"As águas do mar" - Clarice Linspector

Mais uma vez Clarice Linspector nos surpreende com sua espetacular narrativa.

O conto nos remeteu a Sartre, quando ele diz que “... o escritor pede ao leitor não é a aplicação de uma liberdade abstrata, mas a doação de toda a sua pessoa, com suas paixões, suas prevenções, suas simpatias, seu temperamento sexual...”

A autora tenta nos mostrar as sensações pela quais a mulher (uma das personagens principais do conto) passou ao interagir com o mar. O fascínio pelo desconhecido, levou-a ase aventurar encarando seus medos, e tentando mostrar para si que era capaz, e que poderia , nem que por minutos, transformarem-se em um só. E com isso ela permitiu-se conhecer sua natureza interna, suas transformações, seus desejos e angústias, tais como o início de um relacionamento homem x mulher: “... o mar por dentro como líquido espesso de um homem”.

O objeto de análise de Clarice Linspector paira sobre o mistério, para muitos o intangível, e como diz Sartre o objeto de análise dentro do contexto teórico é essencial.

Seguindo a teoria de Foucault, podemos dizer que “a autora da ao leitor o poder de flexionar os signos (mulher x mar), os encaixando de forma a se completarem. E isso faz conseqüentemente que a interpretação seja essencial para o real entendimento do texto.

Quando Clarice Linspector diz que: “Depois caminha dentro da água de volta a praia”, ela mais uma vez nos remete as sensações da mulher. Agora, os medos já não tinham mais lugar em seu ser. Estava plena, completa. E sem dúvida alguma, era uma nova mulher.

Laine
Enviado por Laine em 18/06/2005
Código do texto: T25482