RESENHA CRÍTICA
 
  A organização da vida de estudos na universidade
 
SEVERINO, Antônio Joaquim. A organização da vida de estudos na universidade. In: Metodologia do Trabalho Científico. 21 ed. ver. amp., São Paulo: Cortez, 2000. p. 23-33.
 
                                                    Por: Luing Argôlo Santos[1]
 
     Antônio Joaquim Severino é brasileiro. Possui graduação em Filosofia pela Universite Catholique de Louvain (1962), mestrado em Filosofia pela Universite Catholique de Louvain (1964), doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1972), ensino-fundamental-primeiro-grau pelo Grupo Escolar Cel Manuel Pinto (1951) e ensino-médio-segundo-grau pelo Seminário Arquidiocesano de Campinas (1960). Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: Cidadania, Construção do Conhecimento, Educação, Filosofia da Educação, Historicidade e Prática.
     Na introdução do primeiro capítulo, do livro Metodologia do Trabalho Científico, o autor aborda o ingresso no ensino superior como uma mudança radical de posturas de estudo. Temos que ter maior autonomia para estudar, ou seja, os resultados vão passar a depender de nós mesmos. Além de ser necessário ter em mãos uma série de instrumentos para auxiliar a vida de estudo. Ele foi muito preciso ao dizer que temos que mudar nossas posturas ao ingressar no ensino superior, porém enfatizou muito a prática do estudo individualizado e sabemos que há como aprender bastante no estudo em grupo também.
     Na Primeira parte, o autor defende a ideia de que a aprendizagem na universidade se inicia através de um embasamento teórico. Por isso o estudante deve formar uma biblioteca pessoal que irá complementar as exposições dos professores em classe. O professor, para Antônio Joaquim Severino, deve saber conduzir os alunos a descobrirem as vias da aprendizagem. Ele também dá ênfase ao uso de revistas como instrumentos que acompanham o desenvolvimento das ciências afins do estudante e por isso é necessário tê-las em mãos. Segundo ele a interdisciplinaridade é um pressuposto para toda formação teórica. Deixa também, um especial destaque aos recursos eletrônicos, em especial o computador. Foi bastante sábio ao tratar o assunto do uso de instrumentos no cotidiano do universitário. Os mesmos enriquecem nosso conhecimento e nos fazem compreender que o curso que fazemos não acontece de maneira isolada, mas podemos relacioná-lo com diversas áreas do saber.
     Outro ponto enfrentado pelo autor, na segunda parte do texto, é a conscientização de que os materiais didáticos são a base para o estudo pessoal, enfatizando a importância dos estudos extra classe. Segundo ele, muitos esclarecimentos só se encontram através dessa forma de estudo. Nos lembra também que quando assistimos uma palestra, um debate, é importante reter as ideias principais e não todo o discurso feito. Pois, se retermos o cerne da argumentação e retomarmos ao que escrevemos, se é que prestamos atenção de fato, conseguimos recompor a síntese do discurso. A importância de proceder dessa forma se dá porque o estudante não estará gravando frases apenas. Está pensando no sentido das questões que estão em destaque. O autor transmitiu muita convicção ao tratar da exploração dos instrumentos de trabalho. Se formos bons exploradores adquiriremos maior familiaridade com o assunto, por mais difícil que ele pareça ser.
     Passando agora para a terceira parte, na qual o autor se refere a disciplina do estudo, ele nos aconselha a aproveitar o tempo disponível para estudar ordenando as prioridades, além de manter um ritmo de estudo e, como regra geral, dar um intervalo de meia hora após duas horas de estudo. Essa proposta foi muito importante, por que além de estudar, o estudante também deve saber como estudar. Não são horas de estudo que irão nos fazer ter um melhor aproveitamento do conteúdo estudado, mas a qualidade com que estudamos determinado assunto.
     Por fim, o autor conclui dando bastante importância à revisão das aulas que para ele é a primeira etapa da aprendizagem da matéria estudada. Ou seja, a prática de rever anotações é uma medida inteligente para o domínio do conteúdo dado. O autor foi muito verdadeiro com essa colocação, pois se o aluno guarda ideias e revisa-as, essas ideias nunca se perderão porque são ideias e não meras frases decoradas. Isso que é realmente um estudo consciente.
     Essa obra não exige conhecimentos básicos para entendê-la. É recomendada a qualquer estudante que está ou acaba de ingressar na universidade. Sua contribuição vai, principalmente, para aqueles que querem aprender a estudar da maneira correta. Indicamos, também, para todos aqueles que gostariam de saber quais mudanças sócio-culturais passamos ao iniciar quaisquer graduações em uma rede de ensino superior. 


 
[1] Graduado em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e discente do curso de rsprem matemática pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM).