O tempo histórico nas primeiras séries do Ensino Fundamental
Resenha
BERGAMASCH, A. O tempo histórico nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Rio Grande do Sul. Disponível em: www.anped.org.br/reunioes/23/textos/1317t.PDF. Acesso em: 13/03/2011.
Em seu texto, Aparecida Bergamaschi inicia mostrando como a escola é importante para incluir os indivíduos na vida social, especialmente falando a respeito da disciplina de história que traz a noção de temporalidade. Nesse sentido é bom lembrar que temos como meio de produção o capitalismo, sendo assim, a máquina capitalista não poderia deixar de ter visto essa importância da escola para servir as suas atribuições. Dessa forma, nota-se que o currículo montado obedece exatamente à demanda e ao modelo liberal. Assim, pode-se observar o modelo fordista: produção em série = na escola primeira série, segunda série...; nas fábricas todos uniformizados = na escola o uso do uniforme; também o uso do sinal para ambos etc. Ainda sobre o currículo, a autora comenta que atualmente a História é ensina, nas primeiras séries do ensino fundamental, embutida nos estudos sociais que privilegia apenas a comemoração de datas que tendem a colaborar com a ideologia dominante e, além disso, disseminam o preconceito. Segundo a autora, tem sido feitos trabalhos com o objetivo de mudar essa realidade, como a organização dos Estudos Sociais em círculos concêntricos. Esse tipo organização visa instruir o aluno nos conhecimentos ligados ao seu meio, para que assim, ele possa ter acesso a outros conhecimentos. Esse método contribui, mas tem o perigo de fazer com que o aluno foque muito em sua área e se feche para outras. Observando esses métodos, os quais excluem ainda mais o aluno do convívio social, Bergamaschi conclui que uma forma de inclusão do indivíduo na sociedade seria construir nele de fato a noção de temporalidade. Porque, na ideologia capitalista, o único tempo que se aprende de fato é o tempo cronológico: “tempo é dinheiro”. Com isso, o aluno prende-se em um universo único, não atentando para outras formas de se mensurar o tempo que não seja essa. Além disso, perde-se também o referencial cultural das outras etnias que não observam o tempo dentro desse mesmo modelo obedecido pelo ocidente. Essas diferenças, muitas vezes, podem ser observadas dentro da própria comunidade onde grupos religiosos ou que cultivam alguma outra ideologia não se utilizam diretamente do relógio e do calendário, mas tem formas subjetivas de se conduzirem no tempo. Sendo assim, a autora propõe que a escola elabore um currículo que possa contemplar essas outras formas de se mensurar o tempo, para que, dessa forma, os alunos possam adquirir meios de reflexão e perceber melhor os acontecimentos em sua volta.
MENEZES, L. F.