“PROVA: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas”
Resumo da aula “PROVA: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas.”
É notória a produção de estudiosos acerca da avaliação da aprendizagem, principalmente sobre prova escrita. Aliás, esta vem sendo tachada com diversas nomenclaturas ultrajantes que designam a má aceitação da mesma como forma efetiva de verificação do conhecimento. Resta ao professor, no seu cotidiano escolar, a exaustiva tarefa de persistir em valer-se de provas como mecanismo de avaliação. Não raro, surge no ser docente certa “culpa”, ao julgar-se cometedor de algo errado ou um “crime” contra seus alunos.
Visto por este angula, a avaliação do ensino-aprendizagem está alicerçada em moldes desgastados e, há tempos, ultrapassados. O que se pretende aludir no texto de Vasco Pedro Moretto é a filosofia da reflexão sobre o processo de avaliação, construído a partir de uma visão pedagógica que esteja de acordo com as necessidades educativas. A simples extinção da prova escrita ou oral não dará o progresso desejado ao sistema de educação.
É preciso que o momento avaliativo se configure numa chance de o aluno manifestar e desenvolver suas habilidades leitora, reflexiva, discursiva e escrita, e demonstrar sua competência em trabalhar com questões mais complexas, que envolvam sua capacidade de pensar e solucionar problemas.
Umas das questões mais recorrentes, dentro do processo avaliativo, é o êxito almejado pelo professor em sua atividade profissional. Este trabalha, planeja sua aula, pensando no sucesso que posteriormente, atingirá em sua pratica de ensino. Porém, este mesmo sucesso, em certas situações, transparece um tom enganador, sendo chamado, pelo autor, de pseudo-sucesso. Um exemplo clássico desse tipo “falsificado” de bom resultado é o uso abusivo da memorização, comumente chamado de decoreba. Nele, o aluno é levado a fixar tal conteúdo por meio da repetição exaustiva, com auxílio exclusivo da memorização mecânica, descartando a presença de contexto ou sentido. Este tipo de ensino é típico das chamadas escolas tradicionais, onde a rigidez do ensino ganha forte aspecto opressor e alienante. Moretto refuta o tradicionalismo educacional com a reflexão acerca do ensinar: o empenho do professor, ao ensinar, é possibilitar que seu aluno desenvolva a competência de dar sentido ao que produz. Sendo assim, ensinar mediante o uso da decoreba e limitar o aluno em seu exercício de reflexão, cerceá-lo em sua necessidade de pensamento e impor-lhe uma visão unilateral de compreensão: a do professor.
Outra forma de burlar o sucesso nas aulas é considerar a eficiência do ensino resultado das boas notas alcançadas pelos alunos. Somente a observação dos resultados conseguidos nas provas não é bastante para garantir sucesso escolar, uma vez que se deve atentar ao modo como foi elaborada a prova e o que se questiona. O aluno pode conseguir uma nota excelente na prova apenas porque pôs ali as respostas já memorizadas nas aulas, cujas questões assim pediam. Não houve uma preocupação em formular perguntas que, através do conteúdo trabalhado em sala, exijam do aluno mais concentração e capacidade analítico-reflexiva das mesmas.
Há, ainda, a relação professor-aluno que viabiliza o inverídico êxito no ensinar. Em muitos estabelecimentos de ensino, o professor é tido como detentor supremo do saber e a ele compete a tarefa de transmiti-lo aos alunos. Por isso, a sua exclusividade discursiva (só ele tem o poder da fala). Aos alunos, receptores passivos do conhecimento, cabe a tarefa submissa de unicamente ouvir e copiar o dito, para mais tarde reproduzi-lo nas provas.
Percebe-se, então, que a consciência de sucesso no ensino é falseada pelos que se julgam provedores de tal. O verdadeiro sucesso reside em outros aspectos, simples, mas que se encarados com responsabilidades, resultam num trabalho produtivo e de real sucesso.
Para se edificar o ensino com sucesso, o professor deve traçar objetivos a serem atingidos quando planeja suas aulas. Dessa forma, o docente buscará estratégias que efetivem o alcance de tais metas e que as mesmas sejam re-elaboradas quando não estiverem satisfazendo ao objetivo pretendido. Com as metas em vista, parte-se para a análise dos conteúdos a se trabalhar com os alunos, aqueles que realmente sejam importantes, tanto em sua vida estudantil como em sua formação cidadã. É neste ponto que entra a aprendizagem significativa, que possibilita dar sentido ao que se estuda, atribuir relação ao conhecimento visto em sala de aula com a vivência cotidiana fora dela.
Quando o ensino proporciona o desenvolvimento das habilidades e aquisição de conhecimentos, que conduzem às competências almejadas, pode-se dizer que o ser humano aí preparado está apto a exercer uma profissão, aplicando nela suas competências.
No item 2 no texto, Moretto evidencia a real finalidade de se ensinar: permitir ao aluno o desenvolvimento de competências. Em outras palavras, é mostrar ao discente que ele é capaz de executar “qualquer” atividade de mais complexidade, pois tem competência para isso, basta trabalhá-la. Para solucionar questões complexas, é necessário que, antes de tudo, conheçam-se seus conteúdos. Se o objetivo do ensino é tratar de assuntos relevantes, que tenham sentido para o sujeito dentro de seu contexto, é imprescindível que se tenha ciência dos conteúdos que abordam tais situações complexas.
Aliadas aos conteúdos específicos estão a habilidades estimuladas nos alunos. Na sala de aula, o professor é responsável por facilitar o exercício de aptidão nos alunos, uma espécie de “treinamento”, para que o sujeito possa saber fazer e fazê-lo bem. Por meio do desenvolvimento das habilidades, o estudante adquire maior competência para executar determinada atividade.
Ainda relacionadas à aquisição de competências estão as linguagens. Cada área de conhecimento possui uma linguagem própria, responsável pela comunicação de seus preceitos e interação com os usuários dos mesmos. Sendo pois, conhecer a linguagem especifica parra resolver uma situação complexa é sinal de competência.
Outros elementos associados ao termo competência são os valores culturais, que são os dispositivos que estabelecem o contexto cultural da situação. Ministrar uma aula é uma situação complexa a ser enfrentada pelo professor. Com isso, o mesmo deve valer-se de uma linguagem clara, precisa e contextualizada de acordo com os valores culturais de seu público-alvo.
Como último item analisado no contexto das competências figura a administração das emoções. Lidar com as emoções, ter controle emocional, é um meio de se demonstrar certa competência. Assim, ajudar o aluno a “domar” seus sentimentos é uma forma de contribuir para o desenvolvimento de suas competências, na medida em que o domínio das emoções não interfira negativamente na aprendizagem, mas se torne aliada para a efetivação desta.
Ao se falar em competência, não se pode deixar de lado sua aplicação ao professor, principiador do processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, considerar um professor competente é analisar as características que o torna hábil em sua pratica educacional. O professor competente no ensinar tem domínio do conteúdo especifico de sua disciplina, é hábil no ato de ensinar, identifica valores culturais arraigados ao ensinar, emprega linguagem pertinente para ministra sua aula e sabe administrar suas próprias emoções e auxilia no controle das emoções de seus alunos. Já na avaliação da aprendizagem, o professor competente é aquele que tem consciência da finalidade da prova, sendo uma forma de contribuição no estudo e não um acerto de contas, é capaz de fazer uma elaboração consciente das questões da prova, identifica e trabalha valores culturais inseridos na avaliação, sabe selecionar uma linguagem clara e precisa, favorável ao entendimento das questões e gera um ambiente que beneficie a manutenção das emoções em níveis controlados.
Como último pensamento, pode-se dizer que a avaliação é o suporte da aprendizagem. Por meio dela, é possível identificar o que deve ser mudado para que o aluno aprenda e aprenda melhor.