Taylor e o progressivismo norte-americano ou como um engenheiro se tornou o pai da administração.

Herick Limoni*

1 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MENDES, Dayse. Taylor e o progressivismo norte-americano ou como um engenheiro se tornou o pai da administração.

2 - SÍNTESE DA OBRA

A administração, como ciência, é relativamente nova, se comparada às outras disciplinas integrantes das chamadas ciências sociais, tal como a filosofia e a sociologia. Sua origem remonta ao final do século XIX e início do século XX, com os estudos de Frederick Winslow Taylor, considerado, por muitos, o pai da administração. A autora se propõe a tentar responder por qual motivo um engenheiro veio a ser considerado como tal, diagnosticando características e nuances históricas que permeavam o contexto no qual sua teoria, conhecida como Administração Científica, fora concebida. Sua teoria era dividida, em resumo, em quatro princípios: 1) desenvolvimento de uma verdadeira ciência; 2) seleção científica do trabalhador; 3) instrução e treinamento científico desse trabalhador e 4) cooperação íntima e cordial entre a direção e os trabalhadores. Essa teoria objetivava o aumento da produtividade com a economia de tempo, supressão de gestos desnecessários e comportamento supérfluo no interior do processo produtivo.

Entre os fatos que influenciaram Taylor, a autora destaca a Revolução Industrial, que se caracterizou pelo início da produção em larga escala e, consequentemente, trouxe a discussão sobre a necessidade de se ter uma administração mais eficiente nas organizações, já que não haveria mais espaço para amadorismo, e o embate sociológico entre o liberalismo e o progressivismo. Enquanto o liberalismo defendia o individualismo como forma de desenvolvimento das organizações e das nações, na contramão, o progressivismo defendia que a atuação coletiva era a melhor forma de se alcançar o progresso.

Dentre desse contexto, segundo a autora, não é de se espantar que Taylor, com sua concepção mecanicista e científica, adquirida com a engenharia, influenciado, ainda, pelo modelo dominante à época, que explicava o universo como um sistema mecânico, formado por partes separadas e indiferente aos indivíduos, tenha criado uma das mais revolucionárias teorias de que se tem notícia no campo da administração.

3 - REFLEXÃO CRÍTICA

Embora a teoria de Taylor seja um marco teórico para o campo da administração, alguns fatores nela contidos já haviam sido levantados anteriormente. Em que pese não haver citação a esse respeito por parte da autora, uma vez que não era esse seu objetivo com esse artigo, há várias semelhanças entre algumas idéias de Taylor com as de Adam Smith, em sua mais famosa obra Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (1776), principalmente com relação à especialização do trabalhador, a conseqüente divisão de tarefas e a diminuição do tempo de execução das tarefas como forma de incrementar os lucros e aumentar a produtividade, o que evidencia a influência dessa obra nos estudos de Taylor.

Assim como fatores históricos influenciaram na concepção da teoria, hoje, em virtude de fatores contemporâneos, a teoria de Taylor, ainda que bastante atual, deve ter sua aplicação vista com ressalvas. Prestes a completar um século de existência, a obra de Taylor não pode ser aplicada hoje da forma como foi concebida, uma vez que são diferentes os contextos, ainda que um dos principais objetivos das organizações, aumento dos lucros com diminuição de gastos, seja o mesmo de um século atrás. Com base nisso, há o fato de que muitas organizações de hoje implantam sistemas contrários às idéias de Taylor, principalmente com relação à especialização, onde os trabalhadores têm que conhecer todas as fases do processo produtivo, talvez visando o não comprometimento do ciclo produtivo da empresa, em caso de contingências, como é o caso do absenteísmo e da migração dos trabalhadores para outras organizações, tão comum nestes dias.

* Bacharel e Mestrando em Administração de Empresas, com ênfase em Segurança Pública e Defesa Social.