A VIDA SEXUAL DAS PROTAGONISTAS DE NOVELA
O assunto tratado aqui o sexo. Mas é o sexo “delas”. O exercício da sexualidade feminista, tão presente nos meios de comunicação, como na novela A favorita, exibida em 2008, pela Rede Globo.
Falar sobre sexo, hoje, é quase “normal”. A mídia e a própria escola oferecem educação sexual aos seus alunos. Porém, este assunto é pouco discutido no âmbito familiar. Mas será que a sexualidade sempre foi permitida nos diálogos e na vida das mulheres? A resposta é não!
Antigamente, sexo era assunto proibido. Em casa, ninguém falava “dessas coisas”. As meninas, então, nem pensar. E quem era louca de tocar no assunto, pois talvez, acabaria em um convento, como aconteceu com Maria Helena (Nathalia Timberg) em “O direito de nascer”, que engravidou antes do casamento. A vergonha e o medo impediam qualquer manifestação de suas duvidas e emoções. Às vezes, nem seu próprio corpo era bem conhecido.
Na História, tivemos a Era Vitoriana, em que a rainha Vitória, da Inglaterra, reinou implacável. Foi uma época bastante conservadora. O sexo era proibido em conversas. As mocinhas casavam virgens e só na véspera do casamento ouviam a mãe falar alguma artimanha sexual. Até mesmo as mulheres casadas estavam proibidas de sentir prazer no ato de amor. A maioria sentia vergonha de contar seus problemas ginecológicos aos médicos.
No passado, a Igreja acusou o sexo de ser um grave pecado, mas no século XIX, ele passou a ser assunto dos médicos. De qualquer forma, eles condenavam a atividade sexual, alegando que provocava doenças e cansaço. A ciência nem sempre é libertadora!
Apesar de o sexo ser tema pouco digno, nas grandes cidades havia muitas prostitutas. Vinham de famílias pobres e eram exploradas por bandidos e policiais corruptos. Homens de todas as classes sociais frequentavam os bordéis. Vê-se que a Era Vitoriana condenava o desejo sexual. Mas só oficialmente. Muitas vezes, os namorados experimentavam as delicias e os carinhos íntimos e não sentiam culpa pó amar de forma total.
Com o andar da carruagem, as mocinhas de hoje progrediram bastante em relação às antigas. Mas por que houve evolução sexual na vida das mocinhas das novelas? Porque a novela mescla vida real com romance, por ser aquela a recriação da realidade. A dramaturgia e o retrato do cotidiano. As novelas, agora, possuem um ar contemporâneo e menos fictício. Tudo que ocorre na sociedade é retratado aqui. A evolução da sociedade é acompanhada passo a passo. Não pode ficar estagnada, pois há mudança de costumes, de valores. E se a novela mostra determinada personagem é porque ela já existe nas ruas. É o reflexo social.
Então, as heroínas não são mais “santas”, como Maria Helena ou Simone (Regina Duarte – Selva de Pedra), que tiveram apenas um parceiro. A mutação inicia com a bailarina Carina (Elizabeth Savala – Pai Herói) que revelou ao marido ter uma filha com outro (que foi um escândalo), mas que concedeu o direito de terem mais de um parceiro. Temos também Solange (Lídia Brondi – Vale Tudo) que dormiu com dois homens e engravidou por inseminação artificial. Helena (Vera Fischer – Laços de Família) envolveu-se com três homens. Já Camila (Carolina Dieckmann), sua filha, foi fiel ao seu único amor Edu (Reinaldo Gianickine).
Finalmente chegamos à Lara (Mariana Ximenes – A Favorita), uma jovem liberal. Entrou em cena namorando o operário Cassiano (Thiago Rodrigues) com o qual teve passou uma noite de prazer em um hotel. Depois o traço pelo golpista Halley (Cauã Reymond), onde vive cenas picantes no chuveiro de um vestuário.
Este comportamento não é absurdo, visto que a “coisa” de ficar é normal nos tempos presentes. O publico já não engole a mocinha boba. Ele quer ver uma mulher decidida, seja no trabalho, no lar ou na intimidade.
Mesmo assim, tipos puros como Giuliana (Ana Paula Arósio – Terra Nostra) são mais populares longe dos grandes centros urbanos, pois os telespectadores são mais resistentes à sexualidade e ainda se encantam com a ingenuidade das mocinhas inocentes.