Teorização organizacional: um campo historicamente contestado (REED, Michael).

Herick Limoni*

1 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

REED, Michael. Teorização organizacional: um campo historicamente contestado. Handbook de Estudos Organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999.

2 - SÍNTESE DA OBRA

Através dos tempos, muitas foram as teorias que surgiram na tentativa de explicar os comportamentos organizacionais, cada qual com suas nuances e características históricas. Estas teorias tentavam, de certo modo, compreender os conflitos organizacionais e suas influências para as organizações e, em que pese as contestações que sofreram e ainda sofrem, contribuíram sobremaneira para enriquecer o debate sobre este tema que, embora amplamente discutido e estudado, continua, ainda, muito atual.

Neste texto, o autor traça um caminho histórico das teorias organizacionais, fazendo um paralelo entre suas contribuições para o estudo da administração e suas problemáticas principais, resumindo os temas propostos por essas teorias em quatro debates e seus respectivos temas: o teórico atuação/estrutura; o epistemológico construtivista/positivista; o analítico global/local e o normativo individualista/coletivista. Após discorrer sobre estes temas, o autor faz uma crítica sobre temas que, em sua concepção, são importantes e ficaram de fora desta discussão, quais sejam: o gênero, que segundo o autor permeia a estrutura e os processos organizacionais; a raça e etnicidade, sobre os quais o autor argumenta terem ganhado força nos últimos 10 anos ou mais; a tecnociência, que segundo o autor, vem abrindo novos focos de conflito e circuitos de controle, dificultando a realização de previsões sobre tendências de longo prazo nas estruturas de poder e, por fim, o desenvolvimento global e subdesenvolvimento, baseado no atual reconhecimento das “novas dependências” entre os países ricos e pobres em tecnologia, que resultam da dominação, pelo Primeiro Mundo, das inovações tecnológicas.

O autor argumenta, ainda, que apesar dessas teorias serem bastante contemporâneas, estas não podem ser vistas como “verdades absolutas”, ainda que se baseiem em estudos científicos, e que sua aplicação, hoje, embora tenha alcançado resultados satisfatórios quando de sua concepção, não pode valer-se dos mesmos pressupostos utilizados no passado.

3 - REFLEXÃO CRÍTICA

A rapidez das mudanças e a velocidade das informações têm alterado sobremaneira as organizações e o comportamento organizacional. Teorias que outrora perdurariam décadas, hoje são rapidamente contestadas por outras novas, muito em virtude dessa rapidez “evolutiva”. Isso não significa dizer que as “velhas” teorias perderam sua aplicabilidade, mas que, para que surtam algum efeito nos dias atuais, outras variáveis diversas têm de ser levadas a efeito. Diante de toda essa ebulição sociocultural, é preciso que surja algo novo, capaz de, se não responder, explicar toda a implicação que os problemas modernos acarretaram e continuam acarretando para as organizações, certos de que, nessa velocidade, possivelmente daqui a poucos anos, essa nova teoria terá sua aplicabilidade sensivelmente prejudicada, assim como aconteceu com suas antecessoras.

* Bacharel e Mestrando em Administração de Empresas, com ênfase em Criminalidade e Segurança Pública.