Currículo Básico Escola Estadual: Área das ciências da natureza – Matemática

Resenha crítica

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. Área das ciências da natureza – Matemática. _______. Currículo Básico Escola Estadual. Vitória: SEDU, 2009.

Ao analisar o documento em questão, notou-se que suas bases foram construídas sobre pressupostos teóricos progressivistas. Isso mostra uma notável conscientização dos responsáveis pela preparação do currículo em relação aos métodos tradicionais utilizados no passado. É bom lembrar que tais métodos não deixaram de ser empregados em sala de aula, mas seu uso passou a ser ponderado pelo professor.

Os métodos tradicionais ligados ideologicamente ao capitalismo, não têm como objetivo fazer com que o aluno aprenda realmente. Na verdade, o objetivo é fazer com que ele não aprenda, como meio de controle social da elite sobre os trabalhadores. Isso porque, estão baseados em metodologias que afastam o aluno de sua realidade. Por exemplo, fazendo-os decorar a tabuada ou regras, fórmulas como as que muitos sabem de cor, porém não sabem para que serve: “Hipotenusa ao quadrado é igual a soma dos quadrados dos catetos”. A professora/o procurava fazer com que o aluno recitasse essa fórmula dez, vinte vezes, “repitam comigo novamente”. Particularmente, nunca soube de fato para que serve essa bendita fórmula, então, consultando os manuais observei as inúmeras aplicações práticas, como por exemplo: para calcular os degrau de uma escada; ao se construir estruturas em formas retangulares como portões, ou metálicas que sustentam pesos, para isso, usa-se colocar haste de um lado a outro do retângulo formando um X, nesse sentido, essas hastes formam quatro triângulo que trazem sustentabilidade ao retângulo. Esse exemplo citado apresenta como o conhecimento da geometria tem uma importante aplicação prática. Com isso, pode imaginar a importância de todo o conhecimento matemático aplicado na vida diária. Tais aplicações jamais foram possíveis com os métodos tradicionais.

Por isso, nesse currículo analisado, ao perceber que ele procura se desprender das velhas filosofias, vê-se a preocupação em não desvencilhar a teoria da prática, e isso tem uma consequência que é a formação de cidadãos conscientes, que saibam aplicar os conhecimentos adquiridos e saibam também ser críticos do mundo.

Os métodos progressivistas embora sejam mais eficientes que os tradicionais no sentido de descortinar o mundo para o aluno, não deve ser tratado como regra geral, assim como, os métodos tradicionais. Dessa forma, todo método precisa ser submetido à criticidade do professor. O próprio Paulo Freire afirma que aquilo que diz não deve jamais ser tomado como regra, mas sim submetido à crítica, do contrário, estaria promovendo um retrocesso.

A integração entre teoria e prática a qual se falava, foge completamente ao tradicional: a sala de aula com a lousa e o professor como a autoridade máxima. Assim, a implementação de métodos progressivistas permite deixar a sala de aula e entrar em contato com a vivência cotidiana, construindo formas mais elevadas de se pensar os conceitos matemáticos. Além disso, o contato direto com os outros alunos ajuda na transmissão dos conhecimentos e na troca de experiências. Nesse ambiente dialógico, o professor põe-se como um mediador entre o aluno e objeto de conhecimento. Esses novos aspectos do ensino tendem a motivar os alunos, pois estes passam a enxergar na integra a necessidade do saber matemático e como ele traz praticidade diante de situações específicas que o exigem.

Esses argumentos apresentados mostram que a avaliação feita no documento é positiva, embora se deva pensar que em nada adianta sua implementação se não houver meios de colocá-lo realmente em prática

MENEZES, L. F.