PLATÃO
I – CITAÇÃO DA OBRA:
PLATÃO. Fedro. In: Ibidem. Diálogos – Mênon, Banquete e Fedro. Tradução de Jorge Paleikat. São Paulo: Globo, 1945.
II – RESUMO:
De forma geral a obra trata da questão do amor. Tema este que fora confrontado com o discurso de Lísias oferecido à Fedro. Neste mesmo diálogo, que fora lida por Fedro para Sócrates. Na verdade Platão utiliza o nome Sócrates apenas para homenagear o seu mestre. Na verdade, as idéias são originadas pelo próprio Platão a partir das aulas de seu mestre, Sócrates.
, é ressaltado o tema do amor como paixão e como sensatez. Após ouvir o discurso, Sócrates critica-o por ter utilizado de forma má a retórica. Ou seja, Lísias havia ferido, em seu discurso. As regras da arte retórica e era carente, no mesmo discurso, das qualidades necessárias que fossem belo e verdadeiro ao mesmo tempo.
Inconformado com tamanha critica, Fedro resolve desafiar Sócrates a fazer um discurso do qual seja melhor do que de Lísias. E foi feito o desejo de Fedro. Neste discurso Sócrates se assemelha um pouco com Lísias, mas apresenta mais brilho. Aqui fora apelado às recordações do passado e mostra os efeitos do amor que é paixão, o amor que, para Sócrates é nocivo. Terminado o discurso, Sócrates se arrepende em ter blasfemado contra um deus, do qual era receptor de um fervoroso culto.
Com a finalidade de se penitenciar, Sócrates presta uma palinódia ao Deus amor, frisando que o amor não pode ser unicamente uma fonte de maldade e de maldições. E sim, deve ser inspirador de ações sublimes. Daí, inspirado pela voz demoníaca, Sócrates mostra as diferentes formas de delírio que conduzem a ação do homem, que são: delírio profético, inspirado por Apolo e que se relaciona com os presságios; o delírio purificador, inspirado por Baco e que se liga aos mistérios da religião; o delírio poético que é uma dádiva das musas e, finalmente, o delírio erótico que é o mais nobre de todos e se acha sob o poder de Eros. Assim, pode-se dizer que é o amo o grande motor das ações humanas. Nesta perspectiva, a filosofia é amante da sabedoria na medida em que ela se preocupa em conhecer a verdade acerca do movimento que abarca a alma. Ou seja, observar seus estados e obras, indagar se a natureza é divina ou humana. Conclui Sócrates que o princípio do movimento é o que move a si mesmo. Em outros termos, o corpo que é movido de dentro é animado. Do contrário, o corpo movido de fora é inanimado.
O mito do carro alado surge no diálogo como uma tentativa de responder a seguinte questão: qual é a natureza da alma? A razão, neste mito, é resumida na luta com a vontade e a concupiscência. O cocheiro representa a razão e os corcéis a vontade e a concupiscência. Todas as almas, sejam dos deuses como as das mortais, tem como objetivo alcançar o lugar que está para além do céu e onde residem as verdades eternas. Por isso que a existência atual da alma nunca perde de todo o seu contato com a existência supra-empírica.
Na última parte do diálogo é dedicado ao exame de presença da retórica tento nos discursos falados e escritos. Sócrates ressalta que a finalidade da retórica consiste em dirigir as almas e levar ao interlocutor a compreensão a ele prestada. Acaso não for assim, a retórica passa a ser uma arte tenebrosa, grosseira e condenável. Aqueles que enganam os homens são indignos de possuir o poder da retórica em ser discurso. Passando, assim, a serem chamados de medíocres.
Ademais, é justamente esta retórica que consiste no que há de mais belo na arte. O saber é, necessariamente, condição para a realização da retórica.
III – APRECIAÇÃO PESSOAL:
Platão representa um grande marco para a história da Filosofia, principalmente no que tange questões pertinentes a antiguidade, bem como a sua influência exercida sobre seus contemporâneos e àqueles que apareceram depois de sua morte. Vale ainda ressalta que até nos tempos atuais a seu sistema filosófico se faz presente em demasiadas reflexões filosóficas.
Não obstante, o diálogo “Fedro” representa uma das mais célebres e mais sugestivas obras de Platão. O relato sobre o amor represente, nesta mesma obra, a sua intensidade dramática. E a maneira como é colocada na obra deixa bem visível que o mesmo termo ganha uma conotação maior do que uma profunda obra filosófica, e sim uma magnífica obra-prima do pensamento humano.
O Fedro prolonga outra obra significativa de Platão, a saber, “Banquete”, dando maior nitidez em algumas questões expostas neste último diálogo. Dando, assim, maior clareza sobre idéias do mais alto interesse no que se relaciona com o problema da cultura filosófica. Tenta-se, ainda, em aceitar que o Fedro é o resumo de idéias já expostas em outras em outros escritos platônicos, porém de uma forma mais clara e bem objetiva.
A relevância da questão do belo representa um marco substancialmente presente no pensamento filosófico de Platão. Este, o belo, consta na capacidade do sujeito em participar da natureza e de contemplá-la. Neste sentido, a beleza representa a forma pela qual a razão humana se encontra com o belo da própria natureza. Para isso, é preciso que o sujeito utilize a própria razão compactuando-se com a natureza. No final desta mesma obra Platão relata a importância da retórica tanto nos discursos falados e escritos. Esta, a retórica, é sumamente importante para que o interlocutor possa compreender bem as idéias expostas em demasiados discursos apresentados em falácias e escrituras de todo tipo. Sendo ela mesma considerada como que a de mais belo na natureza.
Ademais, o pensamento platônico representado no diálogo Fedro significa uma importante contribuição para o estudo filosófico, principalmente para a estética. E, mais do que importante, é necessário até compreender a concepção de arte em Platão para que se possa entender o que seus discípulos aproveitaram de seu pensamento.