
FOTOGRAFIA
A fotografia como uma das responsáveis pelo recuo do valor de culto a favor do valor de exposição. Foi gradual, inicialmente existia um certo culto, por exemplo o culto da saudade, por isso tantas fotos de rosto, em que a aura acena pela ultima vez na expressão fugaz de um rosto. Atget radicalizou esse processo ao fotografar paisagens e ruas que precisam de legendas para serem compreendidas.é o inicio da recepção orientada.
VALOR DE ETERNIDADE
Moedas gregas como únicas obra de arte, fábricas em massa tinham valor eterno, e por ser moeda não podia se desfazer ou ficar apagada no cofre de alguém. Ao mesmo tempo não era exigida perfeição.
No cinema, reprodutibilidade com perfectibilidade. Há muito que se fazer antes de se finalizar um filme. Renuncia aos valores eternos, pois tem que ser sempre melhor, sempre mais perfeito.
FOTOGRAFIA E CINEMA COMO ARTE
Chama a atenção para a necessidade de se pensar o que é a arte pós-reprodutibilidade antes de pensar se fotografia e cinema são ou não arte. Sem se fazer essa analise tenta se conectar a fotografia e o cinema a algum tipo de culto para que ele se classifique como tal.
CINEMA E TESTE
Dois tipos de reprodução: a fotografia de um quadro, em que o objeto fotografado é uma obra de arte. Fotografia de estudo, a obra de arte pode surgir na montagem, nem a foto nem o momento fictício se constituem como arte.
O teste expositivo e teste cinematográfico. A mostrabilidade é um teste que as máquinas impõem ao homem e se ele tem sucesso à um triunfo do homem sobre a maquina. Do contrario ela vence, assim como o operário que não se adapta é demitido.
O INTERPRETE CINEMATROGRÁFICO
O interprete cinematográfico tem que representar a si mesmo diante das
câmeras. Seu corpo perde a substancia sendo privado de sua realidade.
A massa o controla-o, mesmo ela não estando visível. O uso político terá que
esperar até que o cinema se libere de sua exploração capitalista. O capital estimula o culto ao estrelato. Crise do teatro: a arte contemporânea será tanto mais eficaz quanto mais se orientar em função da reprodutibilidade e, portanto, quanto menos colocar em seu centro a obra original.
EXPOSIÇÃO PERANTE A MASSA
A crise da democracia como uma crise nas condições de exposição do
político profissional.
Os meios de comunicação em massa como o rádio, a televisão facilitam a exposição de pessoas que utilizam desses meios para a promoção pessoal, um festival de situações horríveis para a promoção. Tendo como exemplo principal os políticos em suas propagandas eleitorais, os quais se tornam atores à procura de condições de exploração se sua imagem.
A EXIGÊNCIA DE SER FILMADO
As semelhanças entre o fascismo e o capital cinematográfico nada mais é do que proprietários explorando as aspirações de novas condições sociais. Todo mundo quer ser filmado e filmar, pois a oportunidade de aparecer para muitos é tudo, principalmente para aqueles que ganham com isso. No que diz respeito ao cinema os filmes da atualidade provam que aparecer na tela é a principal exposição do artista.
A arte amadurecida encontra-se em pelo menos três estágios: A técnica atuando sobre a forma de artes, animação de desenho que se passa com o polegar e os rudimentos do cinema.
Essas formas de arte tradicionais tendem a promover efeitos que mais tarde foram obtidos sem o menor esforço pelas novas formas de arte (dadaísmo) e com estas mudanças sociais vão interferir na estrutura da recepção da arte para muitos e arte para poucos.
PINTOR E CINEGRAFISTA
O cinegráfico utiliza do procedimento técnico, que faz parecer real, para meramente efeitos digitais. O pintor observa em seu trabalho uma distancia natural entre a realidade dada a ele próprio, ao passo que o cinegrafista penetra profundamente as vísceras dessa realidade, ou seja, estão entre si.
RECEPÇÃO DOS QUADROS
Quanto menos a significação social, maior a distância entre fruição e crítica. Na pintura desfruta-se do que é tradicional sem criticá-lo, critica-se o que é novo, sem desfruta- lo.
No cinema o filme de sucesso é o que todo mundo viu e que todo mundo gostou. A recepção coletiva está condicionada pelo caráter coletivo da reação.
CAMUNDONGO MICKEY
A função social do cinema se dar pela impressão de liberdade aqueles que pareciam aprisionados em seus apartamentos, fábricas ou em estações de trem. O mundo que se apresenta a câmera não é o mundo que os olhos vêem ao seu inconsciente ótico.
Outro modo de enxergar isso seria a afirmação de que o que funda a fotografia é a pose e não como algo do alvo ou do operador, mas como um instante único em que uma coisa real ficou imóvel diante do olho.
Os efeitos que o cinema representa são reais em psicóticos, alucinações e
loucos. A percepção audiovisual se apropria da percepção da alucinação e cria personagens de sonhos coletivos.
DADAISMO
Nas artes plásticas os objetos do cotidiano são retirados de contexto da realidade e elevados à categoria de arte com pouca ou nenhuma mudança. Um exemplo dessa forma de arte chamada de ready-made é o mictório que Duchamp intitula Fonte. O ready-made questiona o valor do objeto artístico como mercadoria preciosa e abala a noção de arte consagrada pela sociedade ocidental.
O dadaísmo, por sua vez, tentou produzir nas pinturas o que foi procurado mais tarde no cinema, a distração e golpes de mudança de tempo e lugar. Sem aura, pura reprodução.
RECEPÇÃO TÁTIL E RECEPÇÃO ÓTICA
A quantidade se converteu em qualidade, pois a massa busca distração, enquanto o especialista, retraimento. Na arquitetura a recepção tátil é o uso da recepção através da distração uma mudança na percepção que é a importância da estética.
ESTÉTICA DA GUERRA
A impressão de mobilização é quando a massa vê seu rosto na tv, o qual a humanidade transformou-se em espetáculo para si mesma. Sua própria destruição como um prazer estético de primeira ordem.
A guerra e somente a guerra permite dar um objetivo aos grandes movimentos de massa, preservando as relações de produção existente.
A guerra permite dar um objetivo aos grandes movimentos de massa, preservando as relações existentes. Segundo o manifesto de Marinetti, a estética da guerra moderna se apresenta do seguinte modo: como a utilização natural das forças produtivas é bloqueada pelas relações de propriedade, as intensificações dos recursos técnicos, dos ritmos e das fontes de energia exigem uma utilização antinatural.
Essa utilização é encontrada na guerra, que prova com suas devastações que a sociedade não estava madura para fazer da técnica o seu órgão, e que a técnica não estava avançada para controlar as forças elementares da sociedade.
Com o intuito de construir uma teoria materialista da arte ou, como cita Walter Benjamin, um “trabalho de teoria estética”, em “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica” o autor traz a discussão sobre Arte e Modernidade Capitalista.
Walter Benjamin finaliza o texto, discutindo a proletarização crescente do homem contemporâneo e as progressivas importâncias das massas que são aspecto de um mesmo processo histórico. O autor fala de algumas implicações, que revela a chegada da fotografia e a reprodução da arte num processo novo. Sem duvida, este continua sendo um texto atual, importante e passível de muitas interpretações.