Resenha de artigo. Pecado do mundo, Luz do mundo
Faus, GONZÁLES, Pecado do mundo, Luz do mundo, Revista Contilium, 1999, pg 723- 736.
O artigo no inicio vai relatar que verdade toda forma de progresso é no fundo uma tentativa de evolução do caos ao kosmos, visto que o mundo é algo inacabado e a liberdade permite iniciativas distintas.
O artigo traz cinco capítulos e um total de quatorze paginas, já no primeiro capitulo faz-se uma observação ao quarto evangelho onde se vê claramente a ambivalência da palavra “mundo”, e o progresso trás consigo está mesma ambivalência.
Já no terceiro parágrafo o autor substitui algumas frases do quarto evangelho alterando essas por duas palavras: liberdade e progresso, então mostram ao leitor que na verdade o progresso ou a liberdade e condenada no evangelho de João, pois estas realidades estão sem uma perspectiva Cristológica, então são realidades órfãs.
O artigo fala do pecado estrutural e mostra este sendo fruto primeiramente do pecado pessoal e assim contribui para o “pecado do progresso”, pois este sem a luz de Jesus padece de caráter do amor fraterno.
Em contra partida Jesus vem para desmascarar este pecado e propor um projeto de salvação.
A partir de uma Ótica Teológica do quarto evangelho ele vai falar desde mundo, imerge a violência e a mentira. Em João o pecado parece ser uma ordem construída sobre uma mentira implantada que favorece a violência assassina, ou construído sobre uma injustiça assassina que é disfarçada com a mentira.
Deus como Pai é o fundamento de uma fraternidade da qual ninguém, nem um só, pode ser excluído, mas o “mundo” em João desconhece esta dimensão.
Jesus contrapõe-se à mentira e a violência, trazendo luz e vida.
No Capitulo III, o artigo mostra que na verdade toda mentira e violência homicida que trata o quarto evangelho podem nos dias de hoje ser substituídos por: poder político, religioso, desigualdade social, todas essas facetas que mascaram o interesse individual e que esta dimensão está na raiz do pecado estrutural.
A mentira das “falsas necessidades” é induzida, e com ela se apresenta um “novo evangelho econômico” que degrada o ser humano.
Jesus apresenta dois princípios: luz e amor, luz para uma cegueira e amor como nova atmosfera que transforma o homem. Jesus não somente denuncia as atitudes pessoais, mas também estruturais sociais, pois, o mundo costuma institucionalizar aquilo que considera de mais sagrado.
No capitulo V, o autor fala que João é de uma simplicidade tão profunda que pode ser confundido com um fundamentalista, mas o quarto evangelho é rico em teologia social e simbolismo. Comenta que para ele o valor deste evangelho esta, em que poucos documentos neotestamentários falam mais do que ele da entrega da vida.
Diz que uma consciência cristã não pode aceitar essa trágica realidade, nem por convicção nem por resignação, e sim se deve o verdadeiro cristianismo denunciar, ou propor alternativas iguais para um futuro melhor. A igreja tem como responsabilidade e dever sacerdócio a postura de profeta diante da desigualdade econômica, desvalorização da ecologia, e meio de comunicações que alienam e anestesiam a população dês cristalizando o ser.
Enfim, o artigo mostra que o pecado é cometido quando se crê mais nos valores deste progresso do que representa Jesus. Pois este representa: gratuidade, justiça, verdade, amor, fraternidade universal e acima de tudo filiação de Deus, ou seja, pecar é negar toda esta dimensão.
È um artigo muito bem escrito e com linguagem de fácil compreensão. Acredito fielmente em todas as verdades expressas neste artigo, pois vivenciamos a mesma crise exposta pela comunidade de João, talvez não em igual proporção, e sim em escalas maiores.
Hoje nosso “progresso” emprega um caráter no ser humano onde se “perde o sentido do pecado” como disse João Paulo segundo, o ser se vê como Criador e não mais como criatura, pois ele devido a liberdade tem a possibilidade de transformar o mundo.
Nega-se o “EU SOU” em nome da suposta “liberdade”, assim a mentira e a violência parece estar em nossos dias de hoje impregnada na personalidade humana e está dimensão fortalece o pecado estrutural uma vez que este depende do pecado pessoal para sua construção.
Mas, vejo que como cristãos não podemos descambar para o pessimismo, uma vez que DEUS cria salvando, e descambar para o pessimismo seria aderir a este “progresso”, pois o pessimismo é fruto dele. Assim aderir ao discipulado de Jesus remete intrinsecamente em ser autentico, profeta, e acima de tudo através da vivencia remeter ao mundo Luz e vida.
Mesmo o pecado sendo um “não” decidido a Deus, não podemos esquecer que “Deus é amor”, e esta frase perpassa, carregada de mistério e de promessa, toda a nossa historia. E ela sozinha seria capaz de manter a esperança no Mundo ¹.
Portanto, vejo que o pecado também acaba sendo a opressão social, a negação a vida, a falta de amor ao próximo, mas também este traz sua ambivalência, pois ele nos permite a mudança, novas escolhas, ou seja, traz consigo a evolução do ser.
Wagner Gomes de Campos, Acadêmico do Curso de Teologia da Universidade Dehoniana, Taubaté, São Paulo.
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¹ Torres Queiruga, Andrés
Recuperar a salvação: por uma interpretação libertadora da experiência cristã/ Andrés Torres Queiruga; tradução Afonso Maria Ligorio Soares. – São Paulo: Paulus, 1999. - (Teologia hoje)